Capítulo 9

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   Os dias foram se passando, as semanas sendo engolidas. Quando se deu por conta Liv viu passar 6 meses desde que tudo aconteceu. Era o tempo sendo rápido, às vezes corria quase parando. Martin havia sido solto, mas o advogado garantiu que o ex-marido de Lívia tinha se mudado para os Estados Unidos. Ela tentava não se preocupar, mas sempre ficava uma pontinha de angústia dentro do coração toda vez em que colocava os pés na rua.

Eles se mudaram. O rapaz decidira que seria melhor um apartamento maior, com mais cômodos, talvez dois andares, confortável em que Liv pudesse se sentir à vontade, sem medo, sem querer se esconder. Era um novo lar para os dois, para dois. A vista era de perder o ar. Atrás a Namsan Tower, do outro lado podia avistar os prédios de Seoul e o rio Han. Ela sempre se encantava em ter o sol logo cedo batendo na sala. Sentava-se com seu café no sofá, admirando o sol, sentindo-o esquentar levemente sua face. O inverno batia com força a cidade, os dias de sol eram mais quentes no peito.

A vida para Lívia e Song Joong-ki estava começando a se encaixar entre os dois. A rotina estava sendo feita, os dias sendo mais agradáveis. Ele havia voltado a trabalhar, estava filmando um novo drama, sempre animado. Liv ficava fascinada em como ele falava de seu novo trabalho sempre apaixonado. Gesticulava, surgiam ideias em meio as conversas. Sempre anotava para não esquecer e conversar com a produção. Nasceu para isso, Lívia tinha certeza.

Enquanto ela de pouco a pouco foi criando seu espaço, um canto seu para criação da arte que ela tanto amava. Havia se formado numa faculdade que não gostava. Mas sempre seguiu seu instinto artístico, colocando a sua arte no que tocava. Passava os dias no quarto que foi transformado em seu ateliê. Lá ela produzia seus quadros, suas cerâmicas. Começou a se dedicar a ilustração, uma nova paixão surgiu com a aquarela também, ela respirava arte. Sentia-se livre e viva, depois de anos. Conseguia ser quem sempre quis ser. Era a Lívia de verdade tomando as rédeas de sua vida.

Nesses últimos dias ela pintou seu namorado, seu amor. Tirou uma foto dele enquanto estava distraído. O rapaz estava de costas para ela, nu, admirando a paisagem pela porta da varanda após o banho. Era um hábito comum a ele. Caminhava nu até a porta e lá passava alguns minutos admirando a vista da cidade. Liv perguntou outra vez porque ele fazia isso, e o rapaz respondeu dizendo que era a maneira em que conseguia esvaziar a cabeça, relaxar depois de um dia intenso. Curiosa maneira, em que ela sabia aproveitar muito bem. Sempre o admirava apoiada no batente da porta, segurando sua garrafa com água e um sorriso bobo no rosto.

Dia desses teve uma vontade de desenhar o que via. Ela pegou seu enorme bloco o apoiando na mesa. Deixou a foto no celular ao lado e cuidadosamente começou seus rabiscos. As costas tão bem desenhadas, ela lembrou porque é a parte do corpo dele que mais gosta. Ponderou se deveria ter cor, se deveria pincelar em aquarela. Preferiu deixar em carvão, cru. Eram as sombras da foto, as sombras do corpo do homem nu que ela mais amava. Cuidadosamente rabiscado, em linhas tortas e perfeitas, sombreado nos lugares certos. Liv sorriu satisfeita com o que havia acabado de desenhar. Até questionou se exporia o desenho ou o entregaria de presente. Riu sozinha imaginando o rapaz com as bochechas coradas e o sorriso docemente sem graça.

Ela gostava da rotina que criaram, dos dias agradáveis quando ele estava em casa. Ou dos dias agradáveis quando estava sozinha, se sentia bem-vinda, se sentia finalmente na sua casa. Era onde conseguia chamar de lar, de casa, onde o amor estava presente. Em dias de folga de Joong-ki eles saiam para jantar ou almoçar. Ou só para um passeio ao ar livre sem compromisso, descontraído. Se deixavam ir mais distante quando havia tempo, já tinha conhecido a famosa Busan. Estavam planejando ir a Europa dali alguns meses, passar um mês entre algumas cidades chaves para eles.

Às vezes Liv se perguntava se era real, se aquilo era a vida dele ou se era só um sonho muito louco dentro de sua cabeça. Mas se fosse sonho, ela não queria acordar. Ou quando acordava pela manhã sentindo o abraço quente do rapaz e torcia parar abrir os olhos e encontrá-lo dormindo ao seu lado, e não um travesseiro ou o ex-marido. Liv não conseguia esconder o sorriso bobo que não saia mais de seu rosto. Como era bom viver em paz, amar em paz.

Ela também escrevia, poesias recheadas de amor, canção para os ouvidos dos amantes da escrita. Ela se encantava por poetas e poetizas. Ah que dia de inspiração com o cordel de sua terra sagrada.

"Uma vez se quer eu sabia o que era amar

Um dia não soube o que era abraçar

O outro em que não lembrava mais como era dançar

Um outro dia então pôs se a dormir, não queria mais acordar

Só acordaria com um amor que a ensinasse a amar

Um beijo para selar e assim festejar

Os pássaros a cantar!

Oh Meu Deus! Ela acordará? O amor voltará?

Ele voltará! Ele voltará!

Ela acordará, e reencontrará!

Dê seu tempo para Iaiá! O amor vencerá!"

O Doce (re)AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora