Capítulo 7

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De volta ao trabalho, o retorno estava difícil. Muita coisa para reorganizar e despachar. Os clientes, muito solidários não reclamavam do prazo de entrega, porque mesmo sem ela saber, Lucas deu conta dos pedidos online, ou seja, a loja não parou totalmente. Ouviu uma batida de leve na porta da sua sala. – Pode entrar, Maria.

- Meu nome começa com M, mas não é Maria! – Uma voz masculina quebrou o ar sério do ambiente e sem saber descrever porque, Laura corou o rosto e gelou a espinha. Era Marcos. - Ainda posso entrar? Bom dia Laura. - Ela parecia paralisada.

- Sim, pode, claro! Desculpe é que me pegou de surpresa! Eu realmente não me lembro de ter marcado...

- E não marcou mesmo. Mas alguém tem que tirar você dessa sala. Já são duas horas e as meninas lá fora me disseram que você está aqui dentro desde as sete da manhã na companhia apenas da sua garrafa de café. – apontou a garrafa à sua esquerda. Vazia.

- Fofoqueiras – referiu-se as "meninas lá fora".

- Não as culpe, porque fui eu quem insistiu para entrar e elas, ou não resistiram ao meu charme ou sabem que eu sou o Presidente da Associação. Então eu consegui passar...

- E a que devo tão ilustre visita senhor Presidente?

- Eu te devo explicações e você precisa almoçar, pensei que pudéssemos matar dois coelhos com uma paulada só. O que me diz? – Ela tirou os óculos de leitura e passou um lenço no rosto, estava muito cansada e realmente com fome.

- Você venceu. Tem um restaurante aqui perto que...

- Eu convidei, eu escolho o lugar e você vai amar. Vamos no meu carro ou no seu?

- Eu não tenho carro Marcos, eu não dirijo.

- Como assim? Ah, deixa para lá. No caminho você me conta.

Desde que saíram conversaram muito sobre trivialidades a respeito de suas vidas profissionais. Ambos, com uma pessoa em comum que desde o início esteve com eles. Pillar.

Ele começou a falar.

- Minha mãe conheceu Pillar antes de que eu nascesse. Minha história não é bonita, mas é a verdadeira. Minha mãe foi amante do Euzébio, marido da Pillar.

- Marcos, cuidado, eu não vou tolerar desrespeito ao homem que me estendeu a mão. – Ela falou sério

- Me escute por favor, sem me interromper. E você vai entender tudo. Prometo. Minha mãe quis dar o "golpe da barriga" e assim que se viu grávida, afirmou que o bebê era de Euzébio, mas não contava com a astúcia de Pillar. Ela ajudou minha mãe em tudo e quando eu nasci ela pediu um exame de DNA, descobrindo que a história era mentira. Ainda assim ela não nos condenou e ainda sustentou minha mãe e a mim. Cuidou de nós, deu um trabalho para minha mãe e pagou meus estudos e minha formação. Minha mãe morreu de câncer quando eu me formei no ensino médio. Fiquei com a casa e com o apoio de Pillar me reergui emocionalmente e sou grato a ela por nunca ter me desprezado mesmo eu sendo o fruto de uma mentira. Há cinco anos, desde que me formei trabalho na minha própria empresa de designer, investimento da própria Pillar. Ela disse que acreditava em mim e que eu já estava preparado para andar sozinho. E ela como sempre tinha razão. Eu comecei a fazer o que mais amava e cheguei onde estou agora. Minha matriz em São José do Rio Pedro vai muito bem e minha filial em São Paulo está indo de vento em popa. E o convite para expandir para o exterior é algo que estou estudando com carinho. Euzébio sempre soube da minha existência e como não tinham filhos ele e Pillar investiram em mim e sempre que iam a Rio Preto me davam muito carinho.

- E eu? E meu filho? O que temos a ver com tudo isso? Eu me lembro de Pillar ter estado muitas vezes nessa cidade onde dizia que era seu refúgio secreto. Porque eu não sei nada sobre você? Eu não sei se você sabe, mas Pillar também me reergueu e investiu em mim e em meu filho. Como você chegou até nós?

UM TEMPO PARA O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora