Capítulo único

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|E se reescrevêssemos as estrelas?|

- Tem certeza, Manuel? - Perguntou Beatriz após pararem em frente à casa do garoto, ainda com um pé atrás diante da ideia.

- Sim, fique tranquila! - Tentou acalma-la e segurou suas mãos - Eu vou apenas pegar minha câmera no meu quarto e já volto.

- Certo. - Concordou ainda meio insegura; afinal, a reação de um Gutiérrez pode ser bem negativa ao ver uma Urquiza.

O espanhol deu um beijo na testa da brasileira e abriu a porta da frente, logo entrando no local. Enquanto esperava, Bia encostou o corpo de costas para as paredes da casa, ao lado da porta; sem deixar de bater os pés no chão, nervosa.

Ela não conseguia parar de pensar nas varias reações ao vê-la parada do lado de fora de suas casas. Qualquer Gutierréz a julgaria da pior forma possível e, digamos que ela já estava farta de brigas entre as duas famílias. Tudo por causa de um acidente.

Fechou os olhos ao recordar do terrível acontecimento, o começo de tudo. Do qual os Gutierréz culpam sua irmã pelo ocorrido, mesmo sendo apenas um mero acidente. Será que as pessoas não entendem que ninguém teve a culpa? Ninguém sabia o que poderia ou não acontecer. Infelizmente, aconteceu o pior, mas como poderiam adivinhar?

- Você por aqui, Urquiza? - Fechando os olhos com mais força, Beatriz reclamou mentalmente sobre a lerdeza de Manuel. Abriu logo depois, endireitando a postura.

Quando abriu a boca para responder Alex, o espanhol sai da casa sorridente com sua câmera pendurada no pescoço. Mas seu sorriso desaparece logo que percebe a presença do primo.

- Por favor Alex, só vai embora. - Pede Manuel, sem paciência. Ele lentamente se aproxima de Bia e para um pouco a sua frente em um gesto de proteção.

- Tem certeza que vai continuar com isso? - Ignorando o pedido, Alex gesticula com uma careta ao casal á sua frente. - Não vale a pena se relacionar com a família de uma assassina.

- Não vou deixar que você fale assim dos Urquiza! - Manuel deu um passo à frente, aumentando o tom de voz.

- Primo, só estou te avisando: - Com uma pausa, o argentino também deu um passo à frente, ficando cara a cara com Manuel - Tome cuidado! Você vai se arrepender de namorar a irmã de uma assassina mais tarde.

Fechando os punhos, Manuel deu mais um passo, pronto para reagir ao primo, se preciso. Beatriz não conseguia dizer nada, estava paralisada observando a cena. Nunca vira Alex falar com tanta violência de sua família; aquilo doía muito.

- Alex, estou te avisando: - Repetiu a frase do primo, logo continuando - Saia da minha frente agora, antes que eu perca a cabeça.

- Como quiser! - Disse Alex, calmamente, com as mãos levantadas em forma de rendição - Está avisado!

Piscou para Manuel antes de entrar em casa, não sendo nem um pouco rápido.

Após o fechar da porta, o espanhol se vira bruscamente para Bia, que continua parada.

- Desculpa...

Mal teve tempo de terminar a lamentação, Beatriz já estava correndo em direção do parque. Passos largos e rápidos, e lágrimas escorrendo sem parar por seu rosto. Ela apenas ouvia os chamados de Manuel atrás dela.

Quem olhava a cena, sentia pena do pobre casal. Provavelmente pensando num término ou numa possível traição.

Mas na verdade, a razão pelos vários términos que já tiveram, foi unicamente briga entre as famílias. E Beatriz já não aguentava mais. Ouvir alguém falando assim de sua irmã a corroía por dentro. Como que Alex não podia entender que não foi o único a perder um irmão?

Reescrever as estrelas - Binuel One ShotOnde histórias criam vida. Descubra agora