Capítulo 3 - "Estamos quites agora?"

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Os dias passaram mais rápido do que imaginávamos, o fim de semana se aproximava e meu humor não poderia estar pior. Eu só acho que se a vida fosse mesmo justa, em vez de menstruar, as mulheres receberiam um simples email da Mãe Natureza todo mês dizendo "Você não está grávida. Tenha um bom dia", mas infelizmente isso nunca vai acontecer. Querer ficar deitada o dia inteiro é pedir demais?

— Bom dia flor do dia – Dan brinca ao ver minha feição irritada quando chego à cantina e jogo minha mochila na mesa.

— Mau dia! – saio para comprar algo para comer.

— Melhor a gente nem conversar hoje com ela, vocês já sabem o motivo – ouço a Mari avisar os outros na mesa e eu agradeço mentalmente por isso. Quando volto, vejo alguém sentado no meu lugar.

— O que você está fazendo no meu lugar, Pedro? – pergunto irritada.

— Ele tem seu nome por acaso? – ele me olha sem ter noção do perigo.

— Minha mochila está aí, é mais que o suficiente para indicar que eu estava aí. – cruzo meus braços e aperto meus punhos.

— Isso não é mais um problema então. – ele sorri ao tirar ela da mesa me fazendo ficar boquiaberta. Ouço as meninas murmurarem algo sobre ele estar morto. Sem pensar duas vezes, o empurro da cadeira com força até ele cair no chão, depois me sento e pego minha mochila.

— Qual é o seu problema? É só um lugar, Melissa! – ele levanta e me olha com o rosto vermelho.

— O problema é que você resolveu me irritar no dia errado.

— Então para você todo dia é um dia errado, porque você aparenta não ter a capacidade de ser educada e gentil. Você me julga tanto, mas fique sabendo que você não fica atrás. Aliás, eu nem sei como alguém consegue ficar com você. – cada palavra me atinge como um soco e mesmo que meus olhos tenham ficado marejados, eu não me permitiria chorar na sua frente.

— Não fale como se não tivesse ficado comigo. – ri sem humor não conseguindo falar mais que isso.

— Por causa de um jogo. Apenas. – ele me olha com um ar de desprezo e sai andando.

— Você tá bem? – as meninas me olham preocupadas e eu aceno com a cabeça. – Amiga, ignora o que ele falou, você sabe que não é verdade. – Mari mexe no meu cabelo tentando me acalmar.

— Eu sei. – fungo e respiro fundo. – Eu só vou dar uma volta antes de entrar. – pego minha mochila e me levanto forçando sorrisos.

— Mas e seu lanche? – a ruiva pergunta confusa porque eu o deixo na mesa.

— Pode ficar, eu não estou mais com fome.

Começo a vagar pelo colégio sem rumo chorando silenciosamente enquanto ouço um cover de Elastic Heart. Como alguém pode ser tão rude? Eu sei que não sou a pessoa mais fácil de lidar, mas ele não precisava ter falado daquela maneira. O sinal soa, indicando o início das aulas e eu corro assustada em direção a sala por ter perdido a noção do tempo e ter me atrasado. Por sorte a professora ainda estava na sala de professores quando eu cheguei.

— Por que seu rosto está vermelho? – Bea pergunta ao me ver.

— Eu estava correndo – o que em parte era verdade, mas não era o real motivo. – Alguém tem água?

— Se você encher, sim. – Mari me joga sua garrafinha amarela.

— Só vou porque estou com sede – pego a garrafinha e vou até os bebedouros cantando baixinho. Quando volto dou de cara com o Pedro, mas finjo que não o vi. Eu não vou deixar ele estragar meu dia. – Aqui está – sorri entregando para a Mari.

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⏰ Última atualização: Jul 16, 2018 ⏰

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Entre Pontos E Vírgulas (Melissa)Onde histórias criam vida. Descubra agora