A volta de Scorpion

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Semanas se passaram após o acidente de Kelly. Seu estado ainda era muito delicado, sofreu duas paradas cardíacas e uma hemorragia interna. Os médicos tentaram contato com o esposo da mesma, mas dificilmente ele atendia as ligações. Então, acabavam por ligar para Agatha que ficou responsável pelas informações do quadro de saúde da mãe.

Hanzo também estava sumido há semanas. Desde o último diálogo com Kuai, não fora mais visto. Era difícil para ele assimilar e aceitar tudo que aconteceu. O sentimento de culpa era muito grande, nada o livrava disso.

Ele também pressentiu algo, porém preferiu não dar atenção. Achava que estava ficando louco e paranoico. Decidiu sair de seu inferno e voltar para casa. O que ele não sabia é que estava sendo observado. Ao voltar, esqueceu-se de fechar o portal corretamente permitindo que outros também o atravessassem.

Quem era essa pessoa? Ninguém mais, ninguém menos que seu manipulador rival: Quan Chi, ele armou tudo. Desde a discussão até o acidente de Kelly. A vida da esposa estava nas mãos do feiticeiro.

Quan Chi não estava sozinho. Shang Tsung também estava junto nesse plano diabólico. Não aceitaram perder o último Mortal Kombat.

Então, iriam tornar tudo mais difícil para Scorpion e todos a sua volta. Ainda mais que Scorpion e Sub Zero conseguiram quebrar a maldição da inimizade. Poderiam até tê-los vencido, mas não ficou por isso mesmo.

Agatha estava visivelmente abalada, nem se alimentar direito estava se alimentando.

- Certeza que você não quer comer nada? O almoço está pronto, fiz até seu prato preferido: ravióli de quatro queijos com molho branco. - Kuai ofereceu a comida, preocupado com a apatia de Agatha.

- Não, obrigada. Não estou com fome, me contento apenas com o suco. Acho que vou voltar e me deitar. Não se preocupe comigo, pode voltar ao seu trabalho. Não sairei daqui. - Agatha estava cabisbaixa.

- Agatha, entendo a sua situação, mas se não se alimentar nem que seja um pouco. Você também acabará precisando de um médico. Vai ficar doente! - Kuai falou, veemente.

A garota olhou de soslaio para seu tio. Mesmo sem apetite, decidiu comer um pouco apenas para que Kuai não ficasse mais apreensivo e pudesse voltar mais tranquilo ao trabalho. Realmente o prato estava muito bom, há muito tempo que ela não comia uma refeição como aquela.

Era visível a tristeza de Agatha, pois ver os pais passando por uma crise no casamento, a mãe internada em estado gravíssimo e o pai de consideração sumido. Dificilmente conseguiria manter-se focada.

- Terminei, obrigada pelo almoço. Estava muito bom, só que agora vou voltar e me deitar. Com licença. - Agatha retirou-se.

Kuai suspirou, não sabia mais o que fazer. Agatha o deixava extremamente preocupado. Foi então que decidiu ir novamente a casa de Kelly para ver se encontrava Hanzo por lá. Essa situação não poderia ficar da forma como estava.

Ao chegar, viu que a porta estava entreaberta e entrou. Hanzo pensando tratar-se de uma invasão ou um roubo, lançou sua corrente em direção a Kuai que desviou.

Scorpion estava completamente fora de si em seu estado de espectro, travando então uma luta contra Kuai. Ambos não estavam mais no auge de seus poderes e habilidades, mas ainda conseguiam fazer uma boa luta.

Ouviu-se estilhaços de vidros, móveis sendo arremessados, clarões de energia entre gelo versus fogo. Gritos e mais gritos de dois guerreiros combatendo entre si. Kuai pedia para que Hanzo parasse de atacar. Ele não ouvia, pois estava na mais pura forma de Scorpion: espectro indomável. Sub zero então continuou desviando e se defendendo dos golpes.

Até que Agatha voltou a casa da mãe para buscar umas coisas que o médico havia pedido. Ao entrar, deparou-se com aquela cena de luta brutal, estava tudo horrível.

Ela ficou paralisada, mas lembrou-se de uma fala que Hanzo disse quando era criança: ''Enfrente seus medos mesmo que os paralisem. Aja, antes que te peguem e preste atenção ao seu redor. LUTE, NÃO SEJA COVARDE!''

Ao lembrar-se dessas palavras. Imediatamente soltou um grito enquanto lançou uma bola de fogo com as mãos em direção onde ambos estavam lutando. Hanzo e Kuai viraram-se em direção a Agatha.

Hanzo imediatamente correu em direção a filha pedindo perdão por tudo que aconteceu. Agatha abriu os braços e permitiu que seu pai a abraçasse forte.

- Você veio! Me perdoe por ter desaparecido por essas semanas. Eu precisava... Sinto muito pelo que aconteceu com sua mãe, foi tudo culpa minha. Não quis abandoná-las... - Hanzo falou, com voz embargada.

- Eu vim, porque preciso pegar umas coisas e levar para o hospital. Ela ainda não está bem. Outra coisa: eu senti muito por você ter sumido, estou extremamente magoada. Por que faz essas coisas? Olha a destruição que ficou essa casa. Olhe o que você fez com Kuai. Olhe para você! - Agatha rebateu.

Hanzo olhou ao redor sentindo-se envergonhado pelo que fez. Pior foi quando olhou para Kuai e viu que estava com o braço ferido e sangrando.

- Cacete! Me permita ver seu ferimento. Eu não tive a intenção, achei que minha casa estava sendo invadida por ladrões e então comecei o combate.

- Hanzo, poderia até desculpá-lo, mas isso foi longe demais! No passado fui eu quem não estava bem. Entretanto, você está muito pior, precisa voltar a conter esse fogo. Se não fosse por Agatha ter lançado aquela magia em nossa direção, teríamos nos matado aqui! - Kuai estava pasmo.

- Agatha, pude ver que realmente aprendeu tudo que lhe ensinei. Só não faça isso de novo, pode ser perigoso. - Hanzo a advertiu.

- Perigoso era o que você estava fazendo, irresponsável! Agora vai ficar aí me atrapalhando ou vai me deixar passar? Ao contrário de você, estou correndo atrás das coisas de minha mãe. Pelo menos me importo com ela.

- Concordo com Agatha. Acho melhor deixá-la passar e ir resolver as coisas de Kelly. Não se preocupe com meu ferimento, vou fazer uma compressa e está tudo bem. Aliás, preciso ir, tenho que voltar ao trabalho antes que Luna comece a me ligar preocupada. Vejo que não sou mais necessário aqui. Vá tomar um banho e colocar essa cabeça no lugar. - Kuai concluiu.

Ao olhar-se no espelho, Hanzo percebeu o quão horrível estava. Não podia permitir que seu demônio interior tomasse conta de seu exterior. Mesmo em sua forma humana, o que foi no passado jamais seria apagado. Pode apenas ser contido, mas não extinto.

Hanzo teve um insight: a crise de seu casamento possivelmente estava acontecendo devido ao seu fogo interior e seu demônio estarem querendo tomar conta. Por um momento teve medo de perder sua segunda família.

Depois de muitos anos, seu trauma com a morte da sua primeira família começou a dar as caras. Não poderia permitir que isso acontecesse. Decidiu agir nem que para isso fosse necessário chegar ao seu limite. Por um momento ele teve um péssimo pressentimento: sentiu que o plano terreno poderia voltar a ser atacado.


Scorpions - Walking on The Edge

Scorpion: No limite (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora