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Cassidy.

Estava tentando controlar minha respiração enquanto corria pelas ruas de Nova Iorque, a chuva já havia me ensopado, e as gotas se misturavam com as lágrimas. Assim que cheguei ao hospital ainda tive que pegar um crachá para ir até o quarto dele, tinha muita gente no hospital pedindo atendimento, estava tudo uma bagunça, todo mundo se perguntando o que aconteceu, porque não nos lembramos do que aconteceu?

Abri a porta do quarto e escutei o choro fino do garoto a minha frente, tiro minha jaqueta molhada rapidamente e vou até a maca, me sento ao seu lado e abraço seu corpo frágil e machucado.

— Calma, já acabou... eu estou aqui.– ele não tirava as mãos do rosto, seu soluço poderia ser escutado nos corredores

— Eu não pude fazer nada Caissy...– ele diz com esforço — Ele se foi e eu não pude fazer nada...

— Não foi culpa sua meu amor, não foi...– sinto algumas lágrimas molharem meu rosto, eu nunca tinha visto Peter dessa maneira, nem quando a tartaruga dele morreu na sexta série. — Olhe para mim...– peço e levanto seu rosto com as minhas mãos, seus olhos estavam sem brilho e vermelhos, o narizinho inchado. — Eu estou aqui, sempre vou estar por você! Stark fez o que fez para salvar você e todos nós. – só de escutar o nome dele vejo suas lágrimas se intensificar. Mas ele assente e tenta parar de chorar — Me deixa cuidar de você amor, você não tá sozinho.– ele me abraça pela cintura e eu retribuo, passo a mão nos cabelos dele e solto alguns beijos para ele se sentir melhor.

Realmente a morte do Stark mexeu com ele, era a principal imagem que ele tinha como um grande homem, toda a nação sentiu a morte do Tony Stark, mas não como o Peter. Ele acabou dormindo minutos depois por causa do medicamento, Peter estava muito machucado quando o mandaram para o hospital, por causa de toda a luta enfrentando o exército de Thanos. Fico o admirando enquanto ele dorme e me assusto ao ver a May entrar no quarto com dois copos de café nas mãos.

— Sabia que não iria demorar.– ela me entrega um dos copos e vejo seus olhos também vermelhos, ela tinha chorado com ele.

— Eu apareci no meu apartamento caída no chão, tinha outra família lá e eles disseram que se passaram cinco anos, eu não entendi nada...– bebo um gole do café e ela assente

— E a sua mãe?– abaixo a cabeça e suspiro cansada

— Eu não faço ideia de onde ela esteja, a família que me achou disse que compraram o apartamento a dois anos.– digo sentindo a tristeza

— Logo ela vem te procurar.– May tenta me tranquilizar, continuo acariciando o cabelo dele — Tenho medo de como ele vai ficar agora.

— Ele é forte May, e tem a nós duas.– seguro a mão dele e ele aperta meus dedos. — Eu não vou deixar ele passar por isso sozinho.

— Temos sorte em ter você.– ela coloca a mão no meu ombro e eu sorrio fraco, eu que me sentia sortuda por ter os dois.

Quando Peter recebeu alta eu tive que pegar algumas coisas minhas que estavam no meu antigo apartamento, e as levei todas pra nova casa da May que ainda era no Queens. Dias depois reencontrei Maddie e pelo jeito ela não foi "blipada" pois estava cinco anos mais velha e me contou tudo o que aconteceu todos esses cinco anos, prometi que iria a visitar mais vezes e voltei a cuidar do Peter. Ele demorou pra se recuperar mas cada dia ia fazendo uma coisa nova, dando um pequeno passo, rindo mais. O luto estava difícil, e se tornou ainda pior quando tivemos que voltar as aulas, o colégio Midtown fez os alunos que foram blipados recomeçar todo o ano letivo, e então alguns meses se passaram, muitos meses e minha mãe não apareceu.

Oito meses depois...

— Eu tenho um plano!– Pulo na cadeira ao escutar a voz de Peter

— Não chega desse jeito, tá querendo me matar?– pergunto nervosa, me ajeito no cadeira da classe e o olho — Que plano?

— Para a viagem á Europa.– ele diz sorrindo — Eu fiz uma lista de coisas legais que podemos fazer, encontros...– ele diz e beija meu pescoço me fazendo ficar arrepiada.

— Isso pode ser legal.– seguro seu rosto e dou um beijo em seus lábios, ele sorri no meio do beijo — Mas eu não queria que ficasse planejando, sabe como eu odeio.

— Sim, você gosta dos acasos.– ele faz um biquinho fofo e eu sorrio

— Eu só quero que use essa viagem pra relaxar.– passo a mão em seus cabelos desgovernados — Você sabe minhas condições, não leve o uniforme e não dê uma de herói, você precisa de um tempo.

— Caissy eu já dei um tempo.– ele revira os olhos e se afasta, eu não gostava de tocar no assunto mas Pete não dormia muito bem a algum tempo, as vezes eu acordava de madrugada e ele ainda estava acordado.

— Hoje é o evento da May no centro comunitário né?– pergunto para mudar de assunto

— Sim, você vai?– ele me pergunta, e eu me lembro do meu compromisso

— Não amor, prometi pra Maddie que hoje seria nossa festa do pijama. Ela também quer me ajudar a fazer as malas para a viajem.– ele faz uma carinha triste

— Vou ter que dormir sozinho?– reclama e fica emburrado

— Infelizmente sim.– o sinal toca anunciando o fim da aula de História, dou um beijo na bochecha do meu namorado e vou para minha próxima aula.

Quando o dia acabou, Maddie me buscou na escola, eu não vi Peter na saída então fui direto para a casa dela. Nós ouvimos música, comemos muita besteira, e ela até me deixou provar tequila, não fiquei muito bêbada. Quando estávamos dobrando as roupas e ela separando alguns looks que segundo ela os europeus adorariam meu celular começou a tocar, vi o nome do Peter na tela e atendi imediatamente.

— Oi amor, como está indo no evento?– pergunto um pouco animada, mas escuto o barulho de trem ao fundo da ligação e um suspiro pesado dele

Foi tudo bem, eu saí pra tomar um ar.– ele diz com a voz fraca. Peço um segundo para Maddie e saio do quarto dela, me encosto na bancada da cozinha.

— Pete, está tudo bem?– pergunto preocupada

Está sim amor eu só...– ele hesita na voz — Acho que só estou ansioso pela viagem.

— Nós vamos nos divertir muito, você vai ver como vai ser bom.– tento acalma-lo e sorrio

Eu te amo, sabia?– ele diz e eu sinto meus olhos lacrimejando

— Eu também te amo Peter.– respondo e escuto sua risada fraca. — Está tudo bem mesmo? Não quer que eu vá pra casa?

Não, não...– ele diz rápido — Você tem que aproveitar sua noite, amanhã nos vemos no aeroporto.

— Tudo bem, preciso terminar minha mala.– aviso e nos despedimos antes de desligar a chamada, Peter não parecia bem.

CASSIDY 2 - Peter ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora