CINCO

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- Onde vamos estudar? - pergunta.

- Pode ser na minha casa. - soltei sem querer, mas depois pensei que seria melhor, pois lá ele não tentaria nada demais.

- Então me guie até lá. Aproveite para escolher uma música. - por que eu de novo? Tive que fazer o que ele pediu...

- Ok! Vá até a avenida principal. Lá lhe mostro o resto da estrada. 

Lá vou eu mais uma vez escolher uma música. Como viemos ouvindo músicas internacionais, opto por ouvir alguma música nacional. "Sozinho" do Peninha, "Tendo a lua" do Paralamas, "Cai a noite" do Capital Inicial, deixo em "Lanterna dos afogados" na voz da Maria Gadú.

- Você tem bom gosto musical! - acho que ele diz isso só pra caçar conversa. Sorrio e, assim que chegamos na avenida principal da cidade, explico o caminho de casa. 

- Pronto, chegamos! - desço do carro e logo abro o portão de entrada, enquanto ele estaciona o carro na frente da casa. - Entre e fique à vontade!

- Obrigado! - respondeu educadamente e sorrio.

- Oi, pai! Oi, mãe! - os encontro na sala. Mamãe me olha como se dissessem "quem é ele?" - Esse é o Lucas, filho do Sr. Robert, meu patrão. Ele veio estudar comigo, pois também vai prestar o vestibular!

- Oi, Lucas! Sinta-se em casa! - diz minha mãe. Ainda bem que mamãe não fez escândalo por eu estar levando um rapaz para casa.

- Obrigada, senhora... - ele parou para que mamãe dissesse seu nome.

- Apenas Márcia, por favor! - ela respondeu sorridente.

- Ah... obrigada, Márcia! - Lucas a cumprimentou abaixando a cabeça rapidamente.

- O Lucas eu já conheço, filha! O conheci quando voltou do exterior. Que bom que se conheceram! Ele é um bom rapaz. - papai sorriu ao dizer que o conheceu, fazendo o Lucas corar.

- Pai, mãe, com licença, irei estudar agora. - resolvo sair dali logo para evitar situações constrangedoras. Subimos até à sala reservada para estudos e leituras e começamos a estudar sobre Estatística porque é uma matéria que está presente em praticamente todos os cursos. Ligo o notebook e abro um livro sobre o assunto, procurando algo para resolver. Encontro dez questões e resolvo começar por elas.

- Vamos resolver esses exercícios que encontrei. Temos que achar o desvio padrão dessas questões. - proponho.

- Ok, professora! - Lucas aceita de um jeito brincalhão e... digamos, sedutor e cafajeste. Digo cafajeste porque é um sorriso de um lado da boca, na qual me dizem que é um sorriso que os homens usam para conquistar as mulheres.

- O desvio padrão que encontrei foi esse aqui. - depois de um tempo ele me mostra o resolução que fez com destreza, enquanto eu ainda estava na metade. 

- Espera um pouco, deixa eu terminar o meu para compararmos os resultados. - percbeo que ele ficou me olhando enquanto eu terminava, mas fingi não ver.

Às nove e meia, paramos de estudar e o convidei para jantarmos aqui em casa. O Lucas ficou receoso, mas depois cedeu.

- Será um prazer!

Descemos até a sala. Papai e mamãe ainda estavam por lá.

- Mãe, convidei o Lucas para jantar comigo. Suponho que já tenham jantado.

- Já jantamos sim! Não os chamei porque estavam estudando, não queria incomodar. Podem ir até a cozinha!

O conduzi até a sala e começamos a comer. Conversamos muito enquanto jantávamos, sobre vários assuntos. Achei o momento perfeito para saber mais sobre a sua namorada. Não sei porquê, mas quero saber sobre ela.

- Luna, a Carla volta amanhã. - ele me disse antes mesmo de eu perguntar algo. Será que ele lê pensamentos? Fiz cara de espanto.

- Quem é Carla? - pergunto curiosa. Será que esse é o nome dela?

- Carla é a minha namorada. - suspeitei desde o princípio.

Depois que a namorada dele chegar, vou fazer o possível para não o encontrar e também para evitar problemas. Mesmo ele querendo ser apenas meu amigo (sei..), é melhor evitar qualquer problema, sendo que a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco.

- Que bom! - digo meio sem graça, foi o que consegui dizer.

- Pois para mim não. Pretendo terminar o namoro. Ela é uma boa pessoa, mas não sinto nada por ela. - a pessoa devia estar feliz porque a namorada está chegando, mas não. Por que namorar com uma pessoa que não ama? Não entendo, sinceramente. Percebo que ele muda de assunto para evitar falar sobre ela. - Luna, o jantar estava maravilhoso, agora tenho que ir. Me acompanhe até a porta?

- Claro! - por que não?

Meu pai e minha mãe não estão na sala, já devem estar dormindo. Vou na frente enquanto ele me acompanha. Ao passar pelo portão de entrada, o Lucas me puxa com aqueles braços fortes e me prende na parede, prendendo meus braços e colando sua boca na minha. Depois ele enfia os dedos nos meus cabelos, puxa levemente, expondo meu pescoço e me dá um beijo na nuca. Meu coração acelerou tanto que pensei que fosse estourar. Senti uma sensação maravilhosa percorrer meu corpo.  O afasto de mim ao me lembrar de sua namorada.

- Luna... eu tinha que fazer isso para dormir feliz. - ele diz como se aquilo fosse um pedido de desculpas.

- Você não devia ter feito isso, Lucas! Você está namorando! - abaixo a cabeça para evitar seu olhar.

- Me desculpe! Te entendo. Mas você pode fingir que isso não aconteceu, mas eu não esquecerei tão cedo... Agora tenho que ir. Até breve, Lu!

- Até, Lucas! - digo chateada e querendo mais ao mesmo tempo. Ele entra no carro e parte.

Ao me deitar, pensei muito no beijo do Lucas. Que beijo maravilhoso! "Luna! Você não podia ter deixado! Ele é comprometido! Amanhã, quando ela chegar, ele vai fingir que nem a conhece! " Minha consciência começa a me falar. "Luna! Aproveite! Se o Lucas te beijou é porque ele sente algo por você! Até te convidou para sair! Se joga, minha filha! Um pedaço de mau caminho dando mole assim e você fica indecisa? Como é boba!" Minha outra consciência grita. Ponho o travesseiro na cabeça, como se eu conseguisse me esconder.

- Vocês não me ajudaram em nada! Fizeram eu ficar mais confusa ainda! - digo alto, como se tivesse muitas pessoas na minha frente. Embrulho a cabeça com o cobertor e, depois de remexer muito pra lá e pra cá, durmo.


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