Todas as luzes da cidade.

JUSTIN

             Observo Ryan e Chaz por cima dos ombros, empolgados com a festa que planejamos para o fim de semana. Agora sendo uma ideia distante e entediante para mim. Sei que preciso desfocar a cabeça, tirar a ideia de expulsão do time e colocar coisas melhores no lugar. Como o corpo esbelto e bem desenhado de Lizzie que caminha em minha direção como se desfilasse para a Victoria's Secret. 

          Decidi dar uma chance a ela, desde que respeitasse o meu espaço e me deixasse respirar um pouco. O que ela não tem cumprido. A roupa do dia é o que me chama a atenção, ela veste um cropped preto tão justo que da a impressão que seus seios vão pular para fora a qualquer momento. Não posso negar que aquilo influência a maneira como a trato logo que ela se aproxima, selando nossos lábios em um beijo demorado e lento. Preciso me controlar para não ficar duro ali mesmo. 

— Então, a festa! — Lizze comenta com entusiasmo, parando em minha frente e puxando meu braço para contornar o seu corpo, eu mantenho a mão segura na parte desnuda de sua barriga — vai poder mesmo ser em sua casa, boo boo? — a pergunta é direcionada a mim, seu rosto vira em minha direção mesmo que seu corpo ainda esteja posicionado para frente, eu respondo balançando a cabeça positivamente. 

— É claro, é o meu aniversário, não é? 

— Cara, vai ser genial! Naomi já comprou a luz neon e agora só faltam as tintas. — Ryan entra na conversa, abrindo um sorriso animado. 

              Aproveito enquanto todos estão envolvidos naquele planejamento para checar as mensagens no celular. Nenhuma resposta de Jeremy, ao invés disso o nome de Alexa Smith paira pelo meu descanso de tela. 

                  Droga! As aulas. 

              Afasto o corpo de Lizze para longe em um movimento impulsivo. Era como um despertar para a realidade, com a voz de Hernandez ecoando na minha cabeça mais uma vez com aquele discurso perfeito das normas do colégio. Trato de responde-la, preciso começar aquelas aulas o quanto antes, as provas são logo no final da temporada e os treinos já estão consumindo metade da paciência que eu nasci sem. 

— Alguém precisa de carona? — eu pergunto, voltando a erguer o olhar. Lizzie tem os braços cruzados e a cara de poucos amigos, possessiva como sempre. Enquanto Ryan e Chaz balançam a cabeça em negativo —  tudo bem, eu preciso ir. 

— Deixe eu adivinhar, seu pai outra vez? — Lizzie questiona, erguendo uma de suas sobrancelhas, desafiadora. 

É da sua conta? 

Sugo todo o ar ao meu redor, expirando lentamente antes de responde-la. Estamos começando a nos dar bem, mas se ela voltar a pegar no meu pé eu desisto de novo. Sou benevolente dessa vez, a puxando pelo antebraço e dando um beijo demorando. — Prometo de recompensar amanhã, está bem? 

Acho que aquilo é o suficiente para acalma-la, porque Lizzie abre um sorriso e me dá outro beijo. Eu me despeço de Chaz e Ryan com nossos toques costumeiros. Agradecendo pela a mensagem de Alexa por ter me tirado de dentro daquela conversa cansativa da maldita festa. Nem mesmo eu sei porque tive aquela brilhante ideia. 

Quando chego em casa, Celeste já tem partido. Deixando o mesmo bilhete de sempre com o lembrete da existência dos meus pais. Solto uma boa porção de ar que esteve presa em meus pulmões enquanto lia a mensagem escrita as pressas. 

A casa ainda é solitária, cheira a móveis novos e desinfetante. A nostalgia me invade quando lembro que costumava ter o cheiro de comida recém feita por Pattie, que sempre estava por perto ocupando seu tempo em cuidar da família que costumávamos ser. É egoísta da minha parte desejar que ela continuasse assim, sei que mesmo sorrindo em grande parte dos seus dias, ela não era de fato feliz. Duvido muito que alguém conseguisse ser sendo traída diariamente e mesmo assim precisando viver sempre sorridente cuidando de uma família que desmoronou a anos.