Bakugou se arrepende de ter aceitado o convite, mas ao menos os martinis estavam saborosos e ele podia se lamentar enchendo o cu de álcool até esquecer do próprio nome. Aquela balada não era exatamente o local onde ele gostava de passar suas noites de sexta-feira, muito menos quando estava fodido com prazos que rondavam sua cabeça, incitando o estresse que Midoriya dizia tanto que ele deveria amenizar.
O rapaz de cabelos verdes, aliás, se encontrava sentado no sofá junto com o amigo, olhando para os arredores com ansiedade enquanto conferia o celular a cada instante.
– Eu não acredito que me trouxe pra essa merda, Deku – O loiro reclama virando o restante da bebida que ainda tinha na taça decorada, sentindo o líquido esquentando-o por dentro pouco a pouco. Izuku o encara com as bochechas infladas e um biquinho incomodado, provavelmente pronto para fazer o chilique que Bakugou já conhecia mais do que gostaria.
– O Todoroki-kun finalmente vai querer me conhecer, ele disse que tinha que ser aqui, oras. Eu não escolheria isso de primeira também – O esverdeado exclama com as mãos pra cima, esquecendo completamente do drinque na mesa à sua frente. As orbes esmeraldinas ora ou outra retornam para a tela do celular, aguardando ansiosamente um sinal. Katsuki não era obrigado a vir, mas achava que precisava espairecer um pouco, só não imaginava que as músicas incrivelmente animadas e as luzes faiscantes e coloridas o incomodassem tanto em meio ao fervo de pessoas.
– Tomara que esse seu cliente seja um gordo velho com verrugas – Bakugou fala já sinalizando para uma atendente a fim de pedir mais uma bebida, ele precisava desesperadamente ficar bêbado, seja para o caso de ter que bater em um idiota com mais dinheiro que noção, ou para ficar de vela durante a noite toda.
– Não fale assim! Ele... ele tem uma voz tão bonita... – Midoriya responde aturdido, ainda que nem mesmo ele saiba exatamente a aparência daquele cliente misterioso. Como um bom artista, ele não se importava com o anonimato que seus trabalhos exigiam, portanto, quando o homem de voz grossa e consistente o ligou para pedir uma série de trabalhos para seu livro, ele não ousou perguntar mais que o necessário, isto até começarem a se aprofundar nos projetos um do outro quase sem querer.
Os parágrafos rebuscados que o cliente escrevia, davam ao esverdeado uma dose de inspiração sem igual para tornar aquela narrativa tão visual quanto pudera com seus traços, levando-os a criar um vínculo estranho e desprovido de rótulo. Izuku estava curioso, pois depois de tantas conversas até a madrugada, finalmente teria como conversar pessoalmente com Todoroki, por mais que isso precise ser feito aos gritos pela música alta ao redor.
– Isso não garante que ele seja um galã, né, seu nerd de merda! – Katsuki declara irritado, pegando o copo de vodka com limão que lhe foi entregue pela atendente. Ainda que sua fúria esteja direcionada ao amigo, a mulher que o atendeu alisa sua camisa preta com certa intimidade indesejada que o faz grunhir para afasta-la o quanto antes.
– Ai, Kacchan! Dá um tempo, vai – O rapaz diz pegando o copo esquecido e tomando grandes goles para tentar se acalmar. Uma notificação nova surge em sua tela e ele logo dá atenção ao aparelho, arregalando os olhos antes de digitar furiosamente sobre o touch screen.
O loiro balança a cabeça em negação, nem acreditando que realmente deixou os quadros inacabados em casa para estar em um lugar tão infame quanto esse. Ele pensa em provocar o amigo uma vez mais, porém um homem alto de cabelos estranhamente bicolores surge no seu campo de visão, aproximando-se antes de proferir uma palavra.
– Midoriya? – Ele questiona alto para ser ouvido sobre a música alta e Izuku, antes entretido na tela do celular, quase salta no sofá, erguendo a cabeça para olhar o homem que havia o chamado.
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O Calor das Tuas Linhas || KiriBaku
FanfictionBakugou pretendia fazer uma nova tatuagem, uma em especial que iria diferir de todas as que ele tinha até então. Por mais que fosse um tanto estranho se desfazer do seu tatuador de sempre, havia muitas boas coisas que ele havia escutado do trabalho...