Discussão

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Após o baile de formatura de Agatha, Kelly e Hanzo tiveram uma discussão no caminho. Estavam passando por uma crise no casamento onde o mesmo já estava desgastado.

Talvez pelo excesso de trabalho dos dois, talvez por não terem muito mais em comum para compartilhar, talvez por não saberem mais lidar com o estresse ou talvez porque não fazia mais sentido continuarem ali juntos.

Agatha agora era uma jovem de dezesseis anos. Inteligentíssima como a mãe, ponderada, independente e forte tanto emocionalmente quanto fisicamente. Afinal, foi treinada pelo padrasto. Onde absorveu todo conhecimento, técnica e táticas de luta.

Entretanto, a discussão continuou até o caminho de casa e Agatha cansada dessa situação vexatória. Decidiu intervir.

- Calem a boca, inferno! Dá para os dois pararem? Estou cansada disso já, nem depois do meu baile de formatura os dois imbecis dão uma trégua. Quase todo dia isso! Sempre a mesma coisa, sempre o mesmo motivo. Só querem saber de olharem para o próprio umbigo, mas esquecem das pessoas ao redor. Nunca pararam para pensar que isso me afeta também? - Agatha gritou, enquanto gesticulava energicamente com as mãos.

- Escute aqui, jovem. Pensa que é quem para falar assim comigo? Acha que tem alguma autoridade para dizer o que devo ou não fazer? Não é porque sempre fiz de tudo por você e até mesmo lhe ensinei a se defender que pode fazer e falar o que quer para mim, não! - Hanzo  mostrou descontentamento.

- Mais uma vez: CALE A SUA BOCA! Grande coisa o que fez por mim. Sabe? Do mesmo modo que não sou nada para dizer a você o que fazer ou não fazer. Você também não é nada meu. Não ia falar, só que não aguento. VOCÊ NÃO É MEU PAI! - Agatha bufou, não conseguia esconder a raiva que sentia.

- Pronto, está contente, Hanzo? Você conseguiu o que queria. Quer saber? Hoje mesmo vou pegar minhas coisas e as coisas de MINHA FILHA e ir embora. Vou para a casa que era de minha mãe, lá eu terei paz e outra coisa: NÃO VENHA ATRÁS DE MIM. Sabe que eu posso monitorar todos os seus passos e foder com a sua vida se eu quiser! Ah, a propósito: já tenho uma advogada e ela está cuidando dos papéis do divórcio. Não preciso que você assine até porque não é mais necessário a assinatura do marido. - Kelly mostrou toda sua ira e autoridade.

- Tudo bem, Kelly. Se é isso que você quer, vá fundo. Não oferecerei resistência para assinar esses malditos papéis.

- Ótimo, pelo menos em alguma coisa estamos quites. E outra coisa: nunca mais fale com a minha filha da forma como você falou hoje. Entendeu bem?! Aliás, deixe eu ir atrás dessa menina. Não vamos ficar aqui. - Kelly retirou-se pisando duro.

Ela subiu para o quarto da filha para ver se ela tinha arrumado algumas coisas suas. Não queria mais ficar ali nenhum minuto.

- Agatha, arrumou suas coisas? Vamos logo antes que comece a chover e você sabe que eu não gosto de pegar estrada com a pista encharcada. Ei... está tudo bem com você? - Kelly aproximou-se devagar da filha que estava deitada encolhida na cama.

- Não, mãe. Não está! O que era para ser um dia lindo e memorável, vocês estragaram. Por que, heim?! - Agatha não escondeu o rosto de quem havia chorado muito.

- Ah... me perdoe, filha. Eu sei que você não tem nada a ver com isso. Me desculpe tê-la colocado nessa discussão. Desculpe ter estragado seu dia. - Sua mãe estava chateada.

Kelly deitou-se na cama de Agatha e a abraçou com o carinho e ternura de uma mãe que está sempre  disposta a proteger e consolar uma filha em seus momentos tristes. Ali ela ficou até que Agatha pudesse se recompor.

- Está mais calma? Podemos ir?

- Um pouco... Mãe, não me leve a mal, mas não quero ir com você para a casa de minha avó. Nem quero ficar aqui com aquele demônio que nem meu pai é.

- Espere, se não quer ir comigo para lá e nem ficar aqui. Nem quero que fique mesmo. Vai para onde então?- Kelly perguntou, sem entender.

