Prólogo

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Andar no escuro nunca fora um problema para Tobirama. Ele era ágil como um felino e o mesmo podia dizer de sua visão e habilidade para se esconder em lugares estreitos. Ele gostava de se gabar de suas habilidades sempre que surgia a oportunidade, principalmente se na mesma ocasião pudesse mostrar a seus irmãos o quanto era incrível. Ele ria da expressão de admiração de Itama e provocava Kawarama e Hashirama pela pouca velocidade, que para as idades de ambos, atingiam uma velocidade impressionante, mas não para Tobirama. Ele era o melhor na rapidez, era furtivo; era o que ele pensava, pelo menos até aquele momento.

O jovem Senju andava desajeitadamente sobre o chão barroso da floresta, tentando desviar dos galhos das árvores que insistentemente tentavam agarrar o pequeno corpo para puxá-lo para trás. Curtos cortes foram feitos nas bochechas e sobre as pernas descobertas pelo kimono negro que usava, fazendo-o se arrepender de ter insistido tanto em escolher as próprias vestes para aquela noite — o kimono estava curto demais para ele.

Tobirama bufou de raiva, parando por um momento e ajeitando os cabelos que estavam bagunçados e com pequenas folhas presas aos fios brancos.

Fugir nunca havia sido tão difícil como naquela noite. A lama criada pela chuva de horas atrás dificultou seus passos juntamente com as vestes das quais não estava acostumado a usar para aventuras como aquela, que seguia para onde nunca havia ousado pisar antes. Tobirama nem ao menos deveria estar do lado de fora. Ele não sabia muito bem aonde estava indo, apenas queria se afastar o quanto fosse possível.

Era Natal, e os Senju estavam reunidos para celebrar aquele dia. Tobirama gostava do Natal, porém, naquele dia em especial, a data não estava tão alegre como costumava ser. Seus pais haviam viajado, deixando ele e seus irmãos aos cuidados dos empregados da casa. Tobirama não entendia como poderiam deixá-los em uma data que costumava ser tão importante para a família; Hashirama, seu irmão mais velho, dizia que quando Tobirama fosse mais velho, entenderia.

Tobirama riu sozinho, passando a andar devagar pela floresta.

Hashirama agia como um adulto quando era apenas um ano mais velho que ele próprio, e se perguntava o que um garoto de dez anos saberia mais que um que tinha nove.

Tobirama se irritava com aquela superioridade com que os mais velhos que ele o olhavam. Nos olhares de alguns, havia autoridade, em outros, era como se ele fosse a coisa mais fofa que já haviam visto. Este último era o que mais o irritava, e era o que se via com frequência na festa daquela noite.

Seus pais não chegaram a tempo de recepcionar seus próprios convidados para a festa natalina, então Tobirama e seus irmãos ficaram responsáveis pela distração dos presentes. Não aguentava mais toda aquela atenção, falsa simpatia e apertos em suas bochechas que ainda podia sentir que latejavam enquanto adentrava ainda mais na floresta.

Respirou fundo, tentando recuperar o folego. Sem perceber havia andado mais que o esperado. Parou por um instante, pensando em que faria a seguir. Seu plano era fugir da festa sufocante, mas não havia pensado para onde. E foi depois de longos minutos que realmente se atentou que estava extremamente frio, escuro e tinha nada para fazer ali.

Tobirama bateu o pé com força sobre o chão e cruzou os braços, irritado consigo mesmo. Estava prestes a dar as costas, voltar para casa, e se tivesse sorte, conseguir ir até seu quarto sem ser notado, porém, o som que ouviu a poucos metros dali o fez parar imediatamente.

Ele se virou, encarando o breu à frente, e foi recebido com silêncio. Levantou uma das sobrancelhas, confuso. Pensou ter sido sua imaginação, mas logo o pensamento foi anulado, quando ouviu mais uma vez o som vir da mesma direção.

O som se assemelhava a soluços.

Tobirama permaneceu parado, pensando se deveria ou não seguir o som do choro, afinal, se alguém estava ali, era porque não queria ser visto. Ou talvez esteja machucado? Pensou Tobirama.

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