Capítulo 19- Ana

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Malu e Eduarda estão aqui, as duas conversam sobre alguma coisa aleatória enquanto vejo uns tutoriais na internet.

- Não acredito que você vai cortar seu cabelo, você tem muita coragem - diz Eduarda, e eu sorrio.

- Eu não vou cortar muito, só o suficiente para ficar mais prático e começar uma mudança de estilo.

Meu cabelo está batendo na cintura, vou cortar um pouco mais de um palmo, deixando-o acima da lombar. Prendo o cabelo e entrego a tesoura para Malu.

- Pode cortar sem medo, vou repicar as pontas depois.

Enquanto os fios caem no chão, sinto uma leveza que não é só física. Talvez fosse o peso do passado, das memórias difíceis, sendo cortado também. Esse novo visual seria um passo para a Ana que eu queria me tornar, alguém que não fugisse mais.

Depois de um tempinho, percebo que me sinto um pouco mais leve, tanto por dentro quanto por fora.

- Seu cabelo é muito bonito! - comenta Eduarda, e eu sorrio novamente.

- Talvez você devesse ir além na sua mudança de estilo - sugere Malu, um brilho travesso nos olhos.

- Como assim?

- Que tal mudar um pouco o seu guarda-roupa?

- O que tem de errado com o meu guarda-roupa? - Será que eu me visto mal? Aliás, nem tenho tanta roupa assim.

- Você não se veste mal, mas tem algumas roupas que não condizem mais com essa versão da Ana. Tá na hora de desapegar dos seus trajes rebeldes.

Abro a boca para contestar, mas ela está certa. Dou permissão para que Malu e Duda comecem a retirar peças para doação e para jogar fora.

- Eu ainda não entendi o que tem de errado com essa blusa.

- Tenha santa paciência, Ana - Malu joga a blusa no meu rosto.

- A blusa tem uma caveira vomitando sangue, não vou nem olhar muito para não ter pesadelos - Duda comenta, nos fazendo rir.

No fim da manhã, meu guarda-roupa está bem vazio. Composto de blusas sem estampas, geralmente em cores frias, algumas saias que não eram curtas, poucos vestidos, uma jardineira estilo calça e outra estilo saia, e algumas calças jeans, as menos rasgadas.

Resolvo tomar um banho enquanto as meninas procuram mais alguma coisa para jogar fora. Quando saio do banheiro, com o cabelo penteado e um vestido cinza soltinho, encontro Isabelle conversando com elas.

- Não sei se ela vai gostar, mas tem muita coisa...

- Do que estão falando? - interrompo Isabelle.

- Ah, oi, filha. O corte de cabelo ficou muito bonito, valorizou seu rosto. Passei por aqui para chamar vocês para almoçar e ouvi a conversa sobre roupas, então me lembrei que no porão da casa da sua tia tem algumas roupas que eram minhas e eu não pude levar comigo. Eu tinha o mesmo corpo que você quando tinha a sua idade, talvez te sirva.

- Uau, você vai sair do estilo gótico trevoso para o vintage clássico! - Duda diz animada.

- Eu não sei não, acho que não gosto desse estilo.

- Não seja boba, nós vamos lá hoje à tarde. Se você não gostar de nada, tenho certeza que as meninas gostarão.

Com todas olhando pra mim com cara de cachorro sem dono, me dou por vencida. Almoçamos e resolvo mandar uma mensagem para Davi avisando que não iria à ONG hoje.

Davi

Oi, não vou poder ir pra ONG hoje à tarde.

My First LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora