Capítulo 3.

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É como se morasse um céu dentro dum beijo seu

É como se jorrasse mel dentro das asas das suas palavras

É como se existisse um mundo só pra você e eu

É como se esse amor me desse, asas.

Pra viajar em paz

Pra viajar sem mais incertezas.
        
         (Luan Santana ― Asas).

                   (Luan Santana ― Asas)

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Não consigo mexer meus braços e pernas. A sensação é de estar presa. O gosto amargo em minha boca provoca mal estar. Com muita dificuldade abro meus olhos e a claridade arde cegando-me novamente, fazendo-me fecha-los. O cheiro de álcool, limpeza chegam ao meu nariz. Não lembro nada, minha cabeça está uma confusão de flashes desconexos. Cansada de tentar mexer meus braços entrego-me a escuridão mais uma vez.

― Tatá? Mana acorda. ― E a voz do Théo meu irmão. ― Abra os olhos, estou com saudades deles. ― Atendo seu pedido com muita dificuldade. ― Isso garota! ― Beija minha testa. ― Quase nos matou de susto. Onde conseguiu o material Tatá?

Sua pergunta faz-me recordar que estou trancada em uma clínica, e que sem vontade de viver, tentei dar um fim para minha alma doente.

― Por que faz isso contigo? Eu adoro você irmã. ― As lágrimas escorrem dos meus olhos, quero fechá-los e não ter que encarar a dor nos olhos do meu irmão. Há tempos venho tentando livrá-los do fardo, que minha presença traz em suas vidas.

― Eu não quero mais estar aqui Théo. Prefiro a morte a conviver com as lembranças.

― Tira essa idéia absurda da cabeça. Não vamos deixá-la fazer essa besteira. Será que não vê o quanto nos fere tentando se machucar?

Ele chora, e tenho noção da situação horrível em que condicionei minha família, desde aquele dia. Queria ter forças por eles, mas o meu coração e alma se quebraram e nem quero colar, por isso roubei do bolso da enfermeira sua caneta e perfurei minhas veias do pulso, deixando o sangue secar de dentro de mim, mas,  fui impedida mais uma vez. Essa já foi a quarta tentativa e todas mal sucedidas.
Não entendo porque eles insistem, quando sabem que aquela Thaís, morreu junto com as verdades descobertas. 

Fecho os olhos para fazê-lo me deixar sozinha, e lembro-me dos surtos e só quero dormir e não precisar acordar nunca mais.

Imagens minhas debaixo do chuveiro esfregando e lavando meu corpo até ferir, doem e o pânico dos primeiros dias de que tudo se repetisse me enlouqueceram, por isso encontro-me internada numa clinica. Sei que ele ainda está aqui.

― Por quanto tempo estou aqui, Théo?

Pega minha mão e massageia delicadamente. Seus dedos finos, sem calos me tranquilizam. Meu irmão é dentista, dois anos mais velho que eu.

APENAS UMA. (livro 4 Hills e Agregados)Onde histórias criam vida. Descubra agora