- Vou para onde sempre cresci indo e sempre amei ir, para a casa de Luna. Falei com ela que já está sabendo de tudo e disse que posso ficar lá o tempo que eu quiser e precisar. Por favor... Não se chateie comigo. Eu amo você, mas quero ficar em outro lugar. Outro ambiente.

- Agatha... Você vai os incomodar. Eles têm a vida deles e não acho certo os colocarem nessa briga toda, já passaram por cada uma.

- Mãe, isso foi há dez anos. Pelo amor! Luna disse que posso ficar lá. Quer que eu ligue, você pergunta e fale com ela? - Agatha respondeu, mostrando reprovação para a mãe.

- Não, não precisa ligar. Porém, tem que me prometer uma coisa: vai somente ficar lá na casa dela, não sairá para nada que não for necessário e ajudará com as tarefas da casa deles. Compreendido?

- Mãe, tenho dezesseis anos. Pare de me tratar como criança! Até sei porque você fala isso, pois vive rastreando meus passos e tudo que faço. Você quer me proteger, mas acaba sendo muito paranoica. Se continuar assim, vou jogar meu smartphone no lixo!- Agatha ameaçou jogar o celular longe.

- Certo, você tem razão. Desculpe. - Kelly virou-se, retratando-se com Agatha.

 

- Desculpe atrapalhar vocês duas, só que a carona de Agatha chegou. A propósito, ouvi tudo que disseram a meu respeito - Hanzo falou, desconcertado.

As duas deram de ombros para ele e desceram as escadas. Kelly acompanhou a filha até o carro de Luna.

- Luna, realmente não vai atrapalhar vocês? É que tive outra discussão com Hanzo e acabei até por estragar o dia do baile de minha filha.

- Fique tranquila, essas coisas acontecem, Kelly. Kuai e eu de vez em quando temos umas discussões também. Não atrapalhará em nada, você sabe que sempre foram muito bem vindos em casa. Sinto muito pelo baile de Agatha. - Luna respondeu, despreocupando Kelly.

- Muito obrigada pela ajuda. Saiba que além de amiga, você sempre foi uma grande irmã para mim. Mande um abraço para Kuai. Sei que Agatha estará em boas mãos com vocês. Agora vão, não quero que Hanzo venha nos atrapalhar.

- Kelly, entendo que vocês dois estão muito estressados. No entanto, não faça nada sem pensar,  impulsos não nos fazem bem. Deixe que ele venha e se despeça de Agatha. Entendo a mágoa dela e sei que ela não quis tê-lo ofendido e dito que não o considera pai. Ela me contou tudo nas mensagens, disse que ficou arrasada por ter falado aquelas coisas. Deixe-o vir aqui antes que comece a chover e você também não gosta de dirigir na chuva a noite.

Kelly concordou com Luna e se afastou do carro da amiga indo em direção ao seu que estava na garagem. Hanzo esperou que sua esposa entrasse e saísse com o carro para então poder se despedir de Agatha.

Ele sempre foi um homem extremamente forte e rude, só que naquele momento não pode esconder a fraqueza. Não falou nada, mas seus olhos mostravam que havia perdido uma família e agora outra.

- Agatha, desculpe por hoje. Desculpe pela maneira como falei com você. Fique bem e não precisa me ligar se não quiser. Bem, você está em boas mãos até porque sabe se defender sozinha e também tem um tio que a defende com unhas e dentes. Mesmo assim, se algo acontecer com você e com sua mãe. Jamais me perdoarei...

Sua enteada não ofereceu resistência e deixou que seu padrasto a abraçasse, não queria ficar brigada com ele. Mesmo que não compartilhassem o mesmo sangue, o amava como um verdadeiro pai.

Luna saiu com o carro, enquanto Agatha acompanhava tudo pelo retrovisor. Era nítido o descontentamento da menina. Para amenizar um pouco a situação até que pudessem chegar ao destino. Luna colocou a música preferida das duas e foi conversando com Agatha durante todo o percurso.

Ao chegarem em casa, Luna e Agatha foram muito bem recebidas por Kuai. Ele deu um beijo na esposa e um abraço apertado em sua sobrinha de consideração. Agatha foi para a sala assistir alguma série na TV junto dos seus tios para que pudessem se distrair do dia ruim. O ambiente de lá era muito acolhedor.

Scorpion: No limite (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora