O Fantasma

9 0 0
                                    


O garoto já sabia que não estava mais na realidade, ele sabia que tinha entrado em sua cabeça e que dali em diante tudo seria as distorções dos seus pesadelos mais sombrios. No quarto ele ouvia um choro, miúdo, abafado. Ele olhou para o lado e havia uma criança encolhida, com roupas antigas e pele muito branca – Ei criança, está tudo bem, o que te deixa triste? O garoto perguntou em tom acolhedor. A criança ergueu a cabeça. O estanho que ela não tinha olhos, no lugar deles havia uma escuridão profunda, que escorria uma espécie de líquido grosso e tão escuro como aquilo que deveria ser seus olhos. Dando solucinhos a criança dos olhos escuros falou – Eles não querem brincar comigo, ninguém me quer por perto, eu só queria dividir o meu balão com eles, ele é tão lindo, eu sei que eles vão gostar. A criança segurava um balão vermelho que parecia reluzir na escuridão do quarto – Ninguém o quer, eu só quero ter amigos. O menino se aproximou do garotinho, sentou-se ao lado dele, bem próximo – Você parece ser um rapazinho muito amoroso sabia. A criança olhou com seus buracos fundos e mesmo sem expressão ele parecia um pouco mais aconchegado com a presença do garoto – Eu serei seu amigo, para sempre, eu te prometo, somos meninos tristes nós ficaremos bem juntos. A criancinha parecia voltar a cor, a pele ficou mais saudável, os olhos apareceram, lindos olhos azulados, o menininho lembrava muito o garoto quando mais novo e a criança deu um sorriso, um sorriso tão gostoso que aquecia o coração do menino – Obrigado por me aceitar em ti moço, nós seremos feliz, talvez não hoje mas algum dia, pelo menos temos um ao outro.

O mal que em mim habitaOnde histórias criam vida. Descubra agora