UMA CORTE DE SONHOS E TEORIAS

UM ESPINHO ENTRE AS ROSAS: ELAIN VILÃ - PART 1

* INTRODUÇÃO *

Coisinha Cruel e Linda, de antemão eu gostaria de te agradecer por me emprestar o seu tempo ao ler esse pequeno texto. E espero que ao final dele, sua visão acerca de Elain mude, como a minha mudou.

Na primeira vez em que li Acotar, meu descontentamento pelo comportamento da família de Feyre já se mostrou presente. Porém, por mais que toda a família dela fosse digna de ódio, minha raiva acabou se concentrando em uma única pessoa: Nestha. E o que eu não sabia, era que essa atenção concentrada em Nestha estaria me cegando para algo que estava bem diante de meus olhos e eu não conseguia ver: O comportamento enigmático de Elain.

No inicio de Corte de Espinhos e Rosas  vemos que, a  falta de comida e a aproximação do inverno fizeram com que Feyre se arriscasse mais afundo na floresta afim de encontrar sustento para sua família. Após a famosa caçada e a morte do lobo feérico, ela retorna pra casa suja, mal alimentada, machucada e cansada devido a longa caminhada  carregando tanto a pele de lobo como aquele cervo. Mas antes mesmo de entrar em casa encontra Elain que a questiona:

- Você ainda vai demorar muito para preparar?

Feyre menciona que não entendia se Elain de fato era mimada, ou se não sabia que poderia vir ser útil um dia. Entretanto, entendo que Elain não só sabia que poderia ser útil como também manipulou a todos para que fizessem exatamente o que ela queria. Sempre questionei o porquê do amor incondicional e cuidado excessivo de Nestha em relação a Elain, quando para Feyre só sobravam o ódio e o desprezo. E o porquê de Elain presenciar todo aquele desprezo e não fazer nada para mudar isso, nada para incluir Feyre nos momentos fraternais ou para ajuda-la. Ela era a favorita de Nestha, do pai e da própria Feyre. E sempre conseguiu que todos fizessem exatamente o que ela queria. Isso já faz dela uma pessoa extremamente egoísta e manipuladora.  Mas creio que as informações a seguir revelarão coisas muito mais profundas do que seu comportamento aproveitador.

* A ROSA QUE TINHA MAIS ESPINHOS DO QUE PÉTALAS *

Assim que Feyre retorna de Prythian, descobre que Nestha não foi afetada pelo encantamento de Tam e que a mesma contratou uma mercenária para ir atrás dela. Entendo a força de Nestha e sua determinação, mas por que só ela não se esqueceu? No primeiro livro, Feyre menciona que um homem misterioso foi até sua casa alegando ser descendente de feéricos e entalhou símbolos de proteção contra encantamentos  (Wyrd?)  nos umbrais das portas. Em Trono de Vidro, Nehemia diz a Celaena que aqueles que possuíssem magia no sangue, mesmo que dormente, seriam capazes de ativar as marcas e usa-las em seu favor. A própria Amren as usa para abrir portas na corte Estival. 

E se quando Tam tentou encantar a família, não só Nestha, mas o pai e Elain também foram protegidos pelos símbolos entalhados na porta.  Enquanto Feyre é arrastada para fora de casa seu pai a orienta a nunca mais voltar pra casa. Se os humanos tinham tanto medo dos feéricos, porque o pai dela estava tão certo de que sua filha viveria bem o suficiente para decidir se queria voltar pra casa ou não? Que não estava em perigo, mas sim a salvo acima da muralha. Creio que Todos eles foram protegidos contra os encantamentos. Só Nestha foi corajosa o suficiente para dizer a verdade,  o pai queria que sua filha fosse finalmente livre e por isso se calou e Elain mentiu por conveniência.  

Tempos depois quando a Feyre já havia se tornado feérica e parte do circulo intimo, precisou da ajuda de suas irmãs como mediadoras entre eles e as Rainhas Humanas. Logo após a uma das visitas frequentes ao novo palacete delas, a magia de Rhysand foi rastreada e ele quase foi abatido nos céus. Na reunião final quando somente duas Rainhas foram até eles com a promessa de entrega do livro, uma nega e a outra secretamente o entrega o que eles tanto queriam. Uma sobrevive e a outra não. Como Hybern sabia exatamente qual era a Rainha traidora? . Jurian menciona que as próprias rainhas descobriram quem havia dado o livro,  não usaram um Daemati. Se não puderam ler suas mentes, então alguém disse a elas.  Alguém que estava presente na reunião e pudesse confirmar a história de uma e desmentir a história da outra. Alguém que certa vez disse a Feyre que gostava de visitar o antigo chalé para pensar, alguém do qual ninguém ousaria suspeitar: Elain. O que ela tanto fazia  naquele chalé? Por que as marcas das garras de Tam faziam com que Nestha se lembrasse e não afetavam a ela?

