Eu não queria parecer uma psicopata ou uma dissimulada.
Mas também não conseguia nem queria desviar meus olhos dele, desde quando ele e seus amigos pararam no ponto de ônibus bem em frente à loja de conveniência que eu estava.
Charleston parecia uma sauna essa época do ano. O sol brilhava vigorosamente no alto do céu. Derretendo os cubos de gelo do copo que ele segurava casualmente na mão direita. Ele não parecia dar a mínima para os 32 graus que fazia essa tarde.
Usava calça jeans rasgada, nos pés uma bota pesada na cor preta e camisa branca embaixo da jaqueta de couro que cercava seus braços. Os braços pareciam ser bem musculosos debaixo de todo aquele couro preto.
Agora ele aparentava ser o problemático de nós dois.
Enquanto seus amigos tagarelavam uns com os outros, ele sugava e tragava cada gota de fumaça do seu cigarro, preso entre o dedo indicador e o dedo médio da mão esquerda, em seguida, bagunçava o cabelo loiro despreocupadamente. Uma mania que eu gostaria de ver sempre que fosse possível.
Minutos depois seu olhar se prende no meu até eu estar completamente rendida por aqueles olhos âmbar. O que dificulta mil vezes mais.
Precisava desviar os olhos. Agora.
Mas era tarde demais.
Em um piscar de olhos, ele já havia feito o trajeto curto na minha direção com passos lentos e silenciosos.
Como uma fera se aproximando de sua presa. Devagar. Concentrada. O olhar fixo em sua próxima refeição. Prestes a abocanhá-la.
Quando estava perto o suficiente do meu corpo, ele se inclinou no balcão do caixa, deixou o copo suado ali e agarrou uma caneta.
Eu queria que ele me agarrasse igual àquela caneta para o resto da mim vida.
Eu acompanhava cada um de seus movimentos, com a curiosidade e ansiedade recorrendo em mim. O que ele iria fazer com aquela caneta?
Em seguida, segurou delicadamente minha mão. Ah, meu Deus, foi nesse exato momento que minhas pernas começaram a virar gelatinas. Meu coração pareceu praticamente querer pular para fora do meu peito pela boca só com esse gesto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Me Salve (EM HIATUS)
ContoEle me fez flutuar, brincar com as estrelas e gargalhar com a lua, foi algo extremamente raro, repentino e esplendoroso. Mas também me fez cair, brincar com o escuro e gargalhar de desespero, foi algo extremamente doloroso, angustiante e congelante...