JOALIN P.O.V
O espaço no restaurante, estava praticamente cheio nesse dia, sentei-me ao lado de um senhor com um ar muito sério. Tudo se proporcionou para que o senhor metesse conversa comigo, que a mulher entretanto chegasse também para almoçar, que eu descobrisse que ela é reikiana e que passados uns momentos de conversa me lesse a alma e batesse tudo certo.
"És uma boa menina, muito responsável, mas ainda há muita magia nesses olhos, muitos sonhos, muitos sonhos. Não queres crescer, queres continuar a ser criança" - disse ele falando, com alguém no telefone, porém consegui ouvir, e esse trecho me fez lembrar da minha infância...
As lágrimas ficaram-me presas. Era verdade. Sou uma moça de quase 21 anos, que parece ter 17 e que tem passado a vida a ver a surpresa reflectida, na cara das pessoas, e o desprezo nas minhas opiniões e iniciativas. Não sei onde me perdi, mas se em criança queria ser grande, entretanto o medo de crescer apoderou-se de mim, não sei bem onde nem porquê.
Despedi-me, agradeci, desejaram-me felicidades e saí.
As minhas reflexões sobre a vida acentuaram-se mais ainda depois deste acontecimento.
Quem me tornei? O que podia ser e não sou? Ou será que vou ser? Ou basta ser como sou?
O que é afinal ser adulto? E porque parece que somos adultos cada vez mais tarde?
Você provavelmente deve se lembrar de quando corria com os amigos pelo pátio do colégio, ou quando não perdia seu filme favorito na TV e escolhia entre biscoitos e bolachas eram as suas maiores (e mais difíceis) preocupações.
Um belo dia, como que despertando de um sonho, tudo isso muda.
Chegam os gastos com as propinas da faculdade, algumas correspondências em seu nome (que você logo percebe que eram boletos e que não iam ser pagos sozinhos) e até mesmo escolher o que comer vira uma difícil tarefa.
Mas quando você percebeu que tinha se transformado em um adulto? E, afinal, o que é um adulto?
“Uma criança inchada pela idade”?
Parece existir um sentimento latente, em nos provarmos adultas para nós mesmas e para os outros nos dias de hoje.
Novos formatos de família, de trabalho e mudanças tecnológicas profundas, contribuem para essa fase que estamos vivendo.
O mundo está em um ritmo totalmente novo, e podemos aproveitar toda a potencialidade disso, tudo para nos tornar pessoas melhores.
A minha geração foi das que mais cursos superiores tirou, logo, a entrada no mercado de trabalho foi mais tardia, o desemprego também nos apanhou desprevenidos, e por isso permanecemos mais tempo em casa dos pais.
A mãe fazia a comida e lavava-nos a roupa, tinhamos liberdade para sair quando nos apetecesse. Entretanto arranjamos um emprego, carro e casa e filhos e passámos a ter a responsabilidade de manter tudo isto.
por isso ganhamos "mais cabelos brancos" a dar-nos aquele charme. E alguém passa a definir-nos como um homem ou uma mulher adultos.
Mas ser adulto será isto?
Eu não sei exatamente quando comecei a prestar atenção nesses momentos aparentemente insignificantes, mas que se tornaram uma espécie de ‘marcos da vida adulta’ para mim.
Pode ter sido na primeira vez que passei reto em uma vitrine de chocolates do supermercado, ou que escolhi o brócolos no lugar da lasanha congelada.
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A Modelo - Noalin
Short StorySó lendo pra descobrir! Você poderá gostar! Vai mesmo passar sem ler? Experimente não irá se arrepender!