two moons × bounprem

Prem

- Eu não acredito!

Kao olhava incrédulo sua nota de historia, um lindo e perfeito dez desenhado no rodapé da prova. Enquanto no meu, um humilhante cinco grifado de vermelho me lembrava de que minha mãe provavelmente tiraria minha liberdade por um mês.

- Como você colou?

- Não é obvio? – ele apontou para a carteira vazia em sua frente, a do nosso honorável amigo que cabulou as aulas do dia. – Olhei todas as respostas do Fluke.

- Seu corrupto!

- Sua inveja bate no meu dez e volta para seu cinco.

- Desgraçado! – o alarme soou encerrando as aulas do dia, só me restava recolher meus materiais e fugir logo desse lugar infernal. – Será que o Fluke também tirou dez? Se sim, acho que os professores vão saber que você colou dele.

- Provavelmente ele não tirou, porque eu mudei a alternativa de algumas questões para não ficar igual à dele.

- Então sua nota é pura sorte, foi nem resultado da cola.

Muitos alunos nos olhavam enquanto passávamos pelos corredores, inexplicável resultado de se andar com dois dançarinos prodígios que se tornaram populares ainda no jardim de infância. A verdade era que eu não tinha um talento excepcional como os dois, meu único dom, era se transformar em lobo em dias de lua cheia, embora ambos compartilhem isso comigo.

Sou filho do alfa da matilha do leste do país, uma celebridade para os licántropos daqui, para os seres humanos normais, sou o amigo do Kao e do Fluke. Nós três somos amigos desde o fundamental, Fluke eu conheci primeiro, é como um irmão mais novo, como ambos nascemos destinados a nos transformar sempre aprendemos juntos sobre o que erámos. Já Kao era um ser humano comum que nem imaginava a existência de lobisomens, até que em uma partida de vídeo game em minha primeira semana como lobisomem, eu me zanguei o suficiente e cai matando pra cima dele. Por sorte meus pais ouviram meu primeiro rosnado e intercederam por ele, mas não antes de tê-lo arranhado.

Pensei que aquele episódio o teria espantado e eu perderia um dos meus melhores amigos. Mas esse cabeça de vento achou tudo muito maneiro e hoje desfruta de todas as habilidades que ser um lobisomem o oferece.

- O que acha que o Fluke esta fazendo para não vir a aula?

- Bom, deve ser algo muito serio porque ele nunca falta.

- Prem. – ao longe um homem sussurrou meu nome, e por causa da nossa audição apurado, tanto eu quanto Kao escutamos.

- Quem aquele?

- Não faço ideia. – o homem continuou parado na sombra da árvore, apenas nos observando.

- Mas ele parece te conhecer.

- Vou saber quem ele é.

- Quer que eu vá com você?

- Não precisa.

Caminhei para fora dos corredores, atravessando o pátio cercado por grama baixa e me aproximei de quem antes me chamara. Provavelmente era alguém que conhecia minha verdadeira vida, para saber que com um sussurro eu o escutaria.

- Olá, estava me chamando?

- Como cresceu, está maior que o seu pai. – o homem sorriu, fazendo com me desse um arrepio na espinha.

- Você sabe meu nome, conhece o meu pai, mas eu nunca lhe vi. Quem é você?

- Bom, vou responder sua pergunta com uma pequena historia. – ele enfiou as duas mãos no bolso, e me olhou nos olhos. – Eu sou metade lobo, minha família era meu mundo, morreria pela minha matilha, mas em um dia ensolarado eu vi os gritos de agonia da minha sobrinha e corri para salva-la, mas cheguei tarde demais, meu sobrinho me acusou de tê-la matado, meu irmão me humilhou diante todos e me exilou a viver com vergonha do que eu nunca havia feito.