Eram cinco da manhã e eu ainda me encontrava deitado em minha cama, encarando o teto decorado com estrelas que adornava o quarto.
Não devia ser fácil me distinguir entre o amontoado de lençóis com os quais me cobri durante minha inquieta noite de sono, mas isso era definitivamente a última das preocupações que tinha.
Estava mais focado em não olhar, em momento algum, pela janela do quarto, a qual dava para a frente da casa e, consequentemente, não olhar para o portão ou a caixa de correio que o ladeava, embutida ao muro.
Era o dia em que Yunho deveria voltar do exército, o fim de mais uma missão para a qual fora designado.
Também era o caso onde duas opções eram possíveis para quem ficava para trás, esperando que o ente querido voltasse: Alguém entrado em casa e reencontros quentes, tocantes e regados a lágrimas e sorrisos, ou um frio telegrama do alto comando anunciando que o soldado morrera em combate em algum momento entre os cinco dias que antecediam a volta e não iria retornar para seu lar.
Esse era o tipo mais comum para aqueles que veem seus parentes sendo designados para esquadrões especiais, o qual, infelizmente, era o meu caso. Yunho fazia parte do décimo terceiro esquadrão especial, entre todos os vinte e cinco existentes.
Um dos responsáveis pelos casos no Oriente Médio.
O que ficava na linha de frente.
Talvez por isso, mesmo já tendo passado por tal angústia várias vezes antes, eu ainda sentisse tanta ansiedade.
Contei as estrelinhas presas ao teto, tendo certeza de que permaneciam na mesma quantidade de quando contei há cinco minutos atrás.
Estava nevando e eu não precisava olhar através do vidro para saber disso.
O silêncio que vinha da rua entregava a baixa temperatura, a qual influenciava as pessoas as se entocarem em suas casas, onde fazia mais calor.
Entretanto, mesmo sob as diversas camadas de edredons, eu ainda sentia que congelaria até a morte dentro daquele cômodo.
O nervosismo fez minhas extremidades gelarem absurdamente e qualquer defesa caiu por terra enquanto eu me recusava a levantar e esperar para ver quem chegaria a minha porta: meu homem, ou o carteiro.
Em dois minutos, minha mente conseguiu elaborar mais de quinze reações diferentes que meu corpo poderia ter caso recebesse o telegrama e mirabolou cerca de 35 futuros diferentes que não continham Yunho ao meu lado.
E levou apenas meio minuto para perceber que nenhum deles era feliz.
Meu celular vibrou no criado mudo e o nome de Wooyoung brilhou na tela, causando-me um leve sobressalto.
-Fala, Wooyoung, o que é? - resmunguei, ainda com o corpo tenso preso sob as camadas de tecido.
Porém, minha ignorância foi esquecida quando um soluço ecoou do outro lado da linha.
-O carteiro esta passando por nossa rua - Ele murmurou, entre o choro. - Ele deixou algo em minha caixa de correio, Mingi. Eu não quero ir ver o que é.
O marido de Wooyoung, San, servia junto a Yunho e deveria voltar para casa com ele. Ambos eram amigos de infância e quando um se alistou, o outro acabou acompanhando-o nos anos de serviço.
Então se o carteiro deixara algo para o Jung, provavelmente também deixaria para mim.
Orientei o mais novo a respirar com calma e disse para que ele não antecipasse, pois poderia ser outra coisa, uma conta enviada via correio, uma carta de sua mãe, uma propaganda, qualquer coisa que não o fatídico telegrama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Telegrama
Fanfiction"Era um homem adulto, casado, formado e feito. Não podia me portar de forma escandalosa frente à alguém que trazia uma mensagem do alto escalão. " Ou "Onde Mingi desejava que Yunho estivesse bem. Pois só deus sabia o que seria de sua vida se isso n...