CAPÍTULO 1

67 7 10
                                    

Bo-ra 



A dor da perda reside em mim.

De tantas formas que é difícil respirar normalmente, encontrar uma palavra que defina completamente a sensação que se espalha por todo o meu corpo como um câncer precário, que me faz querer desaguar em mais lágrimas cheias de dor e sucumbir a morte.

É um vazio inexplicável.

Meus olhos ardem e deixam visível os dias de luto desde aquela noite. A noite em que ele se foi e me deixou só. Sem ele.

Minhas pernas doem e mal tenho forças para me manter em pé, nem sinto a sensação de estar viva. Sempre que ameaço cair, Jimin segura forte minha cintura e não me permite vacilar na frente de tantos entes queridos, que sentem a perda dele tanto quanto eu.

Aos poucos o cemitério se esvazia, em um piscar de olhos deixando-me sozinha em frente a lápide de mármore escuro talhada com seu nome em dourado, foto, data de nascimento e data em que se foi.

Fecho os olhos fortemente, deixando que as nossas últimas lembranças tomem minha mente e me permita chorar mais uma vez, silenciosamente.

Contenho um soluço, levando a mão coberta com uma luva delicada na cor negra e tecido fino, fazendo-a ficar encharcada imediatamente com apenas algumas poucas lágrimas derramadas.

As noites de amor e sorrisos me atingem como um bálsamo momentâneo, fazendo-me querer xingá-lo por ter ido assim. Por ter me deixado para trás, por não poder mais ter seu toque e o som do seu sorriso. Tenho medo de um dia esquecer seu rosto, o som do sua voz e seu sorriso quadrado, contagiante. Seu toque quente e a sensação que apenas ele pode me proporcionar. De esquecê-lo completamente, mesmo achando que não sou capaz. Que ele jamais sairá da minha mente, pois o vazio que deixou é impreenchível.

Sinto mãos delicadas sobre meus ombros e abro os olhos, olhando a pessoa por cima do ombro ao mesmo em que uso o lenço dado a mim por Jimin para enxugar as lágrimas que borraram toda a maquiagem, se é que desde que cheguei no cemitério está aqui, já que não paro de chorar.

A mãe de Taehyung sorri pequeno, também com o rosto inchado lamentando a perda do filho que mal teve contato por anos. Mais um. Me viro para ela e a abraço, deixando que a dor se vá temporariamente mais uma vez, em forma de lágrimas e soluços sufocantes.

Ela me aperta, o suficiente para me confortar em um carinho maternal. Sinto suas lágrimas em meus ombros e seus dedos dedilhando em minhas costas lentamente. Meus olhos vagam pelo cemitério vazio, encontrando LiNah numa postura seria apenas poucos metros, sem lágrimas nenhuma ou menção de que chorou a perda do meio irmão.

Prefiro acreditar que tentar manter a elegância em público e não chorar diante de tantos desconhecidos, se fosse pensar além, ficaria paranóica. Atrás dela, um pouco mais distante de todas nós, está Jimin.

Mesmo não tendo uma das melhores amizades com Taehyung, ele está aqui, para honrar o momento em que compartilhavam sorrisos um com o outro. Ele veste um terno preto, este que marca bem seu corpo malhado, que exibe a sua elegância por tanto tempo oculta. Ele está debaixo de uma árvore grande, acho que um salgueiro, com as mãos dentro dos bolsos e os olhos fixos em seus pés, chutando o nada.

Seus olhos encontram os meus involuntariamente e eu me afasto da senhora Kim, ainda com os olhos sobre ele. Jimin sorri, tão forçado que seus olhos não me trazem a alegria e o confronto que geralmente me assola, do qual preciso tão desesperadamente agora. Ele balança a mão no ar e percebo que a senhora fala, mas meus ouvidos não foca em suas palavras. Estou concentrada em Jimin, na única âncora que me restara.

Love Scenario | kth 2° Temporada | Stand By MeOnde histórias criam vida. Descubra agora