Saint x Leitora (Parte final)

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 ATENÇÃO: Esse capítulo possui mortes de familiares, violência física e mental que para muitos pode ser um gatilho. Não fará tanta diferença na história principal, então basta seguir a leitura a partir da segunda parte do capítulo.

Tenha uma boa leitura.

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— (S/n)! (S/n)! — A imagem de uma criança com olhos brilhantes em animação surge na sua frente, ele ainda possuía muita energia. — Irmã, olhe!

O garoto apontava para uma parte do lago onde podia-se ver muitos peixes coloridos com um enorme sorriso. Você tinha se aproximado para vê-los melhor, mas foi pega quando a água fria atingiu o seu rosto e virou-o imediatamente pro seu irmão mais novo.

— Você não deveria ter feito isso. — Disse seriamente antes de tentar molhá-lo.

Os risos que compartilhava com o menor eram preciosos e livraram seu coração de qualquer sentimento, ao contrário de...

O som alto ressoou pelo cômodo, seguido pelo silêncio e a ardência em sua bochecha completamente vermelha que você se recusava a cobrir.

— Já te dissemos tantas vezes, mas você ainda insiste em nos desobedecer! — Vociferou seu pai, livrando-se do cinto da calça. — Temos que te pôr nos trilhos e educar todas as vezes? Não sabe o significado da palavra "obediência"? Seu noivo tem sido paciente com você, sabe por que? Pena! — A cada pergunta, dois ou três golpes da faixa grossa de couro eram desferidos na sua pele com brutalidade. — Humilhando nossa família por tantos anos... Foi um erro ter deixado que tivesse mais que uns messes de vida!

Seus lábios permaneciam selados e os gritos e gemidos de dor muito bem contidos, porém não era o mesmo com as lágrimas. O próprio corpo não aguentaria muito mais daquela tortura, encolhido e frágil. Você só queria que tudo parasse, que todos ali morressem da pior forma possível.

Esta foi a primeira vez que o seu ódio e amargura guardados por tanto tempo elevaram-se a um nível alarmante.

— VÃO PRO INFERNO! QUEIMEM ATÉ A MORTE! — Seus pensamentos se manifestam e você finalmente grita, as chamas refletidas nos olhos quando a última palavra fora pronunciada ficou ainda mais intensa. — APENAS ME DEIXE EM PAZ!

Seu pai cessou os ataques de repente, apoiando-se na mesa próxima ao sofá com dificuldade para respirar, outro barulho foi ouvido no cômodo ao lado, um baque no piso de madeira, no entanto o ódio consumia cada vez mais o seu coração e não deu atenção o suficiente. Estava cansada de suportar as práticas sádicas daquele velho.

— Queime até que não lhe reste nada! Eu não quero mais nada com vocês! — Disse em fúria.

As tosses do mais velho estavam ficando piores e, como se tivesse queimando de dentro para fora, fumaça saía das narinas, boca e ouvidos antes do mesmo tornar-se uma pessoa em chamas. Aconteceu tão rápido que sua mente era incapaz de processar aquilo.

Não sabia quanto tempo ficara paralisada, mas agora toda a casa estava repleta de fumaça e gritos podiam ser ouvidos, o corpo do seu pai, ainda deitado no chão a poucos metros, envolvido por chamas tão altas que dificultava ver sua figura. Você correu para fora do escritório, alarmada com o fogo que se espalhava facilmente por toda a construção, havia mais dois corpos caídos no corredor que reconheceu como sendo o de sua mãe e um pouco mais a frente o de seu irmão.

— Luka! Não! Não! Não! — O desespero ficou ainda maior enquanto você corria para perto dele, jogando-se no chão sem sentir qualquer dor pela surra de antes. Ele estava começando a entrar em combustão também. — Luka! Abra os olhos! Não... — Todo o seu corpo tremia mesmo com as chamas ao redor que lambiam as paredes e subiam até o teto que ameaçava cair, espalhado ao redor dos corpos dos seus parentes, porém elas não lhe causavam qualquer dano, nem mesmo uma queimadura. — E-Eu não quero isso! Não o meu irmão!

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