Célia

54 8 17
                                    

Em homenagem a Paulo/Safe que guardou toda a minha escrita e me aguentou com todas as edições.

Itália, Olterra 1560.

Era uma noite serena quando uma mulher cujo cabelo ardia em pura chamas, andava com seus pés descalços e cansados em um gramado seco.

O fogo atrás dela se alastrava rapidamente, mas esta andava de forma tão lenta que até mesmo seu semblante carregava a mesma serenidade da noite. Em tal época, aquilo seria totalmente comum, se não fosse pelo vilarejo atrás dela sendo varrido pelo fogo. Esta já estava do lado de fora do vilarejo fechado quando o fogo ainda tomava todo o lugar. A sua frente tinha uma floresta aberta a qual estranhamente alguns passarinhos cantavam a noite.

A mulher de pele tão clara como a neve, usava um vestido azul feito de linho; e seus cabelos fogosos voltavam ao normal. Este assumia fios lisos e sedosos da cor amarelo claro, quase que completamente platinados.

Dois homens preocupados corriam em sua direção, mas a loira tomada pela histeria começou a chorar.

— O que aconteceu em Olterra? – O homem de altura baixa e gorda perguntou um pouco espantado.

A loira caiu no chão deixando que as lágrimas rolassem de seus olhos de forma pesada e intensa. O segundo homem - um pouco mais alto e magro, carregava uma espada quase de seu tamanho. Ele se quer aguentava a arma em suas mãos; Cansado ele se aproximou da mulher, seu olhar era crítico e tomado pelo desdém.

Sem saber com quem estava lidando, soltou:

— Deixa essa vadia ai! – cuspiu ao lado da mulher como forma de desprezo. — Vamos procurar por sobreviventes.

Sem demora, ela foi tomada por uma risada alta e assustadora. Com suas mãos pálidas e frias, ela agarrou a perna de seu ofensor que irritado tentava chuta-la, mas nada conseguia fazer.

A força dela era maior que a dele que olhou para ela assustado. O baixinho se afastou quando percebeu o que acontecia com seu amigo, os olhos dele foram tomados por lágrimas que não desciam ao ver seu companheiro simplesmente dissecar como uma múmia.

A mulher cochichava baixinho palavras enroladas até que o magrelo caiu no chão fazendo todo o pó subir, sobrando apenas suas roupas velhas.

Com toda a cena passando diante de seus olhos, o mais gentil se mijava de medo e caído no chão. Estabanado ele tentou se levantar, mas acabou caindo mais uma vez, o medo em seus olhos aumentavam ao ver veias negras saltitarem no rosto pálido da loira.

  Os galhos das árvores se mexiam mesmo com vento nenhum no lugar. Ao olhar para o lado mais de 30 soldados saiam do escuro entre os salgueiros.

De uma vez atiraram com suas bestas na direção da mulher, nenhum deles demonstrou misericórdia pela possível vítima dela, matando-o com uma flecha que atravessou sua garganta.

   O vestido azul dela já estava manchado de sangue, uma vez que todo seu corpo estava perfurado por flechas certeiras. Mas ainda assim, ela carregava um sorriso no rosto e só ousou cair quando a última flecha atravessou sua testa.

Na manhã seguinte, Praça Principal.

Ao amanhecer, uma multidão ocupava toda a praça principal. Esta se localizava a frente de uma igreja grande e bem estruturada, sua cor era acinzentada e muito bem quista.

  A frente da igreja, os cidadãos carregavam pedras, tomates e abóbora em suas mãos. Os mais gentis eram aqueles com a fruta mole: o tomate. E os piores se encontravam em cima das pequenas construções da praça gritando e erguendo suas mãos num grande protesto, até mesmo as crianças imitavam os mais velhos aprendendo sua arrogância.

The CovenOnde histórias criam vida. Descubra agora