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- Não acredito que está me obrigando a isso.
- Vai ser bom pra você.
- Bom pra mim é chocolate e netflix.
- Sem brincadeirinhas, Harry. Você vai e ponto.
- Mas eu não quero e não vou entrar lá.
- Ela ta te esperando.
- Não mãe! Eu to otimo não preciso ficar 1 hora sentado olhando pra cara velha dela me fazendo perguntas tipo: você está bem? Está sentindo alguma coisa? Gosta de arroz? Consegue enxergar quantos dedos tem aqui? Quer chorar?
- Harry não vai ser assim.
- Vai ser pior.
- Anda!
- Você vai mesmo fazer isso com seu filhinho do coração?
- Vai ser ótimo pro meu filhinho do coração então sim. Agora entra antes que eu te empurre.
- Até parece que conseguiria me empurrar. Ta já to indo.

Harry entra na sala e fecha a porta.
- Bom dia, Harry.
- Olá.
- Sente-se. Fique à vontade.
- Aham.
- Pela sua cara já está entediado.
- Você é boa hen.
A moça sorri rabiscando alguma coisa em um bloco.
- Bom, Harry. Vamos direto ao assunto, você está aqui porque...
Da um espaço para o Harry responder mas ele permanece calado.
- Não há nada para me contar?
- A gente não se conhece então tecnicamente eu teria minha vida toda pra te contar.
- Ok, mas... Quero saber o motivo de estar aqui.
- Ata. Minha mãe me obrigou, ela é assim mandona mas é uma boa pessoa sabe. Ela é enfermeira e trabalha bastante, aparenta mais nova do que é e tem seu charme por isso ja está no segundo casamento o que eu acho ótimo porque o cara é até que aceitável, na verdade eu adoro ele...
- Harry. Tudo bem, obrigado por se abrir comigo. Mas acho que quero saber mesmo sobre seu amigo, qual mesmo o nome dele?
- Hm... Niall?
- Louis.
- Ata ele.
- Sim. Há quanto tempo se conhecem?
- Desde os meus 12 anos.
- E como conheceu ele?
- Num campinho que funcionava perto de casa, a gente jogou futebol junto.
- Vocês dois e mais amigos?
- Não. Na verdade, naquele dia foram só ele e eu. Eu estava sozinho jogando com o vento e então ele apareceu.
- Legal. - rabisca na folha - Vocês dois tinham um amor pelo futebol, né?
- Pois é. - sorri - E ele era ótimo.
- E você?
- Ah, acho que não sou tão bom fora do videogame.
- Por que acha isso?
- Sei lá, eu sempre era o ultimo a ser escolhido nos times da escola então meio que deduzi minha não super habilidade.
- Entendi. Desde aquele dia vocês se tornaram grandes amigos, certo?
- Certo.
- E anos depois? Você pode me dizer o que houve?
- Tipo... Quando eu comecei a... - balança as mãos pra não ter que continuar a fala.
- Isso.
- Bom eu, sei lá a gente tinha nossa amizade normal, como sempre. Fazíamos a mesma coisa era tudo igual. Só eu que acabei mudando mesmo.
- E quando descobriu que tinha... " mudado " - faz o sinal de aspas com os dedos - Como agiu?
- Fiquei meio assustado né, acho que com qualquer um é assim. Eu só me abria em um diário, escrevia tudo lá, tudo o que eu sentia e tal. Dai minha mãe descobriu e foi super compreensiva e até me deu coragem pra assumir pra ele.
- E você fez?
Balança a cabeça positivamente.
- Quer me contar como foi?
Harry se ajeita na cadeira e coça a testa antes de continuar.
- Ele não aceitou muito bem. Você ja deve imaginar como foi. Ele ficou bem bravo e eu dou razão. Brigou comigo e me xingou, então eu saí da casa dele e acabou.
- O que acabou?
- Tudo.
- Tudo?
- Esse assunto, nossa amizade, ele.
- Vocês se falaram depois disso?
- Nem uma palavra.
- Por que?
- Olha, ele simplesmente viajou com os pais. Foram morar em outra cidade meio longe daqui. E nunca mais deu notícias. Até que...
- Até que?
- Numa segunda-feira, foi quando a mãe dele me ligou pra avisar o ocorrido.
- Ele teve uma overdose, certo? E você nunca soube de nada?
- Nada. Ele nunca me disse e isso me deixou intrigado já que sabíamos tudo um do outro.
- Por que acha que ele quis te poupar disso?
- Ah, porque ele não queria que eu sofresse com antecedência, acho. Se eu soubesse ia tentar afastá-lo justamente pelo medo de o pior acontecer. E talvez ele não quisesse ser parado. Talvez ele quisesse experimentar uma aventura nova. Eu ja disse que ele amava aventuras? - as lágrimas rolando pelo rosto de Harry é perceptível. 
- Harry, você foi ao velório?
- Não, porque foi na cidade em que ele estava morando e como era longe eu não pude ir. E também não sei se suportaria.
- Por que acha que não suportaria?
- Vê-lo alí, deitado, gelado, pálido. Sem vida, isso é torturante. Pra quem via aquele menino correndo e gritando por aí, nutrido por um energia frenética. Ele era tão alegre, tão eufórico. Muito escândaloso também. - sorri - Ele não merecia isso.
- Ninguém merece uma morte assim.
- É mas eu não conheço o ninguém. Eu conhecia o Louis e sei que ele não merecia nada disso. Ele era um garoto tão especial que eu nem sei dizer ao certo o que nele me fez amá-lo tanto. Só sei que eu o amava, e o amo mais do que qualquer coisa.
- Eu sei... Harry. Escute, lamento por isso. Você nunca teve muitos amigos. Sempre foi o ultimo a ser escolhido pelos colegas. Não teve o papel de um pai na sua vida, e o de mãe não aparecia sempre. Eu entendo o seu desespero em encontrar um porto seguro, algo sólido que permanecesse na sua vida e onde você pudesse se apoiar pra crescer. Mas eu não entendo como escolheste essa forma tão dolorosa. É novo pra mim.
- O que está falando?
- Eu não sei como, mas você conseguiu criar um mundo todo, distinto do seu, dentro da sua cabeça. Criou uma família, criou dramas e cenas, você criou um personagem.
Harry, o Louis não existe, nem nunca existiu.

TIROS TIROS TIROS
ESSA E A MINHA PARTE FAV DA FIC DÓI TANTO O CORAÇÃO NÉ AI MEU DEUS
DESCULPA FAZER VCS SOFREREM TANTO
AMO VCS BEIJINHOS
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AND IF ♡ LARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora