My Heartbeat || KiriBaku

Capítulo 5 || A Defesa

Narrado por Kirishima Eijirou

Acordo meio desnorteado e olho para o relógio sobre o gaveteiro, por sorte não estou atrasado para os ensaios de hoje, mas também não quer dizer que estou com tempo de sobra para me arrumar. O alarme deve ter tocado, porém, ontem, eu havia assistido uma temporada inteira de Grey's Anatomy, e até esqueci de trazer o celular para o quarto quando vim deitar pensando em tumores cerebrais.

Levanto me alongando com alguns exercícios básicos para despertar completamente, caminhando até o banheiro para tomar uma ducha rápida. Não tenho muita pressa ao lavar meu corpo e depois escolho uma roupa simples antes de arrumar minha mala; uma camisa branca e calça de moletom vão servir. Preciso escolher algumas peças para usar quando estiver ensaiando a coreografia — que eu nem imagino qual seja —, mas antes, creio que devo verificar o celular para ter certeza que não perdi algo importante.

Caminho até a sala bocejando pelo sono que ainda perdura em minha mente, contudo, quando abro as notificações do aparelho, para ver as mensagens, meus olhos se arregalam ao ver uma quantidade exorbitante de áudios e fotos na conversa com Mina. Abro o aplicativo o quanto antes, e sinto meu sangue ferver ao me deparar com uma imagem revoltante: o rosto da minha amiga inchado e escurecido com hematomas que não deveriam estar ali. Ouço o primeiro áudio e meu coração acelera ainda mais pela adrenalina.

"Eiji... Eu... Eu não sei o que aconteceu, eu estava com um cara que conheci nas seleções pro clipe do Bakugou e... Ele não quis parar quando eu disse não, ele me segurou com força e... Ah, meu Deus! Eu sou uma idiota! Meu rosto está horrível, mas eu vou ter que ir trabalhar. Vou fazer uma maquiagem e-"

Mal termino de escutar o restante dos áudios que ela havia enviado, pelo horário que a mulher esteve online pela última vez, não duvido que já esteja no trabalho — agindo como se nada tivesse acontecido. Me controlo para não quebrar o celular em minhas mãos e apenas calço o primeiro par de tênis que encontro na minha frente, saindo de casa sem levar nada do que deveria ter organizado antes.

Corro pelas ruas como se fugisse de alguma coisa, porém, quem deveria realmente fugir de mim deve estar agora no mesmo ambiente que minha amiga, e, isso, é inadmissível! Quem em sã consciência faria algo assim a uma mulher? Ou melhor, quem faria isso com qualquer pessoa? Esse intolerante não vai se safar de mim, é bom que ele esteja preparado para levar uma surra, pois, eu não pretendo me segurar nem que tentem me impedir.

Quando chego no maldito prédio chique, entro e sigo em direção a recepção para pedir o cartão de acesso; por mais que minha vontade real seja de sair quebrando porta por porta até encontrar o desgraçado que machucou minha amiga.

— Sou Kirishima Eijirou, quero o meu crachá. Agora! — sibilo com os dentes cerrados, olhando para a recepcionista antipática com certo rancor. Ela me olha um tanto assustada, e nem perco meu tempo tentando pagar de simpático. Espero apenas a digitação rápida, e logo meu cartão dourado é entregue em minhas mãos.

Começo o caminho longo até o andar que visitei poucos dias atrás. A cada passo que dou em direção àquele saguão meu corpo treme ainda mais, e sinto que estou prestes a explodir quando vejo a última porta de vidro antes do meu destino. Passo o crachá no leitor e mal espero a abertura total da passagem, esbarrando no vidro com o ombro sem nem sentir a pancada. Muitos olhares me alcançam por conta disso, mas tudo o que faço é rodear o local com os olhos para encontrar Ashido. Vejo-a ao lado de Bakugou, e sequer dou atenção para a expressão estranha no rosto do loiro, forço meus pés a ir naquela direção e Mina diz algo para o cantor antes de se aproximar.

— Mina, quem caralhos fez isso com você? Você precisa denunciar uma coisa dessas! — exclamo tentando ser discreto para não expor minha amiga, mas minhas mãos tremem ainda mais quando tenho a visão mais clara de seu rosto inchado; mesmo coberto com várias camadas de maquiagem.