Capitulo 2 - Venda

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Quantos dias faziam que eu estava naquela cela? Não sabia ao certo. Mais de três, com certeza. Não havia janelas naquela cela, então era impossível contar as horas. A luz estava sempre ligada. E nem preciso mencionar que não havia relógios também. Meu celular, bem guardado no bolso apertado do meu shorts não ligava, talvez a bateria tenha acabado, talvez tenha estragado. Mas tudo bem, algo me dizia que se eu ligasse para a polícia ninguém atenderia.

Eu nunca dormi tanto em minha vida. Normalmente os pensamentos ansiosos não me deixavam ter noites tranquilas. Sempre havia alguma coisinha atrás da minha cabeça sussurrando ansiedades. O engraçado é, depois do desespero tudo o que me restou era o sono. E era tudo o que queria fazer, tudo o que me fazia esquecer que eu estava ali.

Todo o alienígena que passava perto da minha cela não me via. Era como se não houvesse cela ali, somente mais parede. Então chamar por socorro era inútil. Não gastar minhas energias pedindo ajuda parecia ser a melhor opção. Afinal, eu não comia nem bebia a dias, com certeza mais de 3 dias.

Do meu lado havia outro humano, mas o homem não falava minha língua, nem mesmo inglês, nem mesmo espanhol. Suspeitava que era algo em árabe, era difícil até mesmo fazer qualquer julgamento pois nunca vi o seu rosto, nem ele o meu. Às vezes eu acordava com ele chorando. Mas nada contra, afinal ele devia estar sendo acordado pelos meus.

Bom, logo eu iria morrer certo? Nos filmes eles comem a própria perna para se manter vivos ou coisa do tipo. Quando a situação de vida ou morte realmente acontece com você comer a própria perna não é algo muito realista. Duvido que teria até mesmo forças para fazer algo parecido.

Agora era só esperar. Esperar e dormir. Se eles pudessem pelo menos desligar aquela maldita luz.

Então uma sombra se forma e por um segundo imaginei que meu desejo se tornava realidade. Eles apagaram a luz? Mas era um deles. Seu corpo tão maciço que a sombra cobria a cela inteira.

Oh não.

Ele abriu a cela e eu temi pelo pior. Morrer de fome agora parecia ser melhor do que ser rasgada no meio por um monstro.

O monstro me joga em seu ombro como um saco murcho. Ele me carrega pelo corredor, passando pela cela do homem ao meu lado. Finalmente o vejo, seus olhos negros estavam aterrorizados.

Ele me coloca no chão quando chegamos ao destino. Tento me manter em pé encostada na parede enquanto ele conversa com mais três da sua espécie. Aquela sala parecia mais suja que minha própria cela, possivelmente frequentada por mais pessoas. Minhas pernas não aguentam e eu deslizo até ficar sentada, sem energias para tentar fugir. E, sinceramente, fugir não era a melhor ideia no momento.

A conversa entre eles chega a um final e o menor (e menos intimidador) vem em minha direção. Sem dificuldade alguma ele rasga com as próprias mãos minhas roupas. Agora ele parecia o mais intimidador dos três, e mesmo exausta eu não consigo me manter cativa.

Tento resistir, mas ele não dá muita bola para minhas mãos atrapalhadas o empurrando enquanto rasga meu sutiã e calcinha. Meus olhos se enchem de lagrimas, talvez para eles não significasse muito, mas para humanos estar nu significava vulnerabilidade, humilhação.

Água gelada é jogada no meu corpo e com um objeto redondo ele esfregou minha pele. Quando ele acabou minha pele ardia e meu corpo tremia, não de frio, mas medo. Sento novamente, abraçando meus joelhos, me mantendo o mais minúscula possível.

Tenho uma trégua por alguns segundos, minha respiração voltava ao normal. Então, dois deles saem da sala. O mesmo que me carregou fica junto comigo. Eu o observo enquanto ele se aproxima. Ele iria fazer? Finalmente acabar com minha tortura? O alien para em minha frente, olhando para a porta e, mesmo com seu rosto esquisito, consigo ver um rastro de sentimento. Medo? Não. Mas ele estava atento a algo. O lagarto me oferece uma garrafa escura, seus olhos continuavam na porta.

Romance AlienígenaWhere stories live. Discover now