Capítulo 2

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A primeira semana foi de adaptação, passamos ela inteira atoa nos acostumando com o lugar e decorando os caminhos da cidade para não perdemos mais.

Segunda-feira foi o dia de Emma e eu irmos até o colégio fazer minha matrícula. Era um local bonito e grande como os outros, fomos bem recebidas pelo diretor. Eles nos mostrou melhor o colégio e onde ficava cada sala, eu iria começar no dia seguinte.

Logo após isso Emma me deixou em casa e foi em busca de um emprego.

Passei o dia inteiro escutando as músicas do meu disco novo. Em um momento de tédio comecei a me olhar no espelho, eu queria mudar, então peguei uma tesoura que estava na gaveta e fui em direção ao banheiro, ao som de "Credit Card Baby" decidi cortar meu cabelo, comecei pelas pontas, porém eu queria mais, então amarrei meu cabelo que batia na metade das minhas costas com uma fita e cortei-o de uma vez, no momento me assustei com a quantidade de cabelo que havia tirado, mas quando me olhei no espelho novamente e vi meu cabelo batendo no ombro eu simplesmente amei, me sentia diferente.

Depois de ter feito essa loucura passei alguns minutos limpando toda sujeira, foi quando ouvi Emma entrando em casa, desci rapidamente para o andar debaixo para recebê-la.
_ EU CONSEGUI! - Disse Emma pulando de felicidade.

Fui em sua direção para abraça-lá.
_ Parabéns, tô muito feliz por você.
_ Obrigada, e o melhor de tudo é que é em um hospital bem próximo... VÊNUS O SEU CABELO!
_ Você gostou?
_ Sim, nossa, você tá linda.
_ Obrigada, acho que a gente merece comemorar isso né?
_ É claro, vamos pedir pizza?
_ Pode ser, eu topo.

Ligamos para a pizzaria e pedimos uma pizza de pepperoni com um refrigerante para acompanhar.

Não demorou muito para o pedido chegar, Emma foi até o lado de fora sozinha pegar a pizza. Quando ela voltou estava com um sorriso diferente no rosto.
_ Era ele.
_ Ele quem? - Eu perguntei.
_ O entregador, era o mesmo cara da balada.
_ E aí?
_ Ele me chamou para sair no fim de semana.
_ Caraca que demais! Você não perde uma ein.
_ Hahaha, cala a boca, vamos comer.

No meio da refeição recebemos uma ligação, eram nossos pais, eles ligaram para saber se estávamos bem e para dizer que estavam com saudades. Acho que a preocupação era maior que a saudade. Conversamos por um tempo até eles precisarem desligar, eles tinham que acordar bem cedo no outro dia para trabalhar.

Emma me ajudou a arrumar meu corte de cabelo que estava com uns pedaços tortos, depois disso fui tomar banho e preparar meu material para iniciar o colégio, eu estava animada para conhecer meus colegas novos.

Dormi sem perceber, quando acordei no outro dia me assustei porque o tempo havia passado muito rápido. Tomei meu café da manhã juntamente com Emma.
_ Vou de ônibus ou de carro?
_ Pode ir de carro, meu plantão hoje é depois que você chegar do colégio.
_ Beleza então.
_ Não se acostuma, vai ter dias que você vai ter que ir de ônibus.
_ Não tem problema, a gente organiza isso direitinho.
_ Boa sorte no colégio.
_ Obrigada.

Peguei meus óculos escuros, minha mochila e entrei no carro. Coloquei em uma estação aleatória e estava tocando "Crazy little thing called love" do Queen, nada melhor do que começar o dia assim.

Confesso que os adolescentes da região não dirigiam muito bem, quase bateram em meu carro duas vezes, mas felizmente cheguei bem no local.

Enquanto eu andava pelo colégio eu percebi que as pessoas me olhavam um pouco diferente, talvez porque eu era novata. Logo encontrei meu armário e personalizei ele do meu jeito, coloquei algumas imagens recortadas de revistas. De cara percebi que minhas vizinhas de armário eram as líderes de torcida do colégio, já imaginei que eram um porre só do jeito que me julgaram pelo olhar sem me conhecerem.

A primeira pessoa que falou comigo foi o responsável pelo jornal do colégio, o nome dele era Noah. Ele falava bastante, mas foi interessante pois obtive informações mais complexas sobre aquele lugar. Noah me acompanhou até a porta de minha sala.

Quando entrei sentei em uma carteira vazia do lado da janela, a última da fila. Era aula de inglês, a professora pediu que eu me apresentasse para a turma, falei algumas coisas simples da minha vida e as pessoas acharam interessante o fato de eu ter morado em vários lugares, só não pude ressaltar que meus pais eram detetives. Observei cada um, era um costume, provavelmente um hábito que herdei por causa dos meus pais, haviam alunos de todos os tipos, descolados, nerds, patricinhas, mas um em específico me chamava a atenção, um garoto de pele clara, eu poderia dizer que era como a neve, aos meus olhos parecia bem macia, ele tinha um estilo diferente, acho que ele era bem religioso do modo que se vestia, parecia frágil, sentia que ele não queria estar ali, pelo menos não naquele momento. Olhei em sua direção mas ele reagiu como se houvesse sendo intimidado, desviou o olhar na hora.

O horário do intervalo chegou rápido, peguei o lanche no refeitório e comi ao ar livre. Percebi que o garoto da minha sala estava sozinho, mas não tive coragem de me aproximar dele. Ninguém se aproximou de mim também, talvez as pessoas estavam com vergonha, ou sei lá, eu não devo ter parecido muito interessante para elas.

Passei boa parte escutando músicas no meu walkman, havia ganhado de aniversário dos meus pais no ano passado. Deu exatamente o tempo de três músicas até o sinal do intervalo tocar novamente, dessa vez eu deveria ir para a classe de química.

Dividi mesa com uma garota que parecia fazer parte das líderes de torcida, mas ao contrário das outras ela parecia legal. Fizemos um experimento diferente e conseguimos obter um bom resultado com o nosso, ficamos orgulhosas.

No final da aulas a mesma garota que se chamava Mary veio conversar comigo, ela me desejou boas vindas e perguntou um pouco mais sobre minha vida.
_ Está gostando da cidade?
_ Está sendo melhor do que eu pensei, confesso.
_ Aqui é realmente muito legal, tem várias opções de lugares para nos divertimos.
_ É, eu percebi. Posso fazer uma pergunta?
_ Pode sim.
_ Você faz parte do time das líderes de torcida?
_ Fazia, acabei brigando com uma delas e me expulsaram.
_ Nossa, sinto muito.
_ Não sinta, aquelas garotas são a personificação do inferno.

Fiquei sem reação no momento então preferi mudar de assunto.
_ Você quer uma carona?
_ Ah, não precisa, eu moro perto daqui, mas obrigada!
_ Por nada, te vejo amanhã então.
_ Até.
_ Até mais.

No caminho para casa parei em uma locadora, sem a minha irmã em casa eu ficaria bastante no tédio. Quando entrei avistei o mesmo garoto que me chamou atenção, dessa vez havia tentado me aproximar dele, porém ele fugia de mim toda vez que eu chegava perto. Por que ele teria medo de mim? Não conseguia compreender porque ele agia desse modo.

Escolhi dois filmes e fui até o caixa.
_ Ei, você conhece aquele garoto que acabou de sair?
_ Só de vista, ele vem aqui às vezes, mas não é de muitas palavras.
_ Entendi.

Paguei o aluguel dos filmes e voltei para o carro. Quando olhei pelo retrovisor o garoto estava dobrando a esquina, era a mesma que eu pegava para ir para casa, porém resolvi pegar outro caminho nesse dia, com certeza ele pensaria que eu estava seguindo ele.

Cheguei em casa bem rápido e Emma já estava se preparando para ir ao trabalho.

Passei maior parte do dia vendo clipes no canal da MTV e depois decidi assistir um dos filmes que aluguei.

Foi a primeira noite que dormi sozinha, Emma ia chegar bem tarde, no começo fiquei com medo, mas, medo de que? eu não acreditava muito em fantasmas, só que o escuro me fazia duvidar se eles realmente existiam ou não.











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