A única coisa que vejo é a escuridão, não consigo nem mesmo olhar para as palmas de minhas mãos. É como se eu tivesse afundando no meio do oceano, mas ainda assim, continuo ouvindo o som das gotas caindo ao longe, as gotas do choro dos anjos, a água infinita evaporada de um oceano distante. Senti o chão gelado por baixo dos meus pés, caminhei naquele lugar tão frio e repugnante, nunca senti aquele sentimento tão impotente que me humilhava ali. Caminhei durante mais algumas horas, não existia saída naquele lugar, talvez o meu castigo eterno seja caminhar infinitamente até encontrar a minha própria alma que eu perdi. Sou um humano, infinito de sentimento e amor, mas também posso te ódio de todos e me alimentar disso, sou um humano, quebrado e abandonado por si mesmo. Ódio sinto de meu reflexo, do meu amor, da minha compaixão, queria poder ser arrogante e egoista, talvez assim eu sofresse menos. Que inferno, que lugar tão frio e assustador será esse que eu caminho durante tanto tempo? Estou cansado, me ajoelho no chão.
Ao longe, posso ver finalmente o interruptor, mas me deitei no chão do meu quarto, frio e escuro. Fiquei por ali....meu quarto, todos os dias está maior....dentro da minha cabeça...
