Terceiro

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Bakugou se arrepende de ter aceitado o convite, mas ao menos os martinis estavam saborosos e ele podia se lamentar enchendo o cu de álcool até esquecer do próprio nome. Aquela balada não era exatamente o local onde ele gostava de passar suas noites de sexta-feira, muito menos quando estava fodido com prazos que rondavam sua cabeça, incitando o estresse que Midoriya dizia tanto que ele deveria amenizar.

O rapaz de cabelos verdes, aliás, se encontrava sentado no sofá junto com o amigo, olhando para os arredores com ansiedade enquanto conferia o celular a cada instante.

– Eu não acredito que me trouxe pra essa merda, Deku – O loiro reclama virando o restante da bebida que ainda tinha na taça decorada, sentindo o líquido esquentando-o por dentro pouco a pouco. Izuku o encara com as bochechas infladas e um biquinho incomodado, provavelmente pronto para fazer o chilique que Bakugou já conhecia mais do que gostaria.

– O Todoroki-kun finalmente vai querer me conhecer, ele disse que tinha que ser aqui, oras. Eu não escolheria isso de primeira também – O esverdeado exclama com as mãos pra cima, esquecendo completamente do drinque na mesa à sua frente. As orbes esmeraldinas ora ou outra retornam para a tela do celular, aguardando ansiosamente um sinal. Katsuki não era obrigado a vir, mas achava que precisava espairecer um pouco, só não imaginava que as músicas incrivelmente animadas e as luzes faiscantes e coloridas o incomodassem tanto em meio ao fervo de pessoas.

– Tomara que esse seu cliente seja um gordo velho com verrugas – Bakugou fala já sinalizando para uma atendente a fim de pedir mais uma bebida, ele precisava desesperadamente ficar bêbado, seja para o caso de ter que bater em um idiota com mais dinheiro que noção, ou para ficar de vela durante a noite toda.

– Não fale assim! Ele... ele tem uma voz tão bonita... – Midoriya responde aturdido, ainda que nem mesmo ele saiba exatamente a aparência daquele cliente misterioso. Como um bom artista, ele não se importava com o anonimato que seus trabalhos exigiam, portanto, quando o homem de voz grossa e consistente o ligou para pedir uma série de trabalhos para seu livro, ele não ousou perguntar mais que o necessário, isto até começarem a se aprofundar nos projetos um do outro quase sem querer.

Os parágrafos rebuscados que o cliente escrevia, davam ao esverdeado uma dose de inspiração sem igual para tornar aquela narrativa tão visual quanto pudera com seus traços, levando-os a criar um vínculo estranho e desprovido de rótulo. Izuku estava curioso, pois depois de tantas conversas até a madrugada, finalmente teria como conversar pessoalmente com Todoroki, por mais que isso precise ser feito aos gritos pela música alta ao redor.

– Isso não garante que ele seja um galã, né, seu nerd de merda! – Katsuki declara irritado, pegando o copo de vodka com limão que lhe foi entregue pela atendente. Ainda que sua fúria esteja direcionada ao amigo, a mulher que o atendeu alisa sua camisa preta com certa intimidade indesejada que o faz grunhir para afasta-la o quanto antes.

– Ai, Kacchan! Dá um tempo, vai – O rapaz diz pegando o copo esquecido e tomando grandes goles para tentar se acalmar. Uma notificação nova surge em sua tela e ele logo dá atenção ao aparelho, arregalando os olhos antes de digitar furiosamente sobre o touch screen.

O loiro balança a cabeça em negação, nem acreditando que realmente deixou os quadros inacabados em casa para estar em um lugar tão infame quanto esse. Ele pensa em provocar o amigo uma vez mais, porém um homem alto de cabelos estranhamente bicolores surge no seu campo de visão, aproximando-se antes de proferir uma palavra.

– Midoriya? – Ele questiona alto para ser ouvido sobre a música alta e Izuku, antes entretido na tela do celular, quase salta no sofá, erguendo a cabeça para olhar o homem que havia o chamado.

O Calor das Tuas Linhas || KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora