No carro, ele liga o som e me pergunta o que eu gostaria de ouvir. Como sou bastante eclética, não citei alguma música.
- Por mim, tanto faz. - dei de ombros e virei o rosto em sua direção.
- Toque nesse ícone até que encontre uma música que queira ouvir. - ele meio que exigiu, apontando para o touch do som .
Conforme eu tocava o touch, músicas de vários gêneros tocavam. "Rolling in the deep" da Adele, "We found a love" da Rihanna, "Happy" do Pharrel Williams, "Goodbye Blue Sky" do Pink Floyd, "Smells like teen spirit" do Nirvana... Todas são boas que ficam difícil escolher. Então resolvo deixar na próxima. "Paradise" do Coldplay.
- Gosto dessa música... Aonde desejas ir, Srta? Quero que escolha. - disse sem desviar a atenção do trânsito.
- Podemos ir à uma boate. - é, confesso que foi uma ideia meio que absurda para a ocasião.
- Ir à uma boate às 6 da tarde não é uma boa opção... Podemos ir em outra oportunidade. - outra oportunidade? - Isso é, se quiser. - ele diz educadamente e logo surge um sorriso cafajeste.
- Tem razão! Então escolhe você. - agora tenho certeza de que ele quer sair comigo novamente.
- Ok! - ele disse e começou a pensar.
- Onde vamos, Lucas? - pergunto ao perceber que estamos saindo da cidade.
- Relaxa... Vamos chegar lá. - ele fez clima de mistério. Minutos depois, paramos em lugar afastado da cidade e bem relaxante.
- Uau! Que lugar maravilhoso! - fiquei maravilhada ao olhar ao redor.
- Aqui é o ponto mais alto da cidade. Podemos vê-la por inteira. - eu nunca tinha vindo aqui, na verdade nem sabia da existência, mesmo morando nessa cidade. É uma espécie de morro todo arborizado e cheio de flores. Uma pedra de destaca bem no auge do morro, cuja estrutura permite sentar e observar a cidade.
- Estou encantada com a vista! - ainda estava maravilhada.
- Sempre venho aqui para relaxar, pois aqui tenho paz e fico longe de tudo. - ele vira a cabeça para cima e fecha os olhos por alguns instantes e fica pensativo. Por um momento, pensei que ele tivesse pensando em inúmeros problemas, mas nem tanto assim... ele é rico. Pode-se resolver quase tudo quando se tem dinheiro. Ou melhor, quase tudo. De repente, ele se vira para mim e me encara.
- Me conte sobre você, Lu. - mas o que ele quer saber de mim?
- O que quer saber? - o encaro.
- O que pretende cursar, o que gosta de fazer nas horas vagas, se está namorando... - Pega na minha mão e sentamos na pedra. O sol está terminando de se pôr.
- Não tenho nada interessante para lhe contar. Pretendo cursar publicidade, gosto de dançar e jogar no X-box nas horas vagas e estou solteira. Gosto de viajar, ir ao shopping, sair com os amigos... - olho para o lado - Agora me fale de você.
- Como já disse, curso medicina por vontade do meu pai - minha suspeita foi confirmada - mas quero ser arquiteto. Nas horas vagas, gosto de tocar violão, de nadar, pedalar, brincar com meu cachorro e... - ele pausa, me fazendo o encarar - Tenho uma namorada. - para de me olhar e observa a cidade.
O quê? Ele tem uma namorada? Safado! Minha vontade era esganá-lo. Bonito como ele é, bonito não, lindo, maravilhoso, deve ter várias mulheres aos seus pés. E qual o problema se ele tiver namorada? A vida é dele, mas, se eu soubesse, não teria vindo.
- Você tem uma namorada e sai comigo? Se alguém nos viu e conta para ela, eu quem levo a culpa. Por que fez isso? Não deveria ter me trazido aqui... - começo a falar igual uma besta, zangada pela notícia.
- Se acalma, Lu! - levanta as mãos - Primeiro: minha namorada está em outro país, segundo: eu não a amo como antes, aliás nunca a amei, terceiro: ninguém nos viu. Não tem com o que se preocupar. Te convidei porque gostei de você e quero ser seu amigo. Mas se não quiser, eu entenderei.
Tive vontade de esganá-lo ao mesmo tempo que queria consolá-lo. Acho que ele tem poucos amigos, por querer me tanto me conhecer. Ou...
- Você tem poucos amigos? - cada pergunta que sai da minha boca!
- Sim... amigos de verdade só tenho dois de infância. Além da minha irmã, que é minha melhor amiga. Muitas pessoas se aproximam de mim pelo fato de minha família ter dinheiro. - não pensei errado...
- Sinto muito. - olho para ele com cara de cão sem dono.
- Quando a vi, percebi uma energia boa em você. Foi como se a conhecesse há muito tempo. - ele sorri levemente. Não queria admitir, mas também senti como se o conhecesse há muito tempo. - Luna, não quero lhe fazer mal, quero apenas alguém para conversar. Vamos voltar. O sol já se pôs e temos que estudar. - se levanta e pega a minha mão para me ajudar a levantar também.
- A propósito, o que disse o seu pai sobre você ser arquiteto? - minha curiosidade veio à tona.
- Ele não sabe. Só vou dizer a ele quando eu passar e começar a estudar. A opinião dele não me importa mais, ele sempre quer que eu faça as vontades dele, agora quero fazer o que EU tiver vontade! Se ele quiser me expulsar de casa, também não me importo! Ainda bem que vamos estudar juntos, assim terei a desculpa de que estou me divertindo com você. - se divertindo comigo? É isso?
- Seu pai vai me matar se você disser isso! Com certeza ele não quer seu filho com uma funcionária, ainda mais que está namorando.
- Meu pai não liga para essas coisas. Ele se importa mais com o dinheiro da família e minha... namorada, ah deixa pra lá. Agora vamos, temos que estudar, Lu!
- Vamos! - voltamos para o carro.
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Os Amantes
RomanceLuna sente atração por Lucas (filho de seu patrão) e, ao mesmo tempo, por Flávio (gerente da concessionária onde trabalha). Por um bom tempo, Luna leva adiante um triângulo amoroso. Mas, nem tudo acaba em flores.