Capítulo Quatro

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Estava realmente frio naquele começo de manhã. A neve havia acumulado mais uma camada sobre o chão, e as árvores, dificultando a passagem pela floresta. Mas os passos mais lentos não eram um grande problema para Izuna ou Tobirama. Correr só alertaria a presença de ambos, e os shinobi à frente pareciam completamente alertas ao redor, obrigando Izuna a depender do Senju como guia mais uma vez. A distância que mantinham dos traidores era grande demais para que qualquer um pudesse rastreá-los, e com muito custo o Uchiha cedeu a liderança do caminho ao seu aliado temporário.

Izuna não gostava em nada da situação em que Madara o havia colocado. Dois dias antes de estar ao lado de Tobirama mais uma vez, ele havia recusado estar ali, porém, seu senso de obrigações o alertou de que não era hora de dar espaço para o orgulho. Ele sabia que por um lado, aquela situação havia sido criada por ele mesmo e o Senju que andava silenciosamente logo à sua frente, mas era difícil admitir que graças a ideia anterior de ambos, foram ajudados mais do que era o pretendido.

Os irmãos não foram flagrados ou confrontados como queriam, mas a ideia serviu para descobrirem que ao redor dos clãs existiam mais problemas do que imaginavam. Izuna não acreditou completamente por um momento, mas ao ver a expressão raivosa de Tobirama enquanto jogava a mesma culpa em cima do membro de seu próprio clã, ele ponderou. Nós nunca falamos um com outro com tanta frequência como agora, mas sinto que ele não mancharia o nome de seu clã apenas para me enganar. E assim como ele, eu vi ambos apertando as mãos, parecendo acostumados a fazer isso.

Ele odiava admitir, mas Tobirama estava certo em querer resolver tudo rapidamente. Porém, ainda não aceitava a decisão do irmão.

Nós poderíamos fazer isso separadamente, pensou Izuna enquanto encarava as costas de Tobirama. Você não concorda? Duvido muito que aceitou esta parceria com alegria.

Izuna imaginava se Tobirama havia questionado o irmão sobre sua decisão ou simplesmente seguiu suas ordens em silêncio. Aos olhos do Uchiha, o outro parecia ser silencioso e enigmático demais, porém, julgava pelo pouco que viu, enquanto se juntaram para procurar os irmãos, que o Senju era também uma pessoa teimosa e autoritária, o que despertou um pouco de sua curiosidade sobre quem realmente era Tobirama.

Espero que tenha lutado contra isso. Ficarei decepcionado se souber que se contenta em receber ordens de seu irmão sem dar uma opinião, Izuna se aprofundava cada vez mais em seus pensamentos. Isso faria de você completamente diferente do que achei. Bem, diferente de mim. Pois eu ao menos tentei, mesmo não tendo sucesso mais uma vez.

Quando Tobirama deixou Izuna para trás dias antes, ele não perdeu tempo parado e retornou para casa rapidamente. Madara não estava lá, mas o esperou, curioso com o que ouviria do irmão, se perguntando se o assunto sobre ter sentido sua presença no local onde esteve seria adicionado entre eles ou se o irmão finalmente seria sincero com ele, temendo que o mais novo tivesse o visto se encontrando com Hashirama.

Izuna pensou em todos os acontecimentos possíveis quando o irmão chegasse em casa, também montou frases e ensaiou seu discurso que aproveitaria muito bem o que havia descoberto naquela noite. A traição de seu primo era uma fatalidade, porém, serviria para reforçar ainda mais as palavras contra o clã Senju e seu líder.

Izuna preparou cada palavra e gesto, porém, nenhum deles chegou ao ouvido ou foi visto por Madara. O irmão de Izuna não retornou naquela noite, ao menos não até ele acabar adormecendo. O mais novo só pôde vê-lo no dia seguinte, quando fora acordado com urgência, e com a notícia que já sabia, porém resolveu ocultar tal fato, principalmente ao escutar a ideia absurda de Madara.

— Hashirama mandará alguém de sua confiança para cuidar dos Senju — avisou o líder dos Uchiha. — É bastante provável que seja Tobirama, então peço que se controle.

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