Terminando o meu dever, liguei uma música no meu celular. Coloquei os fones de ouvido e me levantei cantando a letra de Sandy e Júnior - Olha o que o amor me faz.
— " Primeira vez que o amor bateu de frente comigo, antes era só um amigo, agora mudou tudo de vez...
Será que você sente, tudo que sinto por você, será que é amor... tá tão difícil de esconder...
Olha o que amor te faz..."
Minha concentração foi por água abaixo quando meu irmão aumentou o volume mais uma vez. Revirei os olhos e saí bufando até a janela do quarto, pelo menos eu poderia observar a vista sem ser incomodada. Fabiano era mais velho do que eu, ele tinha vinte anos e trabalhava de madrugada no terceiro turno da empresa, era pra ele estar dormindo e não se aventurando pela casa.
Moro em Belo Horizonte desde que nasci, sou apaixonada pelo meu bairro e pelo meu vizinho de frente, que infelizmente era o Cristian. Aqui sempre foi muito tranquilo, a vizinhança era unida, as casas bem arrumadas e quase todas as crianças cresciam juntas, como foi o meu caso.
Observei Cristian lavando o carro na varanda de sua casa, ele estava sem camisa, com aquele corpo maravilhoso a mostra mais uma vez, usando uma bermuda com a estampa do seu time preferido, Atlético Mineiro, que por coincidência também era o meu.
Minha mãe grita pelo meu nome no andar de baixo, pedindo pra mim comprar pão e eu desço irritada, às vezes tinha impressão que só eu morava naquela casa.
— Oh mãe, por que você não pede o Fabiano pra ir??! Tudo tem que ser eu! — esbravejei indignada.
— Porque eu mandei você ir!! — ela respondeu me olhando por cima dos seus óculos, e colocou as moedas na minha mão. — Não perde não, porque se não vamos ficar sem!
Fechei o portão atrás de mim e aproveitei para dar uma olhadinha disfarçada no Cristian, que agora estava dentro do carro abrindo o portão automático. Suspirei apaixonada e balancei a cabeça ignorando aquilo, ele ainda estava com a Sabrina e eu joguei uma bolsinha de lápis na cara dele, não tinha como perdoar isso.
Ao chegar na padaria notei que estava bem cheia pelo horário, peguei tudo que precisava e fui para a fila do caixa. Comecei a contar as moedas nas minhas mãos antes pra não me atrapalhar, mas alguém esbarrou em mim fazendo minhas moedas caírem no chão.
— Ah não!! — falei abaixando para pegá- las. Levantei o olhar e vi que eram os Diegos e o Diogo da minha turma.
—Rafa me desculpa!! — Diego Teixeira falou se atrapalhando para me ajudar a pegar as pratinhas do chão. Nessas alturas a fila estava andando e a gente empacando no meio do caminho, enquanto tentávamos pegar uma por uma.
— Diego! Você tinha que esbarrar em mim? — eu estava morrendo de vergonha.
— Uai menina!! A culpa não foi minha não — ele levantou do chão e eu fiz o mesmo. Olhei para os três à minha frente que também estavam sem camisa.
O que deu nesses meninos que não usam mais camisa???
Bom, mas a minha visão agradece, afinal eles são incrivelmente gatos. O Teixeira tinha um estilo de filhinho de papai, cabelos castanhos lisos caindo sobre o rosto, brincalhão com todo mundo e lembrava muito o Joy de Friends. Já o Henrique era lerdo, não vivia sem um boné, cantava todas as garotas e segundo minhas amigas, ele beijava super bem. Agora o Diogo, era um moreno sarado, pegador, sem papas na línguas, passava horas na academia e usava um perfume que me deixava até com calor.
Ao me abanar, ouvimos reclamações na fila e percebi que as pessoas estavam nos olhando de cara fechada. Joguei minhas moedas em cima do balcão, onde a funcionária do caixa nos olhava de forma esnobe conferindo o pagamento e peguei minha sacola de pão.
— Nossa, pensei que o sr.barriga atrás de mim fosse me jogar pra fora da padaria! — Teixeira resmungou e saímos do estabelecimento.
Viramos a esquina onde eu voltaria para o caminho de casa, mas antes de nos afastarmos Diogo me fez uma pergunta.
— Então você é afim do Cris?— abriu aquele sorriso de pagodeiro safado e minhas bochechas coraram.
— O que? Não! — tentei disfarçar.
— Olha que eu shippo ein! — brincou e eu virei o rosto disposta a fugir daquela conversa. — Falando sério, conhecendo o Cris como conheço, se você investir acho que pode rolar alguma coisa!
— Fica a dica! — Diego Henrique piscou e eu fiquei parada feito um poste vendo eles desaparecerem.
Não sei de onde eles tiraram isso, era impossível rolar alguma coisa entre mim e o Cristian, ainda mais com Sabrina no caminho. Não tinha como competir com ela, uma garota loira, com olhos claros, corpo malhado e ousada, enquanto eu era um minion desajeitada.
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Ano Descolado #wattys 2021🥇
Teen FictionRafaela tem um amor encubado há anos pelo seu vizinho, Cristian, ela sonha em beija-ló em uma das festas que os seus amigos de turma planejam e esse dia parece que finalmente chegou, durante uma das festas ela acredita estar conquistando o seu crush...