Alice
Quando eu desci para tomar o café da manhã Clara já estava pronta, com o cabelo todo trançado e cheio de pontos de luz, sem falar na maquiagem dela. Ela é exatamente igual à mim quando era pequena, porém hoje não vejo mais tanta graça no 1° dia de aula. Uma calça jeans e uma blusa são o bastante para esse evento o diretor falou que não precisa ir de uniforme nesse mês.O café da manhã foi feito como Clara havia contado um Nescau quente com um misto, na minha opinião o melhor café da manhã que poderia ter. Clara senta pra tomar café no chão, já que ainda não compramos uma mesa ou um sofá, começo a me servir e minha mãe aparece na cozinha.
- Bom dia, meu amor! Dormiu bem? –pergunta ela com o tom mais amável que eu conheço.
-Bom dia, mãe! Bença, dormi bem sim e a senhora?- respondi enquanto dava um abraço nela.
-Deus te abençoe! Olha eu dormi tão bem que nem senti a Clara se mexendo essa noite.-responde ela sorrindo.
-Que bom que a senhora não sentiu, já eu não tive a mesma sorte!- respondo em um tom provocador.
-Ei, não é culpa minha!-Clara se manifesta na conversa.
-Ah claro que não é, a culpa é só do seu corpo!-respondo rindo sabendo que ela já está um pouco irritada.
-Ai, desculpa então, chata!- responde ela fazendo bico.
-Tá bom, dona Clara! Agora vamos que já estamos atrasadas. Mãe a senhora vai ficar só em casa hoje ou tem algum médico?- pergunto.
-Hoje eu vou ficar em casa arrumando algumas coisa, o sofá e a TV provavelmente chegam hoje.-responde ela
-Tá bom, mãe! Clara, vamos logo! – como sempre eu preciso apresar clara que demora um século para escovar os dentes.
-Vamos to pronta! – ela fala enquanto sai do banheiro sorrindo.
Pego a chave e dou um beijo na minha mãe e falo no ouvido dela para Clara não ouvir "qualquer coisa me liga, por favor. A senhora sabe onde tem coisas para se defender e se esconder sem falar no número de emergência" ela responde que sim com a cabeça e me dá um beijo. Antes de sair pela porta olho pelo olho mágico afinal todo cuidado é pouco.
A escola não é tão longe da nossa casa, são só duas quadras, no caminho Clara vai sorrindo e como sempre eu fico atenta a qualquer pessoa em volta da gente, mas pelo visto a pequena percebeu, sinto ela aperta minha mão e eu olho para ela e com o olhar mais carinhoso ela diz:
-Eu sei que você e a mamãe não me contam tudo, mas não precisa ficar tão preocupada, aqui ele não vai nos achar, estamos juntas nessa. Qualquer coisa a gente liga para tia Patrícia, ela vem ajudar a gente.
Como não amar essa pequena?
-Pode deixar meu amor, eu vou relaxar! Te amo muito!
E ela sorri.
A maior diferença de vim do interior para o centro é a quantidade de pessoas na rua, pode não parecer, mas é de assustar. Quando chegamos a escola procuramos a sala do 5° ano, fica no primeiro andar sala 6, deixo minha irmã e vou tentar encontrar a minha sala pelo que eu me lembro é no quarto andar, agora preciso descobrir a sala. Assim que subo as escadas vejo um mural enorme com o número da turma e a sala. Tem só duas turmas de terceiro ano, ou seja, um andar para 2 turmas, que escola enorme. Comecei a procurar meu nome na chamada e achei bem rápido já que meu nome começa com a letra A.
Turma 3001, sala 1. Até que não foi tão difícil assim.
Eu fico imaginando o valor da mensalidade dessa escola, mas minha avó e a tia Patrícia insistiram pela nossa segurança, elas nos ajudam muito, na verdade elas estão nos mantendo até minha mãe voltar para trabalhar lá no escritório delas. Só de falar minha mãe fica empolgada, mesmo tendo engravidado de mim ela conseguiu terminar a faculdade de administração e ajudou a minha tia a montar e também ajudava a administrar, mas ela precisou sair do emprego por um motivo ridículo, que só de falar estraga meu dia.
Quando eu entro na sala percebo que a turma é bem grande e que as carteiras tem o nome de cada aluno, me lembro que quando eu vim me matricular semana retrasada eu preenchi um formulário que perguntava sobre problemas de visão ou respiração acho que era pra isso.Consigo achar o meu lugar bem rápido, fileira da mesa do professor na terceira cadeira tinha meu nome escrito ali, me sentei e esperei até a aula começar.
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Talvez agora
FanfictionAlice uma menina de 17 anos que vive com a mãe e com sua irmã, depois que as três conseguem se muda de vida e recomeçar ela ainda continua com medo do seu tenebroso passado que a assombra todas as noites dia após dia. Caio um menino que nunca teve o...