1001 formas de amar | Nosh

É como se ela nunca tivesse existido

Point of view Joshua Beauchamp

Hoje faz 3 anos que não vejo Sina, minha irmã mais velha nos abandonou para fugir com outra mulher que ela chama de namorada. Assim que fez 18 anos ela deu a notícia para nossa família e fugiu. Aqui em casa é como se ela nunca tivesse existido, não falam dela, o quarto dela está em branco, tiraram todas as fotos em família que ela aparecia, não restou nada dela aqui. Em todos os lugares que vamos, meus pais me apresentam como filho único. Confesso que sinto falta dela, ela era meu alicerce, e sempre me ajudava em momentos difíceis, me animava com o seu jeito doce. Faz 3 anos que não falo com ela, não faço a menor ideia se ela está bem ou até se ainda está viva.

Flashback:

3 anos atras - São Francisco
Josh: 15 anos.

—Eu tenho uma coisa para contar para vocês.—Sina chega na cozinha durante o jantar de mãos entrelaçadas com uma garota de olhos puxados e bem baixinha.—Essa é a Heyoon, minha namorada e eu sou lésbica.

Todos na mesa pararam de comer, ficamos em um momento de choque, ninguém falava nada.

Passou alguns segundos que mais pareceram uma eternidade, minha mãe começou a chorar.

—Isso não pode ser verdade. Quem passou isso para você Sina?—Minha mãe perguntou chacoalhando minha irmã pelos ombros.

—Essa brincadeira não tem graça Sina! PARA!—Meu pai gritou.

—Não é brincadeira, eu amo a Heyoon e ela me ama.

—Não, não criei minha filha para se perder nessa sujeira. Você não é uma menina macho, Sina.

—Eu sou lésbica e nasci assim, não sou uma menina macho, ainda sou uma mulher.

—Você não nasceu assim! Ninguém nasce assim.—Minha mãe falou com a voz embargada pelo choro.

—Preferia que vocês fosse prostituta do que lésbica.—Fez cara de nojo ao falar "lésbica".—Eu estaria com menos nojo de você agora, você se tornou suja. Sua mãe está chorando, sua mãe está sofrendo e a culpa é sua! Estamos morrendo de vergonha de você.

E pela primeira vez em muito tempo eu vi minha irmã chorar, ela era uma garota tão forte, sempre via ela com os olhos inchados e vermelhos, mas nunca a vi chorar.

A tal Heyoon abraçou minha irmã e murmurava "vai ficar tudo bem, nosso amor sempre vai vencer o preconceito."

—Sai de perto da minha filha!—Meu pai puxou a Heyoon pelo braço, fazendo a menina quase cair no chão.—Foi você que passou isso pra minha filha! Foi você que a colocou no mundo do pecado. Ela não era assim.

Agora todos na sala estavam chorando, inclusive eu. Não conseguia falar nada, ainda estava em choque.

—Peça perdão!

—Nunca irei pedir pedir perdão por me apaixonar.—Gritou.

Depois disso sai da cozinha. Corri para o jardim, pois não conseguia mais ficar lá no meio da briga. Estava me sentindo mal.

Não conseguia acreditar que minha irmã mais velha está nos abandonando, a pessoa que eu mais amo estava me abandonando.

Fiquei sentado no jardim por algum tempo, eu ainda estava chorando e nem conseguia explicar o por que.

Senti minha irmã me abraçar por trás.

—Maninho, eu te amo tanto. Espero que você consiga me entender, eu não posso controlar por quem eu me apaixono.—Comecei a chorar ainda mais. Ela também estava chorando e eu sentia sua bochecha molhada no meu pescoço.