Monólogo II - Chave

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provavelmente, essa vai ser a coisa mais brega que vc vai ler kk

a última frase foi a inspiração da fanart da capa 🥰

palavras: 778

por favor, dar uma ⭐, vlw!


Monólogo II - Chave

Quando te conheci, você ainda tinha cabelos castanhos. Uma criança linda de sorriso fácil, apesar de naquela época não olhar dessa forma.

Você sempre fez amigos fácil e minha mãe sempre me comparava contigo. Acho que você é o filho perfeito para ela, mas eu não quero discutir o fato de todo mundo da família Jeon te adorar.

Na verdade, ela gostava do jeito que você a chamava de "noona" e das vezes que você trazia presentes de aniversário. Você nunca a tratou como apenas uma babá, mas eu sempre a tratei como apenas uma mãe.

Meu erro foi ter te envolvido demais na minha família, porque desde os cinco anos nós convivemos juntos. Suas fotos estão em porta retratos pela minha casa e eu me reviro em ódio sempre que perguntam se você é meu irmão.

Treze anos é a idade mais ridícula da vida, pois não somos nem crianças nem adultos, e todas as burradas da nossa existência se aglomeram nesse meio tempo em que ainda não nos acostumamos a ser idiotas.

Naquela época eu não conseguia entender porque sempre pensava em você, porque de repente eu te procurava sempre que pisava no colégio, porque você sempre é a primeira coisa que eu pensava logo quando acordava. Por que o seu nome me tirava tanta atenção?

Fazia um tempo que isso me afligia, então depois da aula te convidei pra ir em casa jogar videogame. Eu não costumava dividir minhas coisas com ninguém, porém eu sempre fazia um esforço quando era você.

Meu pai não me buscava mais no colégio, caminhamos lado a lado o percurso inteiro para casa, e algo dentro de mim queria que eu segurasse a sua mão. Não sei porque, acho que isso é algo que aprendi nos filmes e gostaria de repetir com você.

Entretanto, nós somos meninos, e eu nunca havia visto meninos de mãos dados, em nenhum lugar, menos ainda em filmes. Por isso, achei que essa vontade que tinha era algo absurdo. Com esse pensamento, nunca tentei segurar sua mão. Me neguei isso várias e várias vezes.

Não sei que merda acontece quando crescemos, mas começamos a reparar em coisas que nunca ligamos antes, como nossa aparência. Você ainda não usava franja longa, seus cabelos curtos deixavam óbvias suas bochecha gordinhas, mas eu achava aquilo extremamente adorável apesar de você sempre odiá-las.

Cada vez que sorria eu me perguntava se você conseguia ver meu sorriso de volta, já que seus olhos sumiam toda vez que acontecia.

Jogamos a tarde toda e algo me fez perder a última partida apenas para não precisar ver o bico enorme que se formava toda vez que você perdia.

Eu sou um garoto competitivo, Jimin, você sabe, mas perder aquela partida foi o início das vezes em que não conseguir te negar algo.

Meu pai havia feito uma cópia da chave de casa para mim e em hipótese nenhuma podia perdê-la, sabendo do paranóico que sou, eu nunca a tirava das minhas mãos.

Acho que foi assim que tudo começou.

Não conseguia parar de pensar em seu nome e perder aquela partida pra te ver sorrir abriu um grande ponto de interrogação na minha cabeça. Acho que aquele dia foi quando comecei a fantasiar a namorada ideal, como meus colegas faziam.

Ela seria mais baixa que eu, porque por algum motivo aquilo parecia ser relevante, saberia cozinhar, assim teria assunto com minha mãe e viveria mexendo em seu cabelo.

Era engraçado pensar essas coisas, porque tudo isso era o que via em filmes, na realidade os casais são bem diferentes desse padrão, aliás, os meus próprios.

Então percebi que o mundo é uma bagunça, assim como as pessoas. Elas nunca são quem nós achamos que elas são e nem fazem o que esperamos que elas façam e tudo bem, porque essa é graça, não é? A diversidade, a singularidade, o único, faziam tudo que não tem fácil explicação, sentido.

Você fazia sentido, entende?

Por isso, parei de imaginar namoradas, não saia muito de casa mesmo, e as meninas do colégio não pareciam tão legais, mas você sempre foi interessante pra mim.

A primeira vez que fantasiei um beijo foi com você, e esse é um segredo que eu guardo a sete chaves.

Minhas mãos nervosas não conseguiam parar de mexer a chave entre meus dedos, seu nome vinha na minha mente em espiral.

Park Jimin.

Park Jimin.

Park Jimin.

Pode rir, Jimin, pois naquela noite eu gravei seu nome na cabeceira da minha cama usando aquela chave. E se eu soubesse que aquele objeto tinha o poder de gravar palavras no meu coração, eu nunca, nunca, teria posto o seu nome em mim. 

bad news, I probably die before I have you • JiKookOnde histórias criam vida. Descubra agora