01 - Nada do que nós somos

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Desde meu nascimento, morei em uma mansão, meu quarto naquela época era quase seis vezes o tamanho do meu atual e sempre com uma empregada disponível, me servindo um banquete no café da manhã

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Desde meu nascimento, morei em uma mansão, meu quarto naquela época era quase seis vezes o tamanho do meu atual e sempre com uma empregada disponível, me servindo um banquete no café da manhã. Tortas, sucos, café importado, cinco tipos de diferentes pães e geleias.

A família unida para o desjejum, conversando avidamente sobre meu futuro, no qual eu herdaria uma posse desejada por tantos, eu era abençoado, dizia minha mãe, e no fundo sabia, não podia reclamar, afinal era uma boa vida. Entretanto, a vida pode ser muito melhor sem tudo isso, hoje eu sei o verdadeiro significado de ser abençoado, de sentir-se grato por ter o que tem e definitivamente, nada era ligado a bens, posses ou quantidades.

A maioria dos meus momentos de alegria, estavam ligados a duas pessoas, estas se encontravam exatamente em minha cama nesse momento.

Sakura, como a primavera no ápice de florescimento, iluminava e decorava o espaço do quarto, em tons de branco e carvalho, em que estávamos, seus fios róseos, balançavam por conta do vento leve que soprava da janela entreaberta. Seu riso largo me fazia sorrir junto, sorrisos que nunca dei em um café da manhã em minha antiga casa, com suas tantas requintarias. O café matutino, nesse quarto pequeno demais para a cama king size, era milhões de vezes mais agradável.

Conforme o sentimento de felicidade me dominava, sabia cada dia mais que fiz o certo em trocar a mesa abarrotada de comidas intocadas, por torrada com geleia de morango, qual ela insistia em comer toda manhã.

Vi a garota de olhos verdes sujar a ponta do nariz com geleia, fazendo o menino de olhos negros revirar os orbes. Era notória a diferença entre eles, Sakura era primavera, enquanto Sasuke era inverno, ela brilhava como o sol e ele era como um luar oculto entre nuvens, contudo não o culpava, a vida dele havia sido problemática, na realidade, a vida de todos nós era e ainda continua sendo. Apesar disso, nas poucas vezes que Sasuke sorria, eu considerava como um eclipse lunar: raro; surpreendente e único. O efeito disso sobre mim era de outro mundo.

Eles eram meus extremos, como norte ou sul, no entanto não importava a direção, o caminho era a felicidade.

— O que tanto pensa? — Sasuke questionou com olhar preocupado, me tirando dos devaneios. Todavia para fugir da resposta, apenas o puxei para perto, buscando seus lábios sendo seguido sob os olhos atentos de Sakura. Ela adorava nos observar, dizia ser seu filme favorito. Pós beijo, ele se jogou em meu colo, deitando a cabeça sobre minhas coxas e acabei por acariciar seus fios, o vendo relaxar aos poucos, beirando o sono.

— Depois eu sou o preguiçoso! — reclamei em tom brincalhão, recebendo seu dedo do meio em resposta. — Adivinha em qual lugar acho que você deveria colocar esse dedo!? — Sasuke sorriu sapeca, apontando para Sakura como se ela fosse a resposta e foi impossível segurar o riso quando ela pareceu gostar da ideia. Pervertida problemática.

Ligamos a tevê buscando saber as notícias do dia e me arrependi por isso. Como um balde de água fria, as cenas do programa sensacionalista me atingiram. Repórteres frente ao portão metálico da mansão onde vivi minha vida inteira, era possível ao fundo da tela ver o grande jardim bem cuidado por vários jardineiros, não me prendi de pensar na besteira na qual aquilo era. Por fora aquele lugar parecia ser o mais incrível de todos, o tamanho era tão exagerado que assemelhava-se a um bosque, trazendo uma falsa sensação de liberdade e paz, coisas longe de existir na parte interna daqueles portões.

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