Temporada 2 - Capitulo 6

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Sua namorada veio busca-la pouco antes das 17 horas. As enfermeiras haviam se enfileirado na recepção do térreo para se despedir dela, todas eretas como alfinetes com seus aventais engomados. Ela ainda se sentia curiosamente fraca e sem equilíbrio, e estava grata pelo abraço que Naiara estendeu para ela.

...

Ela subiu devagar os degraus da casa verde de estuque e a porta se abriu, quase como um passe de magica, quando ela chegou ao topo. O motorista colocou sua mala cuidadosamente no corredor, depois se retirou. A namorada, atras dela, fez um aceno de cabeça para uma mulher que estava no corredor, aparentemente para recebe-las. Ao fim da meia-idade, tinha um cabelo escuro preso em um coque apertado e vestia um conjunto azul-marinho. 

-- Seja-vinda, madame -- cumprimentou a mulher, estendendo a mão. Seu sorriso era genuíno, e ela falava um inglês com sotaque carregado. -- Estamos muito felizes de ter a sonhara bem de novo.

-- Muito obrigada -- respondeu Joalin. Queria usar o nome da mulher, mas ficou sem jeito de perguntar.

A mulher esperou para pegar seus casacos e desapareceu no corredor com eles. 

-- Sente-se cansada? -- Naiara abaixou a cabeça para examinar o rosto de Joalin.

-- Não. Não. Estou bem. -- Ela olhou ao redor, desejando poder disfarçar a consternação pelo fato de que era como nunca tivesse visto aquela casa.

-- Preciso voltar para o trabalho agora. Você vai ficar bem com a Sra. Tohioto?

Tohioto. O nome não era de todo estranho. Sentiu uma pequena gratidão. Sra. Tohioto.

-- Vou ficar muito bem, obrigada. Por favor não se preocupe comigo. 

-- Estarei no andar de cima.... Ja que tem certeza de que ficara tudo bem...

Estava claro que Naiara queria ir embora. Inclinou-se para perto de Joalin, deu-lhe um beijo no rosto e, apos uma breve hesitação, saiu.

Joalin ficou parada no corredor, ouvindo os passos de Naiara se afastando nos degraus da escada, o barulho suave da porta no final do corredor quando ela se fechou. A casa de repente pareceu grande e sombria.

Ela tocou as paredes de madeiras envernizadas, observou o parque lustroso do assoalho, o pé-direito vertiginosamente alto. Tirou as luvas com movimentos precisos, decididos. Então inclinou-se para olhar melhor as fotografias que havia sobre a mesa do corredor. A maior era uma foto em uma moldura de prata enfeitada e muito polida. E la estava ela, em um moletom branco largo, o rosto praticamente encoberto por um boné preto, e uma garota desconhecida com um sorriso largo a seu lado. Eu tenho amigos mesmo, pensou. E depois: pareço tao feliz. 


Sobressaltou-se

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Sobressaltou-se. Sra. Tohioto chegara por trás dela e estava ali parada, as mãos cruzadas a frente. 

-- A senhora não gostaria que eu lhe trouxesse um chá? Talvez queira tomar na sala de estar. Acendi a lareira do comodo para a senhora. 

-- Seria... -- Joalin olhou para dentro da casa, para as varias portas. Então tornou a observar a fotografia. Custou pouco a voltar a falar. -- Sra. Tohioto... a senhora se importa em me dar o braço para eu me apoiar? Apenas ate eu me sentar. Não estou sentindo muita firmeza ao caminhar.

Depois, não tinha certeza da razão de ter ocultado da mulher quão pouco ela se lembrava da disposição dos cômodos da própria casa. Parecia-lhe que, se conseguisse fingir, e se acreditassem nela, o que era fingimento poderia acabar sendo verdade.

Losing Your Memory - Soflin | Now United [Em Andamento 🔋]Onde histórias criam vida. Descubra agora