5 - Olhos que Encantam

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A sexta-feira chegou se arrastando para Jorge, que aguardava ansioso

esse dia. Gabriela o havia convidado para ir com ela em um barzinho

assistir a amiga Heloísa cantar, e ele aceitou imediatamente. No decorrer da

semana, escondeu a ansiedade para escapar das piadas de Diego. Somente a

irmã conseguia notar. Era só topar com a moça que seu coração acelerava, e

quase rasgava dentro do peito quando a garota o lembrava do

compromisso. Será que também estava interessada nele? Ou o chamou

apenas como simples companhia? A verdade é que em seus sonhos podia

sentir o cheiro daqueles cabelos ruivos e ver a intensidade dos olhos azuis.

Nem mesmo Carla Silva — sua ex-namorada que o trocou por um

riquinho chamado Caetano Pessoa — lhe causava tantas misturas de

sensações indescritíveis. Sua vizinha era a mulher que despertava seus

desejos mais secretos, fantasias contidas... Era só pensar nela, que seu

corpo ardia de paixão. Por isso, não conteve o sorriso quando acordou.

Teve vontade de abrir a janela do seu quarto e gritar bom dia para quem

pudesse e quisesse ouvir.

— Meu irmãozinho lindo! Despertou feliz para um dia que nada tem

de especial — brincou Hannah.

— Ei, não vale ficar me zoando. Já não me basta o Diego!

— Não estou — ela disse, enquanto agarrava o braço dele. — Até já

separei a roupa que vai usar para causar uma boa impressão. Gabriela não

resistirá ao gato que você é!

— Não acredito que escolheu a roupa que vou usar! — exclamou

incrédulo.

— É claro que sim! Sabe que tenho bom gosto. Só não decidi a cor da

sua cueca porque não quero pensar em um possível momento sórdido.

— Obrigado, então — ele respondeu, sem saber se a irmã fez isso por

zelo ou porque insinuava que não sabia se vestir adequadamente. — Não

vai para o estágio no escritório hoje?

— Me deram o dia de folga. Tinha horas extras.

— Que bom saber que não é explorada como sou. Vou indo e

comporte-se bem.

Hannah riu do jeito de paizão que o irmão falou.

— Prometo não quebrar nada! — provocou, vendo-o sair com o carro

velho em que entrou.

Sozinha em casa, aproveitou para fazer uma faxina na sala e na

cozinha. Ligou o som em um volume considerado alto, aproveitando que

não tinha ninguém em casa, e nem na do lado, para reclamar da música.

Cantou e chegou a dançar com a vassoura na mão. Eram raros os

momentos em que se sentia livre.

Terminou a limpeza e correu para o fogão. Faria umas panquecas para

Eles & Elas (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora