Capítulo 1

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Ir para a faculdade sempre foi o meu sonho, mas deixar minha mãe e minha avó sozinhas aqui com todas as tarefas da fazenda me deixa preocupado. Desde pequeno ajudo minha mãe minha avó que trabalham como caseiras em uma fazenda. Fazia todo trabalho pesado para que elas não se cansassem. Apesar de ter o sonho de ir para a universidade e cursar direito que sempre foi mais que um sonho, nunca levei isso além porque não queria deixar elas sozinhas. Até 1 ano atrás que minha mãe me convenceu que eu precisava pensar no meu futuro, pois ela não queria me ver trabalhando na fazenda a vida toda, prestei vestibular para direito e passei. Quando minha mãe engravidou "meu pai" se é que posso chamar assim o homem que simplesmente desapareceu quando minha mãe anunciou que estava grávida, minha avó sempre quis fazer o papel do pai que eu nunca tive. Então me considero uma pessoa de sorte, pois tenho duas pessoas que me amam muito e estão sempre ao meu lado. A família para qual trabalhamos, os Almeidas, são pessoas de grades posses e com quem temos uma boa convivência. Eu e a filha dos Almeidas, Sarah, nascemos com apenas 6 meses de diferença, então crescemos juntos, brincávamos quase o dia inteiro e a senhora Almeida sempre me chamava para lanchar com eles, por mais que minha mãe falasse que não era para eu importunar a família, eu nunca me oferecia, era sempre fui convidado e sempre fui muito bem tratado. Com o passar dos anos, quando eu já não era mais um criança fui me afastando da casa e da família e focava apenas em minhas tarefas na fazenda, Sarah sempre vinha conversar comigo todos os dias, o que era bom, pois ela era minha única companhia tirando minha mãe e minha avó. Alguns anos depois quando completei 17 anos Sarah foi desesperada me chamar na humilde casinha que vivemos dentro da fazenda, pois havia um rato em seu quarto, fui até sua casa, já era tarde da noite e seus pais haviam saído para um festa com a alta sociedade e todos que trabalhavam na casa já haviam se retirado. Peguei uma caixa de sapatos, encurralei o bichinho e o prendi na caixa, libertei o pobre ratinho no mato. Apesar de Sarah me pedir para matar o coitado ou ele voltaria, não havia necessidade , prometi a Sarah que ele não voltaria para tranquiliza-la, ele merecia viver, o pobre coitado só teve o azar de estar no lugar errado na hora errada! Ela me abraçou envolvendo seus braços finos em volta do meu pescoço e me pediu para que ficasse com ela um pouco até que o medo do rato tivesse passado. Ela me levou para conhecer a coleção de livros dela, Sarah amava ler, era a única coisa que tinha para fazer, já que seus pais não deixavam ela sair de casa sem a presença deles ou do motorista da família. Julie era muito mimada pelos pais, sempre teve tudo que quis. Sempre foi uma ótima companhia, apesar de eu saber que ela tinha uma paixonite por mim, minha mãe também percebia isso e me alertou sobre, pois não queria problemas com os Almeidas. Após mostrar sua imensa colação de livros, Sarah se aproximou dizendo

-você gosta de livros de romances, Sammy? - Sammy era o apelido que minha mãe e minha vó me deram, apesar de eu não gostar muito dele, Sarah também começou a me chamar assim depois que ouviu minha avó me chamar assim uma vez.

- Não só muito de ler, Sarah. Tudo que sobre romance é o que vejo nas novelas que minha mãe minha avó assistem. - E era verdade elas amam novelas melosas.

- Nunca esteve apaixonado? - ela falava e ia se aproximando.

- Não, nunca. Quase não passo dos portões da fazenda. Você já esteve apaixonada? - Perguntei.

- Sim, já! - Ela se aproximou ate nossos rostos ficarem bem próximos, passou a mão delicadamente pelos meus braços fortes e definidos devido ao trabalho pesado no campo e começou a acariciar minha nuca bem de leve. Senti uma estranha sensação de euforia com seu toque. ela encontrou os lábios nos meus, e depois levou os lábios em direção ao meu ouvido e sussurrou:

- Meus pais vão chegar bem tarde hoje, e não consigo mais fingir que não estou completamente apaixonada por você Sammy. - Cada vez que ela me tocava eu ficava arrepiado, nunca tinha sido tocado assim, com desejo, era uma sensação nova devo admitir, muito boa.

-Sarah não é uma boa ideia. - Disse apesar de não poder me afastar, meu corpo não se mexia, apesar de eu saber que não deveria estar ali. Sarah se aproximou ainda mais, nossos corpos estavam colados quase com um só, e quando me dei conta já estava beijando de leve seu pescoço e segurando firmemente sua nuca, fui devagar em direção aos seus lábios novamente, Sarah me beijou com mais força dessa vez, mais intensidade. Ela me guiou lentamente para o sofá do canto da biblioteca sem tirar os lábios dos meus. Ela me empurrou delicadamente para que eu sentasse e sentou no meu colo. Aquela sensação era completamente nova para mim e nossa, como era boa. Ela puxou minha camiseta, ficou admirando meu corpo por um segundos.

- Nossa Sammy, sempre achei você muito bonito mas confesso que sem camisa fica muito melhor. - Não sabia como responder, nunca ninguém tinha falado do meu corpo antes muito menos nessa situação. Eu sabia que meu corpo era muito definido por conta do trabalho pesado da fazenda mas nunca tinha sido elogiado dessa maneira. Voltamos a nos beijar intensamente e assim aconteceu. Pouco tempo depois, era oficial, eu tinha perdido minha virgindade e tirado a virgindade da minha quase " patroa". Quando ouvimos o som do carro se aproximando da casa, vesti minhas roupas apressadamente e corri em direção a porta do fundos, onde não seria visto. A partir daquela noite nosso encontros escondidos ficaram frequentes. Eu saia de casa assim que todos pegavam no sono e ia ao encontro de Sarah que me avisava pelo celular quando seus pais iam dormir. Eu sabia que Sarah estava apaixonada por mim, e acho que também estava me apaixonando por ela, apesar de saber que nunca poderia ficar com ela a luz do dia. Nossos encontros escondidos já acontecia a quase 1 ano, Sarah começou a ficar cansada de se esconder e queria poder ficar comigo na frente de todos. Eu queria isso também, mas tinha completa consciência de que não poderia arriscar a vida da minha mãe e minha avó que eram as pessoas mais importante da minha vida. Sarah jurou que nada ia mudar nas nossas vidas, que os pais dela não me prejudicariam, porém os Almeidas eram muito criteriosos em relação a vida da filha e tenho certeza que não acham que sou a melhor opção para ela. Sabia que não poderia mais levar essa história adiante e comecei a me afastar de Sarah aos poucos, diminuindo os encontros noturnos. Tive que dizer que não estava mais apaixonado e que queria acabar com os encontros escondidos de vez.

- Você não pode está falando sério! - Ela estava nitidamente muito nervosa e começou a chorar. Eu fui a seu encontro e a abracei.

- Sarah, não sofra assim por favor, uma hora isso ia acabar. Gosto demais de você para ver você assim. Ela se soltou do meu abraço e questionou:

- Você não disse que não sentia mais nada por mim? Então ta arrumando uma desculpa? Ainda é aquela história de não merecer ficar comigo por conta das nossas posições socias? Não pode estar falando sério, Samuel! - Ela nunca me chamava de Samuel, era um sinal claro de que estava magoando ela.

- Sarah, vamos apenas acabar com isso, não me faça mais remoer isso por favor, não sabe como me dói e não me odeie eu te imploro! Juro que é para o nosso bem! Não tenho nada para te oferecer. - Ela correu para me abraça e com a cabeça em meu peito disse:

- A única coisa que quero de você Samuel é seu amor, não me deixe assim, não consigo imaginar minha vida sem você. - Eu soltei seus braços e a afastei delicadamente. Eu era apaixonado por ela também, mas jamais correria o risco de prejudicar minha família. Ela entendeu quando soltei ela do meu abraço.

- Se é assim que quer, agir como um menininho covarde pode ir! Pode sair do meu quarto e não volte nunca mais, entendeu? E a partir de hoje, Samuel, esquece que eu existo. Não quero mais nenhum tipo de contato com você. Pode voltar para a sua vida insignificante de cuidador de animais que é única coisa que sabe fazer! - O olhar dela estava irreconhecível, tinha ódio nele, algo que nunca tinha visto antes. Me magoou o que ela disse, apesar dela ter toda ração, eu não passava do menino que trabalhava para a família dela. Eu tinha arrasado os sentimentos dela, ela tinha o direito de estar com raiva. Obedeci seu pedido e sair pela porta dos fundos sem fazer barulho. Assim 2 anos se passaram e até hoje ela nem olha na minha cara. Sinto muito sua falta, mas, tenho certeza de que fiz a coisa certa. Uma menina como ela não deveria querer nada como um cara como eu. E assim nosso romance secreto ficou enterrado naquela fazenda.

Os cinco capítulos de uma história de amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora