I got a heart rush

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Não pela primeira vez – e provavelmente não pela última – Lily se arrependeu de todas as escolhas que fizera ao longo da vida e que a levaram àquele momento. Também não pela primeira vez – e com certeza não pela última – ela sabia que a culpa era de Sirius Black.

Na verdade, Lily tinha certeza de que noventa e nove por cento de todos os problemas que tivera em sua vida eram culpa de Sirius (o que por si só era um feito e tanto, afinal Lily vivera vinte e três anos sem nem saber da existência do rapaz e precisara de apenas dois míseros meses de convivência para chegar àquela conclusão).

E, embora ele reclamasse e ficasse ultrajado quando ela externava tais pensamentos, Lily não podia negar a realidade: Sirius Black fora, sem sombra de dúvidas, a pior coisa que acontecera em sua vida. O fato de se encontrar naquele exato momento deitada no chão do quarto, olhando para o teto enquanto lágrimas copiosas escorriam pelo seu rosto e soluços machucavam sua garganta era prova o suficiente disso.

Sem falar que, além do motivo supracitado, ela também desenvolvera um estudo chamado Sirius Black É A Pior Coisa Que Aconteceu Na Vida De Lily Evans™ que continha resumo (em dois idiomas!), sumário, objetivos, justificativa, introdução e um vasto amonte de referencial teórico em que ela baseava suas muito verdadeiras afirmações sobre o assunto, não deixando nenhum espaço para quaisquer tipos de refutação.

O estudo estava quase pronto para ser impresso, possuía alinhamento, margens e fontes de acordo com as as normas da ABNT.

E ela planejava encaderná-lo!

— Lily, me deixe entrar! — A voz de Sirius soou abafada através da porta trancada, interrompendo seus pensamentos e a fazendo gemer em frustração por conta da insistência.

Ele tentara forçar a maçaneta antes, mas ela fizera questão de dizer o que faria com partes muito importantes de sua anatomia caso ele continuasse com aquilo e o garoto, conhecendo-a bem o suficiente para saber que não estava brincando, decidira, então, tentar persuadi-la com palavras. O que obviamente não estava funcionando afinal cada vez que ela o ouvia, mais raiva sentia e, consequentemente, mais chorava e, pelo amor de Deus: Lily. Estava. Cansada. De. Chorar.

— Vá para o inferno! — Ela conseguiu grunhir entre soluços, a voz rouca devido ao choro.

— Mas, ruiva, eu já estou no inferno, agorinha mesmo, porque você não quer abrir a maldita porta para falar comigo. — Sirius respondeu quase imediatamente, o tom dramático fazendo-a arquejar em irritação. — Vamos lá, Lily, não seja tão cabeça dura, me deixe e-

— Não! Vá embora!

— Abra a porta!

— Nuh-uh.

— Lily, abra. A. Porta.

— Nope. — Ela respondeu, petulante, sabendo que estava agindo como se fosse uma criança de cinco anos ao invés de uma adulta de vinte e três, porque, aparentemente, aquele era um dos poderes que Sirius tinha sobre ela: destruir qualquer traço de maturidade que possuía. Sirius grunhiu em frustração diante da resposta e Lily pode imaginá-lo perfeitamente puxando os cabelos como fazia quando estava nervoso.

— Lily...

— Apenas... vá embora, Sirius.

— UGH! Tudo bem, então. Foda-se! Você quer agir como uma criança? Pois saiba que eu posso fazer isso também e ser pior do que você. — Ele retrucou, o tom de voz indicando que estava começando a ficar irritado também.

Certo, ela pensou ironicamente, porque é como se ele tivesse algum direito de estar irritado, hah.

Lily o ouviu se mover no corredor, se acomodando próximo à porta antes de começar a bater com os dedos contra a madeira, cantarolando no ritmo da batida. Ela fechou os olhos, soluçando mais um pouco enquanto tentava limpar as lágrimas que não paravam de escorrer. Argh, ela odiava chorar. Odiava sentir coisas. E odiava ainda mais o idiota que estava batucando contra sua porta como se o único motivo de sua existência fosse testar os limites da paciência dela.

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