– Não acredito! Você também tem uma! – André mostrava o foguetinho que sempre carregava com ele, indicando que o carro de Lúcia podia ser algo parecido. Os dois acabavam de chegar na oficina para pegar o carro que estava no conserto e, assim, irem até o shopping.
– É... Não exatamente. – Ela respondeu. – É só um carro e não fica pequeno assim.
– Seria bem prático.
Lúcia não podia discordar da afirmação de André, seria uma maravilha ter um carro que ficasse tão pequeno e nunca mais precisar estacionar em São Paulo.
– Eu posso dirigir?
A risada dela ao ouvir a pergunta dele saiu sem que pudesse controla-la, mas, quando ergueu os olhos para ele, viu que estava falando realmente sério.
– Por acaso você sabe dirigir? – Perguntou, com um pouco em dúvida.
– Claro que sim! Aprendi bastante sobre isso.
– Hum... – Lúcia não sentia muita confiança sobre esse assunto, mas, para não o magoar, decidiu que não negaria de forma definitiva: – Quem sabe um dia?
Foi o suficiente para que ele ficasse feliz e criasse expectativas sobre o dia em que dirigisse o carro dela, mesmo que Lúcia não estivesse tão segura assim sobre permitir que ele fizesse isso.
– Vocês vão muito ao shopping? – André perguntou, curioso, quando se acomodaram no carro.
– Sim... Mais até do que seria aconselhável. É um passatempo bem comum entre humanos...
– Tem muito pão com manteiga lá?
A pergunta, juntamente com a expressão ansiosa de André fizeram Lúcia rir mais uma vez.
– Não, mas você vai gostar... Tem coisas bem melhores do que pão com manteiga... Falando nisso, você tem algum dinheiro?
– Não sei... – Ele respondeu, remexendo em sua mochila. – Tudo o que mandaram está aqui dentro, não tem muitas coisas... – André mostrava para ela o conteúdo de sua mochila enquanto tirava um a um de lá de dentro.
– Você tem documentos... Isso é bom... E um cartão de crédito! Mas, será que aceitam com esse nome?
Ak2Fw5 não era um nome comum no Brasil, para não dizer que não existia em qualquer lugar do mundo. Lúcia pensou que a chance de alguém estranhar e fazer perguntas era bastante grande. Se tivesse que mentir ou inventar alguma história, se enrolaria rapidamente.
– Ah, o nome? Eu posso corrigir... – André respondeu, despreocupado.
Como se assistisse uma apresentação de ilusionismo, Lúcia via o Ak2Fw5 se transformar em André assim que ele passa o dedo sobre as letras.
– Como você faz isso? – Ela estava impressionada, e talvez um pouco assustada, pensando em quantas possibilidades isso abriria. Inclusive coisas ruins, o que rapidamente a levou a crer que essa tecnologia nunca poderia existir na Terra.
– O que? Isso? – André passou o dedo mais uma vez e as letras trocaram novamente, sendo o nome de Lúcia apresentado no cartão. – Nós não usamos canetas, como vocês fazem, em Plutão.
Sem saber o que responder, Lúcia apenas assentiu, ainda em choque.
– Eu também tenho coisas interessantes para mostrar, Lúcia. – André piscou para ela, o que a fez se sentir tímida e uma necessidade urgente de mudar de assunto a tomou.
– Ao menos você tem um cartão de crédito! Vamos testá-lo, você sabe a senha?
André pensou por alguns instantes, olhando fixamente para o cartão em sua mão e confirmou.
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Plutão ainda é um planeta? [DEGUSTAÇÃO]
RomanceAs coisas não vão bem em Plutão e resta a Ak2Fw5, um confiável agente de seu planeta, a missão de viajar para a Terra em busca do segredo do apego humano à vida. Por que os humanos amam tanto viver e têm tanto medo da morte, enquanto em Plutão os ha...