Vidas Cruzadas

Fugitivo

Mais um dia, mais uma vez a mesma rotina. Primeiro passo, checar no notebook se o local estava seguro. Segundo passo, desligar os fios das armadilhas ligadas a porta e a janela. Terceiro passo, organizar seu equipamento na mochila e deixa-la pronta, caso uma fuga fosse necessária. Quarto passo, finalmente tirar a máscara de gás e iniciar sua higiene matinal. No começo essa rotina era difícil, cada passo era executado com insegurança e atenção redobrada, mas com a passagem dos anos, essa rotina se tornou tão natural quanto escovar os dentes ou pentear os cabelos cacheados, e agora ele conseguia realizar esse processo em menos de 5 minutos.

Já estava fugindo sem interrupção a cinco anos, desde o seu aniversário de vinte anos, quando aconteceu a primeira tentativa de assassinato. Se não fosse pelo seu sensei, naquele mesmo dia ele teria morrido, sem deixar rastros ou suspeitas, sem ninguém para lembrar ou chorar por ele.

Depois de sair do banho, ele escolheu roupas comuns, um jeans surrados, tênis simples e uma camiseta sem estampas e de cor cinza, um moletom preto e seu boné, também preto. Sua aparência era marcante, cabelos loiros em cachos rebeldes, olhos azuis profundos e uma estrutura ósseas marcante, além da sua altura ser acima da média, 1, 80.

Uma das coisas que Jiraya sempre lhe ensinou foi ser o mais discreto possível, no ramo de trabalho deles chamar a atenção não era a melhor coisa a se fazer, e apesar de ser fisicamente o oposto do esperado, ele sempre foi cauteloso e esperto, por isso ele era o melhor no ramo.

Ao sair do pequeno apartamento, junto com sua mochila, ele se dirige para sua moto e parte novamente sem rumo traçado. Alguém como ele não podia se dar ao luxo de planejar o futuro com muita antecedência, então...

Enquanto pilotava sua moto Honda por estradas menos movimentadas, ele traçou seu plano para o dia. Suas economias estavam acabando, e nunca era bom ficar numa situação vulnerável, à mercê da sorte. Então ele rumou ao norte, faria uma visita a empresa Senju, eles eram discretos e sempre tinham trabalhos pendentes que ele aceitava de bom grado, não que ele gostasse de ser cobrador daqueles agiotas, mas era uma grana boa.

Tinha conhecido a gerente da empresa antes de iniciar sua fuga, ela era uma amiga de Jiraya e tinham formado uma amizade logo de início. Ele sorri ao se lembrar do dia em questão

Ele e Jiraya tinham chegado ao prédio pela manhã, bem antes do horário marcado com a presidente Tsunade Senju e foram conduzidos a uma sala de espera. Ela ajudava Jiraya em algumas missões, já que alguns alvos eram seus clientes ou tinham ligações com eles.

Naquele dia ele se apresentou como Miyako.

Quando eles entraram na sala, estranhou o fato da bela loira ter a mesma idade do seu sensei, e deixou um comentário a respeito disso sair no meio da conversa e quase morreu por isso

Desde aquele dia, ele aprendeu a respeitar a Senju, e ela por sua vez, admirou a coragem e a astúcia dele ao se esquivar dos seus golpes treinados, formando assim uma amizade incomum entre eles.

Tsunade era a presidente de uma empresa de financiamentos, algo herdado pela família, mas seu orgulho era ter sido a melhor médica de traumatologia que o exército já tinha visto. Em seus anos como militar, ela tinha salvado inúmeras vidas de soldados e agentes, ela tinha salvado a vida dele próprio uma vez, e foi a ela quem ele buscou após a morte de Jiraya

Pouco menos de uma hora, e ele tinha chegado a empresa Senju, seguro o bastante para entrar pela porta da frente

Jiraya e Tsunade eram amantes de longa data, e por isso o Sannin fez questão de deixar sua relação com ela o mais secreta possível, a agência nunca teve motivos para suspeitar da existência da loira, ele próprio fazia questão de verificar isso de tempos em tempos, ele sabia que estava seguro, por hora