Ao final da última reunião quando já estavam em posse do livro, nossa amada corte dos sonhos ofereceu um lugar seguro a elas em Velaris. Nestha deixou a decisão para Elain, que mesmo vendo o estado depressivo de sua irmã decidiu ficar. Não quis estar naquele lugar que seria seguro não só pra ela como também para sua irmã. Horas depois Velaris foi atacada e o corpo da Rainha traidora foi jogado em suas ruas. Elain sabia que aquele lugar não seria mais seguro? Que algo estava prestes a acontecer? 

Em Hybern quando o rei havia atraído o circulo intimo para uma armadilha, em dado momento ele começa a torturar e ferir Azriel e Cass. Mas quando Elain grita para que ele pare, ele simplesmente para  e a obedece. Por que ele a obedeceu? Estaria o Rei indo além de um acordo no qual não conhecemos? Feyre certa vez diz que Elain tem uma beleza, um poder que colocaria grandes reis de joelho. Talvez ela o tivesse feito.

No momento em que o rei ordena que as irmãs fossem jogadas no caldeirão como prova de sua eficacia para as rainhas humanas, Feyre menciona que Nestha luta e resiste  por todo caminho enquanto Elain cedia a cada passo até o caldeirão. Nos é informado que era preciso  força de vontade e desejo de viver para sair com vida do caldeirão. Nestha aparentava isso, Elain era exatamente o oposto. Estaria ela escondendo algo dentro de si? Uma determinação para se tornar feérica que não  nos foi mostrada? O que a fez sair com vida dali?

 Ao final da transformação descobrimos que Nestha arrancou poder do caldeirão e Elain foi presenteada. Se o caldeirão era escuridão,  não era vida, nem luz e nem esperança como Feyre diz, porque ele presenteou Elain? Se semelhante atrai semelhante, seria ela como ele? Por que o caldeirão achou Elain tão encantadora? O que tinha dentro de si que não conhecemos? 

Já na Corte Noturna quando Feyre visita a prisão, o entalhador diz que o vento sussurrou muitas coisas a ele, coisas que haviam acontecido em Hybern. Na maior parte do tempo ele fala sobre Nestha e sobre o que ela despertou naquele dia. Mas creio que em dado momento ele também se refere a Elain quando diz: "O que entrou não foi a mesma coisa que saiu". A própria Elain diz que tem algo diferente com ela, e em um de seus momentos de confusão ela diz: Ninguém nunca me viu, pelo menos NÃO DE VERDADE, ele me viu, mas não me verá mais". Automaticamente pensamos em seu noivo, mas e se não for ele? Se for um outro alguém de quem não fazemos ideia. Se algo dentro do caldeirão a possuiu e interrompeu seus planos com esse "ele"? 

Feyre diz que ela nem parecia sua irmã, era só uma casca. Definição muitas vezes usadas por aqueles possuídos por demônios Valgs. Assim como Kaltain, Elain estava pálida demais e com um olhar distante. Quando uma curandeira é chamada para verificar seu estado, ela não consegue checar a mente de Elain pois existe um escudo ali. Então ela sugere que chamem o parceiro dela, Lucien, para que ele verifique através do laço se Elain está bem ou não. E  Lucien o faz, mas quando percorreu aquele caminho através do laço e chegou até a ponta em que Elain estaria, ela  FUGIU dele. Ele não pôde saber se estava tudo bem ou não com ela. E desde daquele dia ela o evita com todo vigor, como se ele pudesse a pegar desprevenida e através daquele laço descobrir algo oculto dentro dela. 

Para finalizar essa primeira parte, se Nestha precisou aprender com Amren a erguer seus escudos mentais, como Elain já os tinha? Quem a ensinou? Quem ou o que os colocou ali?  Com certeza alguém preocupado em esconder uma verdade poderosa do Daemati mais poderoso que já existiu e que também era o Grão Senhor daquela corte.