Passo número 1 - Respeito

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10 de janeiro de 2020

Eu tinha acabado de ser demitido, guardei meu último salário na carteira e andei em direção para um bar que havia na esquina buscando fazer o que qualquer um faria em meu lugar vendo sua própria vida cheia de fracassos desmoronando repentinamente.

- Boa noite, por favor uma dose de água tônica – fiz o pedido depois de entrar no bar e me sentar no balcão sem nem olhar para cara da atendente. Com tanta tristeza me destruindo por dentro nem me importei com a falta de educação, eu queria apenas beber e esquecer de tudo.

- Boa tarde, dia nada fácil né? - Ainda era tarde? O receio da vida me fez perder até a noção do tempo. Não me importei e respondi ignorante

- Cala boca, não quero papo. Quero só a porcaria da bebida. - Ela era bem paciente e educada, era o tipo de pessoa que não se abalava com os comentários tristes de pessoas acabada.

- entendo, não quer conversa sobre o dia. Água tônica não vai ajudar esquecer os problemas vou fazer uma vodca tônica.

- água tônica, vodca, tequila, tanto faz só traga logo. - Eu odiava cigarros, na verdade ainda odeio, só que neste dia eu comprei um março enquanto bebia a vodca tão rápido como se fosse água.

- mais uma por favor.

- mais uma por favor.

- mais uma por favor.

- mais uma por favor

- mais uma por favor – de tanto "mais uma por favor" fiquei bêbado bem rápido que a atendente não queria mais me vender. Foi quando eu vi meu março de cigarro no balcão ainda lacrado, eu o abri, peguei um cigarro, coloquei na boca e puxei pra dentro do pulmão e soltei lentamente com os olhos fechado mas ouvi que ela deu uma gargalhada, uma linda gargalhada, eu reparei que seu rosto era de uma linda garota mas me irritei ao saber que era de mim que estava rindo e perguntei.

- do que tá rindo garota? - parou de gargalhar e olhou em meus olhos respondeu com sarcasmo

- se você pretende fumar um cigarro você tem que acender não acha? - eu entendi o motivo dos risos, mas usei o máximo do meu cérebro e inventei uma desculpa fajuta

- é que eu não tenho esqueiro, se é que me entende – dei uma piscada no olho quando disse "entende" rsrs, pra surpresa de ninguém ela já sabia que era mentira foi generosa o bastante para segurar a vontade de rir.

- está tentando fumar pela primeira vez? - ao me fazer essa pergunta estava bem óbvio que eu não tinha noção do que eu tava fazendo. Depois disso conversamos bastante e não fazia ideia de que meu dia poderia terminar com uma coisa tão boa conhecendo uma pessoa tão gentil.

- qual seu nome? - conversamos muito que acabei me esquecendo de perguntar o nome dela.

- Julia meu nome, e o seu moço depressivo? - Em pouco tempo já ganhei um apelido "interno" talvez porque eu tenha contado um pouco do meu dia para ela

- Martin, me chamo Martin – respondi com vergonha, não muita vergonha, mas o suficiente pra sentir minha orelha esquentar dando uma sensação muito estranha mas o pior estava por vir e foi justamente quando ela disse

- Olha martin, eu preciso ir embora mas foi muito bom conversa com você espero que consiga ir pra casa sozinho. Você consegue né? - ela é uma garota preocupada com as pessoas nunca havia conversado comigo, mesmo assim foi paciente e ainda se preocupou comigo.

- Acho que consigo, mas se você ficar mais um pouquinho eu posso ter certeza – Nossa, sou um tremendo idiota olha a péssima frase que eu disse a ela o lado bom é que eu tinha a desculpa de culpar a bebida porém, mesmo com uma frase tão clichê apreciei o imenso sorriso bobo em seu rosto e depois foi embora, de todas as pessoas pra me atender, agradeço que neste dia foi justamente ela que me recebeu e jamais esqueceria daquele sorriso estampado em seu rosto que infelizmente foi apagado com um comentário repugnante

Cavalheirismo = EscravocetaOnde histórias criam vida. Descubra agora