3.

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JEONGHAN SE SENTIA afundando.

Não havia outra coisa além de água salgada ao seu redor, o engolindo mais e mais. A luz do sol ia se distanciando, acabando por se tornar um pequeno pontinho branco no horizonte. Seu peito doía, mas ele não se importava, a dor o apaziguava. Abriu um sorriso singelo enquanto sentia bolhas passearem pelo seu corpo como pequenos peixes curiosos. Ao virar seu rosto, pôde perceber, ao longe, a silhueta de uma mulher. Seus cabelos castanhos se moviam juntamente da correnteza do oceano, e, ao cruzar seu olhar com o de Jeonghan, ela sorriu.

O príncipe abriu os olhos no mesmo momento, arfando desesperadamente enquanto tentava recobrar o fôlego. Olhou ao redor e se lembrou onde estava. O navio de Seungcheol era maior do que o príncipe imaginava, tinha mais dois andares abaixo do convés: um onde estava as "camas" — que mais se pareciam redes — da tripulação, juntamente do estoque de suprimentos, e outro que servia como um depósito de armas. Jeonghan se encontrava no segundo andar, deitado em sua rede. Ao se levantar, sentiu as costas estalarem, foi uma noite um tanto mal dormida.

Subiu até o convés e estreitou os olhos quando a luz do sol o alcançou. Tudo parecia normal, nada de novo, cada um fazendo suas respectivas tarefas. Correu os olhos pelo deque à procura de Minghao, e o encontrou junto de um dos piratas, seu nome era Hansol, pelo que Jeonghan se recordava.

— Eu já limpei essa parte três vezes, Minghao. — Hansol ergueu as sobrancelhas. — Qual outra sujeira poderia estar aí?

— Várias! Esse navio fedorento deve carregar mil e um tipos de doenças, e vocês não estão nem aí! — o outro deu um pequeno chilique. Jeonghan pensou que Hansol iria se zangar, mas o pirata apenas riu.

— Você é engraçado. Quer limpar no meu lugar, então?

— Não! Meu trabalho é acompanhar e proteger o príncipe apenas!

— Então vá fazer isso. — Hansol respondeu, calmamente, se virando para o balde cheio de água e sabão ao seu lado. — Logo terminarei aqui, e te dou atenção de novo.

— Como é? — o rosto de Minghao se avermelhou. — Eu não preciso da sua atenção, seu... Ah! — o criado sorriu ao perceber a presença de Jeonghan. — Alteza!

— Bom dia, Hao. — Jeonghan riu baixinho.

— Boa tarde, isso sim. — o tom de voz sarcástico de Seungcheol reverberou pelo lugar, o capitão se encontrava perto do leme, ao lado de Seokmin. — Aqui as coisas começam cedo, principezinho, da próxima vez não vou ser tão complacente.

— Era para eu lhe agradecer por ter me deixado dormir mais algumas horas? — o loiro respondeu, irritado. No entanto, sentiu o coração apertar em seu peito ao perceber as vestimentas do outro. Seungcheol vestia uma camisa simples de cor bege, com os dois únicos botões abertos, juntamente de uma calça preta de couro e botas da mesma cor. Estava sem seu chapéu e sua faixa, então seus cabelos esvoaçavam livres com o vento.

Jeonghan nunca viu homem mais belo.

— Você adora rebater tudo o que eu falo, hein, criança. — o capitão riu e desceu até o convés.

— Eu não sou criança! — Jeonghan rosnou, sentindo o rosto esquentar.

— Mas age como uma. — Seungcheol passou por ele, o lançando um olhar sapeca. Jeonghan o seguiu com a cabeça, o coração, mais uma vez, apertando em seu peito ao sentir o cheiro amadeirado do mais velho.

— Ei! — Minghao estalou os dedos na frente dos olhos do príncipe. — Eu deixo você se apaixonar até por um mendigo pé rapado, mas, definitivamente, não um pirata fedorento!

✘ eleutheromania. (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora