QUATRO

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No carro, ele liga o som e me pergunta o que eu gostaria de ouvir. Como sou bastante eclética, não citei alguma música.

- Por mim, tanto faz. - dei de ombros e virei o rosto em sua direção.

- Toque nesse ícone até que encontre uma música que queira ouvir. - ele meio que exigiu, apontando para o touch do som .

Conforme eu tocava o touch, músicas de vários gêneros tocavam. "Rolling in the deep" da Adele, "We found a love" da Rihanna, "Happy" do Pharrel Williams, "Goodbye Blue Sky" do Pink Floyd, "Smells like teen spirit" do Nirvana... Todas são boas que ficam difícil escolher. Então resolvo deixar na próxima. "Paradise" do Coldplay.

- Gosto dessa música... Aonde desejas ir, Srta? Quero que escolha. - disse sem desviar a atenção do trânsito.

- Podemos ir à uma boate. - é, confesso que foi uma ideia meio que absurda para a ocasião.

- Ir à uma boate às 6 da tarde não é uma boa opção... Podemos ir em outra oportunidade. - outra oportunidade? - Isso é, se quiser. - ele diz educadamente e logo surge um sorriso cafajeste.

- Tem razão! Então escolhe você. -  agora tenho certeza de que ele quer sair comigo novamente.

- Ok! - ele disse e começou a pensar.

- Onde vamos, Lucas? - pergunto ao perceber que estamos saindo da cidade.

- Relaxa... Vamos chegar lá. - ele fez clima de mistério. Minutos depois, paramos em lugar afastado da cidade e bem relaxante.

- Uau! Que lugar maravilhoso! - fiquei maravilhada ao olhar ao redor.

- Aqui é o ponto mais alto da cidade. Podemos vê-la por inteira. - eu nunca tinha vindo aqui, na verdade nem sabia da existência, mesmo morando nessa cidade. É uma espécie de morro todo arborizado e cheio de flores. Uma pedra de destaca bem no auge do morro, cuja estrutura permite sentar e observar a cidade.

- Estou encantada com a vista! - ainda estava maravilhada.

- Sempre venho aqui para relaxar, pois aqui tenho paz e fico longe de tudo. - ele vira a cabeça para cima e fecha os olhos por alguns instantes e fica pensativo. Por um momento, pensei que ele tivesse pensando em inúmeros problemas, mas nem tanto assim... ele é rico. Pode-se resolver quase tudo quando se tem dinheiro. Ou melhor, quase tudo. De repente, ele se vira para mim e me encara.

- Me conte sobre você, Lu. - mas o que ele quer saber de mim?

- O que quer saber? - o encaro.

- O que pretende cursar, o que gosta de fazer nas horas vagas, se está namorando... - Pega na minha mão e sentamos na pedra. O sol está terminando de se pôr.

- Não tenho nada interessante para lhe contar. Pretendo cursar publicidade, gosto de dançar e jogar no X-box nas horas vagas e estou solteira. Gosto de viajar, ir ao shopping, sair com os amigos...  - olho para o lado - Agora me fale de você.

- Como já disse, curso medicina por vontade do meu pai - minha suspeita foi confirmada - mas quero ser arquiteto. Nas horas vagas, gosto de tocar violão, de nadar, pedalar, brincar com meu cachorro e... - ele pausa, me fazendo o encarar - Tenho uma namorada. - para de me olhar e observa a cidade.

O quê? Ele tem uma namorada? Safado! Minha vontade era esganá-lo. Bonito como ele é, bonito não, lindo, maravilhoso, deve ter várias mulheres aos seus pés. E qual o problema se ele tiver namorada? A vida é dele, mas, se eu soubesse, não teria vindo.

- Você tem uma namorada e sai comigo? Se alguém nos viu e conta para ela, eu quem levo a culpa. Por que fez isso? Não deveria ter me trazido aqui... - começo a falar igual uma besta, zangada pela notícia.

- Se acalma, Lu! - levanta as mãos - Primeiro: minha namorada está em outro país, segundo: eu não a amo como antes, aliás nunca a amei, terceiro: ninguém nos viu. Não tem com o que se preocupar. Te convidei porque gostei de você e quero ser seu amigo. Mas se não quiser, eu entenderei.

Tive vontade de esganá-lo ao mesmo tempo que queria consolá-lo. Acho que ele tem poucos amigos, por querer me tanto me conhecer. Ou...

- Você tem poucos amigos? - cada pergunta que sai da minha boca!

- Sim... amigos de verdade só tenho dois de infância. Além da minha irmã, que é minha melhor amiga. Muitas pessoas se aproximam de mim pelo fato de minha família ter dinheiro. - não pensei errado...

- Sinto muito. - olho para ele com cara de cão sem dono.

- Quando a vi, percebi uma energia boa em você. Foi como se a conhecesse há muito tempo. - ele sorri levemente. Não queria admitir, mas também senti como se o conhecesse há muito tempo. - Luna, não quero lhe fazer mal, quero apenas alguém para conversar. Vamos voltar. O sol já se pôs e temos que estudar. - se levanta e pega a minha mão para me ajudar a levantar também.

- A propósito, o que disse o seu pai sobre você ser arquiteto? - minha curiosidade veio à tona.

- Ele não sabe. Só vou dizer a ele quando eu passar e começar a estudar. A opinião dele não me importa mais, ele sempre quer que eu faça as vontades dele, agora quero fazer o que EU tiver vontade! Se ele quiser me expulsar de casa, também não me importo! Ainda bem que vamos estudar juntos, assim terei a desculpa de que estou me divertindo com você. - se divertindo comigo? É isso?

- Seu pai vai me matar se você disser isso! Com certeza ele não quer seu filho com uma funcionária, ainda mais que está namorando.

- Meu pai não liga para essas coisas. Ele se importa mais com o dinheiro da família e minha... namorada, ah deixa pra lá. Agora vamos, temos que estudar, Lu!

- Vamos! - voltamos para o carro.



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