Ninguém Explica Deus (Concluído)

Capítulo Dezoito

O voo foi longo, desconfortável e inquietante para Emma. O avião passou por diversas turbulências, ainda fizeram duas escalas e o sono dela estava praticamente desregulado. Como se não bastasse para piorar tudo, sua menstruação acabou descendo e ela passou as horas restantes sofrendo com dores na coluna e fortes cólicas, mesmo tomando analgésicos.

Foi um alívio quando finalmente o avião pousou no aeroporto de Nuku'alofa, a capital de Tonga. Após mais de dez horas de voo, tudo o que ela queria era um banho e uma cama.

— Estamos muito longe de nosso destino? — ela pergunta ao marido, olhando ao redor.

— Um pouco. Vamos passar a noite na casa do pastor Richard, ele mora aqui na capital. De balsa dá uns quinze minutos.

— Balsa? — indaga, já sentindo o estômago embrulhar. — Eu costumo enjoar em barcos, Ethan.

— Nem balança tanto, Emma. E além disso pode tomar um remédio de enjoo antes.

— Não tem táxis ou Uber por aqui? — pergunta, pondo a mão na cintura.

A pergunta dela o fez rir.

— Tem táxis sim, porém nenhum deles leva até mais perto de onde ele mora. Vamos de balsa, Emma. É melhor que se acostume logo, pois usaremos esse tipo de transporte por quase todo tempo.

— Ethan, é sério, eu enjoo muito rápido. — insiste, já zangada e com as emoções prestes a explodir por conta do período menstrual.

— Não temos outro meio, ou é esse ou passaremos a noite na rua, o que prefere?

Chateada, ela não responde mais nada, aceitando que era melhor irem logo para a casa do tal pastor.

Entrando na balsa e pagando suas passagens, ela e Ethan procuram logo por um lugar, porém o que a incomodou logo foi o fato de algumas mulheres nativas dali ficarem a observando fixamente.

— Por que estão me olhando? — sussurra baixinho perto do ouvido de Ethan.

— Deve ser por causa da sua magreza.

— Como é? — ela fica sem acreditar.

— Aqui em Tonga, ser obeso é sinal de beleza. Quanto mais gordo, mais bonito é.

— Isso é ridículo. — revira os olhos, estressada.

— Cada local tem seu padrão de beleza diferente, Emma.

— Vai me dizer que você agora vai me querer bem cheinha?

— Cheinha, gorda ou magra. Não importa o seu tipo de corpo, amo o que você é. — em seguida a abraça de lado, acariciando seus cabelos.

Os primeiros minutos na balsa foram tranquilos, porém não durou muito. Emma começou a enjoar e a ficar pálida da cor de um papel. Foi preciso que Ethan a levasse para o banheiro dali, que era apertado e por sorte estava limpo. Durante o resto da viagem, ela vomitou até não ter mais nada no estômago.

Quando a balsa chegou no cais, eles imediatamente desembarcaram e ficaram no aguardo do pastor. O sol estava começando a despontar e a esquentar, e após ter vomitado muito, Emma ficou praticamente fraca com toda a quentura. Por sorte o pastor Richard não demorou, ele veio buscá-los de carro.

— Irmão Ethan! — os dois se abraçam. — Que bom que chegou! Como foi a viagem?

— Foi tranquila. Quer dizer, menos para a Emma. — diz, de mãos dadas com ela.

— Então estou conhecendo a famosa Emma! — sorri e aperta a mão dela. — Você era o assunto preferido do Ethan quando ele veio aqui pela primeira vez.