Vidas Cruzadas

Destino

Shikamaru era a pessoa mais inteligente de toda a base, sua mente analítica sempre estava passos à frente dos inimigos. Certa vez, ele e sua equipe formada por Naruto, Gaara, Neji, Chouji e Kiba precisaram resgatar o filho de algum político sequestrado por um governo estrangeiro. Eram jovens de 12 anos enfrentando mercenários experientes. À vista de meros espectadores as chances dele alcançarem algum sucesso eram nulas, mas nem sua equipe e nem seus inimigos colocaram seu QI acima de 200 na equação. Um a um os mercenários foram cercados e neutralizados. No meio daquele caos, Shikamaru conseguiu balancear as forças desiguais por perceber pequenos detalhes que aos outros eram invisíveis, assim conseguiu contornar a situação e voltarem para casa com danos mínimos e o jovem em segurança.

Por isso ele sabia que tinha alguma coisa acontecendo.

Para começo de conversa, ele nunca caiu na história que Naruto tinha traído os amigos e vendido informações que causaram a morte de Jiraya. Ele conhecia o Uzumaki e sabia que ele não era capaz disso, sua personalidade indubitável era a garantia mais que válida. Um traidor não se abalaria tanto com a morte de Jiraya, e ele viu o loiro definhar em questão de horas diante dos seus olhos

Outra história que nunca o convenceu era a dos supostos membros que haviam voltado de uma longa missão de infiltração. Yahiko e Tenshi foram bem aceitos por todos, eram vistos como heróis por terem sobrevivido infiltrados no exterior por mais de 15 anos, e para quem olhasse não havia motivo para dúvidas. Mas Shikamaru sentia algo errado neles. Os dois pareciam sempre prontos para agirem, eram curiosos demais sobre a vida deles e os olhos, algo no olhar deles, talvez a falta de emoções refletidas o deixavam com um pé atrás

E a última coisa que ele sabia estar diferente era a atitude de Gaara. Naquele dia, depois dele voltar do horário de almoço, o ruivo estava mais agitado ao olhar para os amigos ou o leve tique inquieto em suas pernas ou checar o celular durante o trabalho. Isso vindo do poço de indiferença que Gaara era, com certeza não era um bom sinal. Foram esses pequenos sinais que o fizeram ficar atento ao ruivo.

Não estranhou quando ele acordou cedo no dia seguinte, sabia que ele tinha problemas com insônia. Mas estranhou que a primeira coisa que ele fez foi chegar o jogo no qual ele era viciado. Ficou cerca de 2 minutos mexendo no celular, Shikamaru usou o espelho para olhar o ruivo, suas camas ficavam paralelas e o espelho na parede que ligava os dois lados. Não conseguiu ler nada, mas viu seu colega fechar os olhos breves segundos antes de os abrirem mais focados, gesto que ele realizava antes de iniciar qualquer tarefa séria.

Passou o dia todo atento ao ruivo mas tudo parecia normal, eles treinaram junto com outros colegas e realizaram suas tarefas corriqueiras sendo que a única incongruência foi ele mudar a escala dos vigias noturnos, trocando Neji por Kiba mas poderia haver uma razão normal para isso. Quando foram dormir, ele se questionou por um segundo se tinha entendido os sinais errados até o momento que escutou a porta ser aberta e Gaara sair, já passava da meia noite e Shikamaru saiu imediatamente da cama o seguindo pelos corredores em direção à sala de monitoramento.

Gaara entrou e Kiba saiu apressado sem o notar escondido na sala em frente. Shikamaru aproveitou a saída espalhafatosa do Kiba e entrou na sala antes de a porta se fechar naturalmente e deixou um de seus chinelos no lugar a mantendo aberta. Se escondeu por entre os arquivos impressos e viu Gaara em frente aos monitores ligados a câmeras, atento a um vulto que mexia no poste em frente a entrada da base e depois nos fios do painel de controle no exterior. Cerca de 15 minutos depois, Gaara mudou as gravações e se preparou para sair. Shikamaru já havia virado nos corredores no momento que Gaara saiu da sala, chegando antes do ruivo ao quarto compartilhado

Novamente Gaara acordou às cinco entrou no jogo do celular, ficando agora cerca de 5 minutos. Quando o ruivo ergueu o olhar da tela, Shikamaru estava o encarando fixamente