1 ࿐ྀུ mel

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Os gritos do galo do vizinho nunca falhavam em acordar o jovem de cabelos cor de mel. Mesmo assim, sua natureza não era de quem se regozijava em levantar antes mesmo do sol nascer, permanecendo sob os lençóis até que Tail o chamasse.

E o mais velho logo o fez, como fazia todas as manhãs.

Adorava cada mísero momento e cada pequeno costume que compartilhavam durante o dia. Sabia que o trabalho lhe exauria as forças e, por isso, era raro conseguirem ter boas conversas depois de o sol se pôr sem bocejos e pálpebras pesadas do Moon. Uma vez que se cansava, eram dois navios mal iluminados na noite... que passavam sem ver-se um ao outro.

Sua cama afundou com o peso do homem que considerava um irmão mais velho, ou, dependendo do momento, um pai.

"Bom dia, raio de sol"

Numa brincadeira interna, o mais novo abraçou o Moon e soltou um grunhido reclamão, ganhando vários beliscões de brincadeira. "Vamos, Haechannie, hoje vai ser um ótimo dia! Se apresse logo, a lua voltou ontem e a Deusa nos convida ao trabalho."

O menor sorriu e sentou-se ainda letárgico. "Ainda temos pão?" questionou enquanto o mais velho se retirava do recinto, respondendo-o enquanto descia as escadas:

"Vou preparar agora. Arranje os pedidos dos seus colegas de hoje, sim?"

Radiante com a promessa do alimento quentinho e fresco que receberia, pôs-se a realizar sua higiene e as tarefas rotineiras. A ventania noturna havia sido o suficiente para secar todas as peças de tecido que estavam no varal e o jovem recolheu-as, dobrando e guardando em seguida. Organizou tudoa e tratou de verificar os livros em sua bolsa para a aula que teria mais tarde. Foi até a porta cantarolando e sorriu ao encontrar a garrafa de leite no batente, olhando de um lado para outro para ver se conseguia enxergar o entregador, mas sem sinal de Yangyang, garoto por quem tinha bastante estima.

Entrando novamente, percebeu Tail assobiar a mesma canção que ele próprio brincava entre os lábios. Se movendo com leveza pelo pequeno espaço que chamavam de cozinha, pegou o necessário e organizou a mesa, indo até a janela escolher um punhado de flores para colocar num vaso, num enfeite improvisado, mas caprichoso.

Subiu novamente para arrumar a roupa de cama do Moon e a sua própria antes de deslizar em suas meias até o quarto de serviço. Quase pisou no punhado de botões e a fita métrica que tinha esquecido no chão no dia anterior, agradecendo à deusa por ter sido ele e não Tail a encontrar a bagunça.

Verificou com cuidado o pedido antes de pegar o embrulho. Fechou, escolheu uma boa fita para prendê-lo e, por fim, pegou a pena e usou sua melhor caligrafia para escrever o nome do freguês. Sorriu sozinho pensando que, não importava o cuidado empregado ali, provavelmente chegaria às mãos da senhora Huang um verdadeiro trapo, levando em consideração a total ausência de delicadeza de Xuxi.

Terminou bem a tempo de sentir o aroma inebriante de pão fresco e adiantou-se para se juntar ao Moon à mesa.

"Terminou com as encomendas?" - Tail perguntou, já servindo a comida no prato do menor.

"As? Havia mais de uma?"

"Oh, sim, o senhor Lee precisava acertar a fivela de seu cinto, já estava pronto."

Mil borboletas alçaram vôo na barriga do mais novo e ele tentou fingir que estava bem. "Não se preocupe, eu levo"

E Haechan estava muito ansioso para isso, com certeza. Ele entregaria para o filho do senhor Lee, o garoto que era o responsável por seus suspiros mais secretos.

Poção do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora