✘ eleutheromania. (hiatus)

1.

Eleutheromania | s.
um intenso, e irresistível, desejo pela liberdade.

༄

JEONGHAN OBSERVAVA O mar pela sua janela.

Mesmo de longe, ele parecia tão majestoso e imenso, como se não tivesse fim. O garoto se pegou imaginando no que encontraria do outro lado do oceano. Aventuras? Seres mágicos? Feiticeiros? Ah, como Jeonghan queria descobrir. Porém, como sua querida mãe sempre dissera: querer não é poder. Jeonghan nunca poderia sair do castelo, quem dirá chegar perto do mar. No fim, seus sonhos não passariam disso: sonhos.

— Alteza, cuidado, esse sol de agora fará mal à sua pele! — A voz de seu criado pessoal ressoou em seus ouvidos, o acordando de seus devaneios.

— Está tudo bem, Minghao. — Jeonghan suspirou, ainda com os olhos colados na imensidão azul do oceano.

— Mas vossa majestade pediu para que...

— Como se já não bastasse ela controlar até o que eu como... — O príncipe resmungou e soprou uma parte de sua franja que entrara na frente de seus olhos. Jeonghan se afastou do parapeito da janela e encarou Minghao, lançando-lhe um sorriso sarcástico — Pronto. Satisfeito?

— Alteza, você sabe que não sou eu quem dita as regras. — O criado suspirou, cansado, e se aproximou do príncipe, afagando seu ombro com delicadeza.

— É, eu sei. — Jeonghan desviou o olhar até o chão — Me desculpe.

— Está tudo bem, eu imagino o quão frustrante deve ser. — Minghao andou até a escrivaninha e pegou uma bandeja, sorrindo na direção do outro — Eu trouxe biscoitos. São de morango, seus favoritos.

Jeonghan sorriu de volta e se permitiu ignorar a raiva crescente em seu peito. Minghao sempre esteve ao seu lado, não tinha porquê descontar suas frustrações no pobre coitado que sempre prezara pelo bem-estar do príncipe. Os dois sentaram-se no pequeno sofá, ao lado da escrivaninha, e começaram a comer. O quarto de Jeonghan era bonito e bem espaçoso, todo decorado pelos mais belos tons pastéis de rosa e azul, com detalhes mínimos na cor dourada; sem contar seus móveis, todos extravagantes e luxuosos. Entretanto, o príncipe começava a enjoar de todo aquele esplendor.

— Ouvi dizer que seu noivo chegou em Metis, e irá morar conosco aqui no castelo. — Minghao disse como quem não quer nada, escondendo o sorriso ladino, enquanto mordiscava seu biscoito de morango.

Jeonghan, no entanto, começou a tossir desesperadamente. Minghao arfou, assustado, e correu até a jarra de água ao lado da cama do príncipe, enchendo um copo com o líquido e entregando-o para Jeonghan.

— Ele, o quê? — O loiro disse após beber dois goles de água, respirando fundo em seguida.

— Chegou em Metis — Minghao recolheu o copo vazio e se sentou na outra poltrona — e irá morar aqui.

— Por quê? — Jeonghan reclamou, cruzando os braços.

— Porque vocês irão se casar daqui a um mês, oras, já esqueceu? — Minghao riu baixinho.

— Santo Deus, já é no próximo mês? — O príncipe choramingou — Ah, não.

— Está reclamando do quê? — O criado ergueu uma sobrancelha — Joshua é um homem deveras gentil e educado, sem contar que é muito bonito também. O marido perfeito!