OBSSESSIVE

Pilot

    Quatro e quinze da manhã, parcialmente nublado com previsão de chuva para a tarde. Eu poderia fazer uma daquelas apresentações onde digo o meu nome e o que ou quem eu sou, mas eu não estou afim. Minha vida andava tediosa de mais após aquele incidente desagradável, passei a acordar todos os dias às quatro e quinze da manhã e sair pela rua, deve estar pensando "não fazendo nada que um civil normal não faça."

Errado.

   ㅡ Bom dia, um café por favor.

    Não há nada que um café não possa melhorar, hm? Continuo a beber meu café, me preparando para aquela rotina matinal de corredor pacífico. Coloco meus fones de ouvido, observando todos que entravam por aquela porta, todos que passavam por mim, todos que saiam daquela cafeteria. Fazendo o mesmo de sempre. Era uma rotina tediosa, até eu vê-lo. Ele adentrou o local apressadamente, mas por algum motivo, eu o via em câmera lenta. Seu rosto era gracioso, seus olhos eram pequenos porém destacados. Os cabelos loiros, os lábios rosados e carnudos. Seu semblante era tão triste, tão vazio. Me pergunto; como uma pessoa tão linda pode pensar tão longe?
     Os brincos e anéis podem dizer mais do que aparenta; você gosta de chamar atenção. Mesmo distante, pediu um chocolate quente, a forma que se sentava era chamativa. Claramente pedindo para lhe olhar.

Para eu olhar.

    ㅡ Bom dia, Sr. Park! Aqui está seu chocolate.

Park? Será esse seu nome? A garçonete parece gostar muito de você. E como não gostar.

   ㅡ Quanta gentileza, senhorita. - os dois riram, juntos.

   ㅡ Pode me buscar depois do expediente? Minha mãe viajou, ela sempre se esquece que eu ainda estou viva.

   ㅡ É claro que posso, não se preocupe, linda.

Então você tem namorada? E ela me atende todos os dias? Acho que é o destino me dando um sinal. Será um sinal para ir embora e esquecer aqueles quadris? É claro que não. Meus instintos nunca falham. Eu posso estar errado, mas minhas intuições não.
Me levantei calmamente, caminhando até a porta, assim escutando a doce voz dele.

    ㅡ Senhor! Sua carteira!

Me virei, olhando para o garoto que era ainda mais baixo, ao meu lado, do que aparentava.

   ㅡ Minha cabeça está tão esquecida hoje. Obrigado!

Ele assentiu com a cabeça, seu sorriso era tão agradável, mesmo sendo tão falso. Você não se preocupa com si mesmo, Sr. Park? Está sempre querendo ajudar. Um filho perfeito? Sim. Sempre ajudando os pais, sem trazer preocupações. Eu estudei psicologia por muito tempo, tempo o suficiente para saber que tem problemas com um deles. Sua mãe? Não, mães são sempre protetoras, se a sua não fosse, você não sairia de casa e choraria amargurado por não ser o anjinho da mamãe. Você claramente está amargurado, mas não é esse o motivo. Seu pai?

   ㅡ Prazer, Joseph. - estendi a mão em sua direção, sorrindo para ele da mesma forma.

   ㅡ Joseph? Eu me lembro da minha irmã ter dito que era Jungkook.

   Então você anda curioso sobre mim? Que stalker! Espera, ele disse irmã? Quem é sua irmã, Park?

   ㅡ Desculpe... A Roseli é minha irmã, a garçonete daqui.

   ㅡ Oh... Claro!

   Achei que seu nome era Rosé, garçonete. Estranho, não?

  Como vou sair dessa situação?

  ㅡ O prazer é todo meu, Jungkook! Eu me chamo Jimin.

  Jimin? Até seu nome é doce, isso é impossível! Então Park é seu sobrenome? Park Jimin?

   ㅡ Sinto que te conheço de algum lugar...

  ㅡ Ah! Já sei... - suas bochechas ficaram vermelhas, rapidamente. Ele é tão adorável. ㅡ Do comercial da revista?

   ㅡ Claro... O comercial!

Foi uma longa conversa, hm? Eu com certeza contarei essa história para nossos filhos, quantas vezes for preciso. Após nossa bela conversa, você se deu conta de que perdeu o horário e correu tão depressa. Parece que era realmente importante. Eu fui capaz de fazê-lo esquecer a hora, Park? Isso é bom, não é? Tirei uma grande parte do seu dia tedioso, mas admita, foi tão bom!

   Parque Nacional? Era esse o nome, não era? Você disse que tinha que ir até lá. Talvez, uma reunião? Ao ar livre? Acho que não. Você é uma pessoa incrível, Park. Mas é feito de bobo pela sua ingenuidade, porém nem sempre. Eu tive que te seguir. Você me deu até o nome do local! Você quer que eu te siga, Park? Para a minha sorte, era lá que eu corria todos os dias.
Não foi tão difícil achar você, Park. Estava no meio, bem no meio do Park, com velhos e rapazes. Provavelmente, todos querem ter você. Você os deixa achar isso, não é? Menininho esperto.
Mesmo que longe, seu sorriso se destacava no meio daquelas pessoas desagradáveis; empresários falidos que querem crescer com o famoso puxão de saco do patrão. Ele não. Ele não tinha cara de executivo. Um modelo, talvez? Não... Pelo jeito que mexe no cabelo e sorri para aqueles velhos... ele é bastante tímido. Algo me diz que perdeu alguém importante na sua vida. Os olhos dele brilham quando aqueles caras falam com ele, eu estava certo, você é uma daquelas pessoas necessitadas por atenção. Não estou o julgando, anjo, acredito que tenha grandes motivos. Do que será que você gosta? Qual será seus hobbies? Qual será seu gosto musical? Estou ansioso para conhecê-lo melhor, anjo.