Sua vida se encontrava de cabeça pra baixo desde que sua mãe resolveu te dar para o pai. Agora você tem que lidar não só com uma madrasta que a odeia, como também os problemas do passando que você sempre deixou por baixo dos panos. E tudo isso tenta...
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Olho neutra para a minha mãe que estava pousada em frente a porta do meu pai, enquanto esperava alguém nos atender.
Pai. Fazia tempo que não o via. Me pergunto se ele ficará surpreso em me ver.
Claro que sim, fazem dez anos afinal. Aperto a campainha novamente, escutando um breve "Já vai!", que parecia ter vindo de uma mulher.
A mulher dele.
Sinto que as coisas não irão ficar nada bem.
Mamãe uma vez me disse que eu fui feita em um deslize, ela não sabia que ele era casado e os dois estavam bêbados — talvez ele mais que ela.
Ele não pôde me criar, tendo outra família para auxiliar, eu não era de fato importante; ainda mais sendo fruto de uma traição.
Eu nunca consegui perguntar pra ele o porquê dele ter traído sua esposa, mas acho que ele realmente não fez isso intencionalmente.
Prefiro acreditar que sim.
— Pois não? — A porta se abriu, mostrando uma mulher que parecia ter algo próximo aos trinta. Estrutura mediana e traços suaves, seus cabelos castanhos escuros estavam presos em um rabo-de-cavalo frouxo. Ela usava um um vestido soltinho com um avental amarrado em sua cintura, usava sapatilhas pretas e baixas, sem detalhes.
Ela é linda.
— Preciso falar com o Nagisa. — Mamãe falou como sempre, fria e direta. Era algo que realmente me incomodava, mamãe era uma mulher linda, mas seu jeito rude não era compensado pela sua beleza, ela é alguém podre, e não se importa de pisar em pessoas caso precise.
— Ele está ocupado, então por favor, converse comigo. — A mulher respondeu, tendo seu sorriso desmanchado, usando um tom falsamente simpático.
Recuo alguns passos para trás, tentando me afastar dela.
Era como se tivesse se transformado, não tendo mais aquela imagem calorosa de segundos atrás.
— Eu já disse, preciso falar com o Nagisa.
— Mãe… nós realmente não podemos falar com ela? — Minha voz entoa tímida e quase fraquejei tendo o olhar das duas em mim.
A esposa do meu pai me analisa e consigo ver seu rosto se fechar cada vez mais, me fazendo engolir em seco, temendo o pior. Sei que ela percebeu, eu não parecia muito com a mamãe, mas ela sempre dizia que eu parecia com aquele cara. Ela percebeu quem eu era, e observando esse semblante, sei que não gostou nem um pouco de mim, mas eu não me importava, ruim seria se ela tentasse algo contra mim, aí seria diferente, mas acho que mulheres maduras não brincam de Meninas malvadas.
— O que você quer? — A mulher mordeu seus lábios para controlar a raiva.
— Eu já disse, quer que eu repita novamente? Tem algum problema de memória querida? — Mamãe sorriu falsa.
