prólogo

120 11 0
                                    



- Me diga mais uma vez o que viu.

- Eu estava brincando de me esconder com a minha irmã mais velha, ela sempre me achava. Estávamos felizes, jogos como esses sempre nos divertiam, até que ela me mandou procura-la. Eu corri por toda a floresta em busca dela, mas não a achei em lugar nenhum. Foi quando comecei a ficar com medo, estava escurecendo e eu não sabia como voltar para casa, gritei por ela, mas não tinha resposta nenhuma. Ouvi passos atrás de uma arvore e pensei que havia conseguido vencê-la, mas eu estava errado.

O homem arrumou os óculos e continuou olhando para o garotinho com uma certa curiosidade sobre a historia que estava contando.

- Ela não estava lá?

- Estava. Mas eu não a venci. – o pequeno garotinho começou a chorar, havia formado um nó em sua garganta que o impossibilitava de continuar a relatar o que tinha visto atrás daquela arvore.

- Respire fundo.

- Eu a encontrei, mas não por mérito meu, apenas porque a impossibilitaram de sair dali.

- Como assim? – o homem ofereceu um copo de água para a criança, que apenas balançou a cabeça a rejeitando.

- Minha irmã estava inconsciente no chão, seu rosto estava irreconhecível, mas eu sabia que era ela! Eu a chamei muito, mas...

- "Mas"?

- Mortos não falam, senhor. – o pequeno olhou para a vista de fora daquela casa onde se encontrava, a janela aberta dava toda a visão para a floresta, o possibilitando relembrar toda a cena do dia anterior.

- Havia mais alguém por perto?

- Meu tio apareceu segundos depois, todo ensanguentado. – o pequenino olhou para suas próprias mãos, como se conseguisse ver o sangue que cobriu elas antes. – Meus pais disseram que ele estava manchado com seu próprio sangue e com o dela.

- Como você se sente com isso?

- Eu estou bem, mas a minha irmã não... – ele se encolheu ainda mais no sofá – Vou sentir a falta dela.

- Pode ir garotinho. Vai ficar tudo bem, você vai vê-la novamente um dia.

O menino assentiu e caminhou para fora da sala de estar da pequena casa. O homem fechou a pasta com as informações dadas, um outro senhor entrou no local, esse já com um bastão de madeira coberto por pregos afiados.

- Qual a sua sentença?

- Warut é culpado das acusações, só havia ele no local do crime, fora ter o sangue da vitima em seu corpo. – o outro homem fechou os olhos e pareceu inconformado de ouvir aquelas palavras.

- E qual será a sua punição?

- Execução com participação de todos os membros da matilha!

- Por favor, não o execute! Ele é o meu irmão, não quero mata-lo.

- Ele matou sua filha! Não acha que esse monstro deve morrer.

- Sei o que ele fez, mas não posso acabar com o meu próprio sangue – o analista seguiu ate o pai do garotinho e depositou a mão em seu ombro.

- Você é o alfa dele, pode decidir seguir ou não minha orientação. – ele entregou a pasta para o líder da matilha do sul – Mas saiba que terá que lidar para sempre com a sua decisão, se ele não morrer hoje perante todos, não poderá mais ser morto. O ultimato é seu.

E com as palavras finais ele saiu da sala, deixando o pobre pai da vitima e irmão do acusado, sozinho para decidir. O que ele fizesse a seguir iria ser o marco perfeito para o futuro. 

two moons × bounpremOnde histórias criam vida. Descubra agora