O Calor das Tuas Linhas || KiriBaku

Primeiro

As luzes do estúdio de tatuagem eram, resumidamente, um prévio aviso do que Bakugou encontraria por lá. Um logo enorme de letras punk ostentava uma cor bizarramente vermelha que chamava atenção a muitos metros de distância, o nome Hell Flame's podia espantar muitas pessoas, mas para Katsuki estava mais do que perfeito.

Ele já tinha uma boa quantidade de tatuagens espalhadas pelos braços e pernas, porém, havia recebido uma enxurrada de recomendações sobre o lugar que estava diante de si naquele instante, principalmente quando disse ao tatuador regular sua ideia para um novo desenho. Não que seu profissional de sempre não tivesse habilidade suficiente para fazê-lo, afinal, ele confiava no homem de olhos fechados e não hesitaria caso a aceitação tivesse surgido logo de cara, mas a fama de um certo tatuador havia chego aos ouvidos de Sero e, para ter feito o homem perder um trabalho, é porque realmente deveria ser o tal.

Com todas as projeções e hipóteses que já havia criado na mente, Bakugou suspira e ajeita sua jaqueta de couro sobre o corpo, entrando no local o quanto antes para fugir do frio que estava gelando seus ossos do lado de fora. Se encaminhou para a recepção, onde havia diversos piercing's e alargadores expostos em uma vitrine no balcão, além de muitos desenhos aleatórios e clichês enquadrados nas paredes. Uma mulher, com cabelos cacheados e tonalizados em um rosa pálido, mexia em seu celular distraidamente, movendo a joia em seu lábio com a língua, isto, até notar um cliente carrancudo observando-a à espera de um atendimento.

– Oh! Me perdoe, boa tarde! Sou Ashido Mina, como posso te ajudar? – A mulher questiona polidamente, ajeitando os cachos volumosos de seu cabelo ao erguer sua postura, revelando seu braço com uma tatuagem delicada de flores que subiam até sumir pela camisa. O loiro de olhos vermelhos vira a cabeça para o corredor que provavelmente levava às salas esterilizadas e então volta a encarar a recepcionista, puxando o ar pelo nariz antes de revelar o nome que havia sido bombardeado em sugestões para que ele fizesse seu novo trabalho.

– Eu quero fazer uma tatuagem com o Kirishima Eijirou.

[...]

Kirishima estava um tanto... entediado. Havia acabado de se despedir de um cliente, explicando todas as informações importantes sobre a cicatrização e limpeza da tatuagem, uma águia na panturrilha que havia ficado muito boa, por sinal. Não que em algum momento o ruivo duvidasse do seu talento, desenhar era mais do que somente um trabalho, ele denominaria mesmo como sua maior paixão.

A cada dia mais ele vem sendo reconhecido no mundo da tatuagem, diversas pessoas chegavam pedindo por ele por conta das recomendações positivas e isso o enchia de alegria, mas ainda havia algo que faltava em sua rotina, talvez alguém ao seu lado que o divirta ou pelo menos uma companhia instigante para prender sua atenção. Provavelmente, esse era seu lado carente falando mais alto.

Com um suspiro e o celular em mãos, ele posta a foto do último trabalho realizado, observando o número de curtidas e comentários subindo rapidamente sem que precisasse se esforçar muito para divulgar. Algumas mensagens eram respondidas em ordem de chegada quando a voz de Ashido chama sua atenção na porta da sala:

– Ei, Kiri! Tenho um cliente pra você, consegue atender? Acho que é uma tatuagem bem grande, posso dizer pra marcar um horário se você estiver cansado – A rosada declara com um tom de expectativa, olhando para o amigo com os olhos amarelados bem arregalados como se quisesse dizer algo que não estava em suas palavras expectantes. Kirishima inclina a cabeça para o lado tentando compreender a mensagem daquele olhar, mas mal tem tempo de responder antes que Ashido prosseguisse por si mesma – Ah, que maravilha! Então vou dizer pra ele entrar, obrigada!

Eijirou fica lá, parado com o celular ainda nas mãos, olhando para a porta onde Mina entrou e saiu tão rápido que ele nem pôde compreender o que aconteceu. Não estava cansado, é claro, sempre acordava muito tarde por ficar até altas horas desenhando ou se distraindo com aleatoriedades, agora era exatamente o momento em que sua criatividade estava no auge.